sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Fui roubada!!!

Pois é assim mesmo! Fui mesmo roubada!!!! Porque não é só a quem assalta pessoas e habitações, ou tira artigos do supermercado, que podemos acusar de que praticou roubo. Eu vou contar: - como é habitual ao fim do dia, o meu marido enquanto aguarda pelo jantar, vai abrir o computador para ver o correio. Neste dia, que não interessa a exatidão da data, algo o surpreendeu. Entusiasmado chamou-me com insistência, para que eu visse o que um amigo lhe tinha mandado. Fui ver, e de que se tratava afinal ? Dum video sobre Montemor-o-Velho.
Eu não contive o meu espanto, mas pela inversa, pela negativa. E porquê? Porque o que ali estava na minha frente era um conjunto de dezasseis fotografias da minha autoria. Sim, da minha autoria, e que eu havia colocado no meu blogue alguns meses antes. Fotografias realizadas há cinquenta anos atrás, com uma máquina que ainda guardo por estima, e, facto curioso, o fotografo que as revelou é daqui da Figueira, e ainda está vivo.

( No ano passado deu-me para recordar, e abri os albuns que guardam recordações de Montemor, eu não tenho só estas fotos, tenho mais, mas decidi colocar apenas estas no meu blogue, acompanhadas dumas palavras algo elucidativas, pois todas elas representam um passado já distante.Recebi comentários e emails  sobretudo do Brasil, que me agradaram imenso, e depois naturalmente esqueci o assunto.)

Voltando ao caso,esta criatura nem se deu ao trabalho de alterar a sequência das fotos, foi rapinar do blogue e proceder à obra, como se aquilo fosse tudo dele. Passada a surpresa, decidi identificar esta pessoa que até colocou o seu nome no referido video. O nome  e também o pseudónimo. De posse do seu endereço, decidi escrever-lhe. Como na altura não me sentia bem de saúde, encarreguei a minha filha (que até é advogada mas que sabe muito destas coisas por trabalhar na área criativa e na internet e precisar de proteger o que faz) de o fazer. Ela informou-o de que estas utilizações carecem da autorização do proprietário da coisa, mas que eu não me importava desde que ele colocasse lá o meu nome, pois as fotos têm dona, sou eu ,a autora. Respondeu impante, como se tivesse feito um ação muito bonita, e ainda impôs condições, ficando à espera delas, para depois, então, pôr o nome...!É preciso ser-se muito medíocre, muito pouco gente, para falar assim.

Contudo as fotos são minhas, estão registadas, são património exclusivamente meu. Fui roubada, e sem direito a receber desculpas, esta é a verdade nua e crua."Porque quem não tem vergonha, todo o mundo é seu." ainda não tomei medidas, mas já sei como proceder e irei fazê-lo. Isto não é correcto.


Eis os links para algumas delas caso queiram espreitar:
http://www.rendadebirras.blogspot.pt/2011/08/montermor-o-velho-na-decada-de-50-7.html
http://www.rendadebirras.blogspot.pt/2011/08/montermor-o-velho-na-decada-de-50-3.html

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ainda acerca do cão de Beja

Muita gente já falou do cão. O pitbul que causou a morte a uma criança. Já ouvi tantas opiniões acerca desta tragédia, que decidi também escrever qualquer coisa.
Só que eu volto sempre atrás. Antigamente poucas pessoas tinham um cão de estimação. Nessa altura alguns lavradores tinham um cão para guarda. Não era de raça especial, era um simples cão, este que estacionava a maior parte do tempo no páteo, cuja saída era um portão largo para acesso do carro de bois, e que permanecia fechado, porque o cão apesar de rafeiro também podia morder. E neste caso de que eu falo mordeu mesmo. Um breve descuido, portão entreaberto, e aí vai o cão que nem flecha ferrar numa criança que passava em frente, levando uma pequena cêsta à cabeça com umas folhas verdes para os coelhos. A criança gritou, caiu para um lado, cesta para o outro, e lá vem a dona do Tico aflita acudir e prender o cão; e imediatamente providenciar o curativo do ferimento na perna, resultante da dentada. E qual foi o tratamento? - Como era usual naqueles tempos, "curava-se a ferida feita pelo cão, com o pêlo do mesmo cão". Assim, foi buscar uma tesoura cortou um bocado de pêlo ao Tico, ferveu- o num pouco de azeite e depois de arrefecido aplicou, cobriu com uma ligadura de pano branco, e repetiu o tratamento diáriamente até á cicatrização total. A criança em causa era a minha mãe, que nunca se esqueceu do Tico, nem do que é uma dentada dum cão.

Vem isto a propósito do facto, de que todo o cão pode morder, quer se trate dum animal de pura raça, apontado como perigoso, como até dum vulgar rafeiro aparentemente inofensivo.

Actualmente tornou-se moda ter um cão, de preferência grande, e melhor se for de raça. Pois é, nós olhamos e achamos que o animal é bonito, e o dono gosta do reparo. Mas ter um cão abarca um conjunto de responsabilidades, e não só... um cão é um ser vivo, tem de receber carinho, ser ensinado, e tudo isso requer tempo, paciência, jeito e dedicação. Ter um cão não é só dar alimento e banho, é muito mais. Por isso é que assistimos à vergonha de haver cada vez mais cães abandonados, sobretudo nos meses de férias. Quem abandona um cão não tem sentimentos suficientes para o adquirir. Só tem capacidade monetária, mas dedicação não tem, e devia ser punído pela má ação do abandono que pratíca de animo leve.
Este caso do Zico talvez não esteja isento dos tais pormenores em falta, nomeadamente os carinhos, os ensinamentos, os cuidados. Depois se repararmos ninguém viu o que se passou. Diz-se que estavam ás escuras;- mas então que local é aquele onde estava uma criança pequenina sósinha, e um cão de sangue quente? E o que terá acontecido para o cão atacar,uma vez que era um cão que convivia há anos com a familia?! Coitado também dele, pois como ouço muitas vezes dizer "só lhe falta o falar, " e aqui era importante que falásse. Mas como não fala, e tem a infelicidade de ser arraçado de pitbul...
Se pensarmos com calma vamos reparar que o cão NÃO sabia que ia matar o menino! Mas mordeu (segundo dizem) e foi fatal. Todos lamentamos de todo o coração. Mas, e quando uma criança é atropelada mortalmente, o automobilista também incorre na pena de morte?- Claro que não! Mesmo que se confirme que está alcoolisado... Um humano que sabe o que faz porque é racional, tem atenuantes até em crimes monstruosos... Um animal cujo discernimento fica aquem, e não tem mesmo paralelo com  o pensar do homem, não merece compaixão.
Que paradoxo, apesar de estarmos em 2013.
Mas matar o cão já não tráz a vida à criança, nem diminui a mágoa aos familiares.

Tudo isto é muito triste e complexo, talvez prefira aceitar este drama como inevitável, e de ser este o destino marcado, sei lá... E dar como certa aquela frase muito conhecida e acreditada por muitos, que diz assim: - " Onde tiveres de ir, não podes fugir ! "

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Eu não gastei a mais...

Diz-se que Ano Novo vida nova... Pouco antes das badaladas da meia noite que inutilizam o ano velho, é costume deitar fora alguns utensilios já sem préstimo. Em geral são pratos de loiça que ao quebrar fazem barulho, a ajuntar ao ruído da habitual algazarra que se produz entre os que aguardam a entrada do Novo Ano, animados e esperançados. Recordo que numa vez em que fomos convidados para a passagem de ano em casa duma familia amiga, também corri escada abaixo com o prato na mão (que lá recebi) e fiz como todos fizeram, cácos e barulho. Entusiasmei-me e gostei, e nunca vou esquecer; até porque se tornou impossivel (infelismente) uma repetição daquela festa familiar.

Mas o Ano Novo já entrou em funções, e apesar dos adreços que lhe colocamos, nomeadamente de bom e mais coisas do género, a verdade é que ao ano pouco lhe cabe fazer; no entanto nós atiramos-lhe sempre com as culpas...Olhando para trás e usando de sinceridade, devo dizer que o 2012 não me deixou recordações tristes. Deixou-me sim como herança preocupações (de que ele não tem culpa) que se tornaram no pão nosso de cada dia, não só para mim mas para muitos portugueses.
Apesar das noticias e debates mostrados na T.V. serem uma séca, eu continuo a ver e a ouvir também na rádio. E por vezes até fálo alto sózinha. Hoje voltei a ouvir por mais do que uma vez aquela frase que já vem do ano passado, e que já deve estar gasta de tão repetida ser. Sabem qual é? Que Andámos a Gastar Acima das Nossas Possibilidades...... Eu gostava de saber quem foi o inventor desta afirmação, que atiram constantemente para cima de todos os portugueses. Mais, tomaram o facto como inevitável, e naturalmente aceitável. Mas é muito enternecedor que a pessoa em questão (que deve ser da alta) se coloque assim ao lado dos pobretanas dizendo andámos... Não quer assumir, e por isso usa o plural e alia-se ao Zé Povinho; que sensibilidade tão marcante... Mas percebo, não teve peito para dizer: - eu gastei a mais. Eu recebi a mais. O Governo meteu-se em cavalarias altas e gastou a mais. E mais coisas que toda a gente sabe...

Mas o que eu também sei, e sei de cór e salteado, é que nem eu nem o meu marido nunca gastámos acima das nossas possibilidades. E também nunca prejudicámos o Estado. Nem a Segurança Social. Talvez por isso chegámos a velhos sem enriquecer, mas cada um é para o que nasce, diziam os antigos, e nós descendemos deles nos hábitos e deveres.

Não me venham para cá com essa frase que eu já sinto asquerosa, que eu não a admito em relação a nós.