terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Boas Festas !

Natal

Numas palhinhas deitado,
Abrindo os olhos à luz,
Loiro, gordinho, rosado,
Nasce o Menino Jesus.

Uma vaquinha bafeja
Seu lindo corpo divino,
De mansinho,que a não veja
E não se assuste o Menino!

Meia-Noite. Canta o galo.
Por essa Judeia além
Dormem os que hão-de matá-lo
Quando for homem também...

E, pensativa, a Mãe Pura
Ouve, fitando, Jesus,
Os rouxinóis na espessura
Dum cedro que há-de ser cruz!...

( João Saraiva
         em
   Na Mão de Deus")

Para todos quantos visitam o meu blog, para as amigas e amigos que sempre me deixam as suas opiniões, demonstrando assim a sua estima, que muito
valorizo e agradeço, quero aqui deixar os meus cumprimentos de Boas Festas.

Feliz Natal !

Um lamento, e um sorriso

Hoje é Natal, o relógio já bateu as doze badaladas da meia-noite, e nas Igrejas celebra-se ainda o nascimento de Cristo, o nascimento do menino Jesus.
Menino Jesus da minha infância como estás longe, e que saudades eu tenho de ti...
Nessa altura valorisava-se o Presépio em primeiro lugar, e também a árvore de Natal
com enfeites muito modestos. O Pai Natal ainda não tinha chegado a Portugal, estava muito ocupado nos países nórdicos,deslisando o seu trenó cheio de prendas, pela neve branquinha e fria.
Eu gostava de escrever algo agradável sobre a quadra natalicia, mas não encontro nada nesse sentido; e sabem porquê? Porque a antena 1 em simultaneo com musica a meu gosto, trouxe aos meus ouvidos factos que fazem mesmo entristecer.
Crianças a sofrer com falta de comida em casa, tristes na escola e caladas sobre isso por vergonha, e professoras de coração partido ao constatarem tal realidade. Entretanto outras funcionárias de secções diferentes, atrevem-se a negar almoço a crianças por pequenas dividas de almoços anteriores. Nunca julguei que no meu País se chegásse a este extremo.Isto já é demasiado triste, mas se nos lembrarmos que estamos no Natal, então é mesmo mais dificil passar ao lado.

Encontrei esta poesia no "meu museu."


A boneca


Caía uma chuva miudinha
E eu olhava aquela criancinha
D'olhos tristonhos, mas linda, estava só;
Parada numa montra de brinquedos
Pelo vidro deslizavam os seus dedos
Chocou-me o coração, metia dó.

Os seus olhitos verdes nem pestanejavam
Era indiferente a todos que passavam
E até a própria chuva não sentia;
Olhando uma boneca de cabelo louro
Parecia estar diante d'um tesouro
Observei-a, de vez em quando ria...

Cheguei mais perto e ela ouviu meus passos,
Querias essa boneca que tem laços?
E ela respondeu quase a chorar:
- Eu gosto dela, mas do meu mealheiro
Já fui tirar o resto do dinheiro
Pr'a vir buscar comer para o jantar!

Segurei -lhe na mão, estava fria
Da chuva miudinha que caía
Nessa tarde d'outono que findava;
A boneca lhe dei com todo o gosto
Pôs-se em bicos dos pés, beijou-me o rosto
Sua carita agora se alegrava.

Aconchegou-a logo ao coração
Seus olhos riam de satisfação
Dizendo: não me posso demorar;
A minha mãe deve estar em cuidado,
Tenho d'ir aviar o meu recado,
Porque a minha boneca  quer jantar!...

(Celeste Mingachos, Coimbra) 
                                      

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seria por ser Natal?

A curta distância da minha casa, talvez a uns oitocentos metros existe um supermercado. Abriu portas há uns 17 anos, isto se a memória não me falha quanto à exatidão da data. Habituada ao comércio tradicional, só passado bastante tempo decidi ali entrar. Primeiro só para ver e consultar preços, mas aos poucos habituei- me, e tornei-me cliente certa, e na totalidade do que necessitava. Assim, uma vez por semana passei a ir lá gastar o dinheiro... Um dia reparei que ali pela entrada e até no interior do estabelecimento vagueava uma mulher. Já não era jovem, contudo estava muito longe de ser idosa. Feiota, muito morena, muito magra, e um pouco curvada, passava ali o dia todo e pedia uma moeda a toda a gente.Devo confessar que embirrei logo com ela; ignorava-a, e ela percebendo não me pedia nada. Eu em silêncio dizia para mim própria; ora esta, passo o meu tempo todo a trabalhar, tantas vezes já cançada, e esta creatura que ainda é nova não faz nada... E o tempo foi passando. Um dia pela primeira vez entrei no supermercado vestida de luto e triste, e ela aproximou-se indagando sobre o facto. Respondi, agradeci, e segui em frente. Passaram vários mêses, e chegou dezembro. Não sei porquê mas mudei de opinião, e um dia sem que ela se aproximásse ou me pedisse, puz-lhe no bolso do casaco algo que entendi, e acrescentei que era por ser Natal. E era de facto. Daí em diante, ela passou a pedir-me a moedita, a do carro, e eu passei a dar, sem me atrever (mesmo em silêncio) a fazer comparações acerca da mulher que não trabalhava.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Morte aos que precisam de comida!

De há uns tempos para cá, muitas são as Instituições que se dedicam a ajudar muitos dos portugueses e até estrangeiros, que privados de trabalho e gastos os subsidios que lhes foram atribuidos e entregues, não teem como alimentar-se nem como prover a outras necessidades que custam dinheiro. Se quisermos pensar, podemos avaliar o quanto será triste o viver actual desta larga camada da população. Louvo com todas as minhas forças, quem se dispõe a ajudar, desde aquele que dá, ao que deixa a sua casa e vai pedir, também ao que carrega, ao que organiza, emfim saúdo toda aquela equipa que se esquece de si próprio, e se preocupa pelo "irmão necessitado" que nem sequer conhece. No nosso país a situação de carência é permanente, de modo que a espaços curtos deparamos com peditórios, devidamente identificados, e cada um dá o que pode, e se não quiser não dá, ninguém lhe pergunta o motivo, até porque as pessoas ainda se recordam daquela máxima que diz assim: "cada um sabe de si..." E é verdade.
Hoje dei uma volta a visitar os blogs. Num deles que por acaso é o do meu marido,e no qual ele tinha escrito algo enaltecendo o trabalho do Banco Alimentar, logo apareceram os comentários dos donos da verdade absoluta, daqueles que teem sempre soluções para a vida dos outros, mestres em eloquência que nunca põem em prática, porque trabalhar faz moer a cabeça e o corpo, e ir para perto dos pobres faz-lhes enjoos porque cheiram mal. No entanto são duma prodigalidade espantosa a falar (só a falar) e então atiram tudo para cima do País... e aí eu até estou de acordo; pois claro, ninguém devia chegar ao ponto de estar à espera duma esmola (chamem-lhe como quiserem) para poder comer, ou dum trapo para cobrir o corpo.
Mas então, não é por demais evidente, que as finanças estão no abismo ? Que está na forja um plano para o ano 2013, portanto já para o mês que vem, em que menos dinheiro o Estado entregará aos seus operários?! E querem que o Governo transforme de imediato este estado de inferno num belo paraíso? Há, pois; como seria encantador! - mas todos sabemos que não vai ser, e nem sequer sabemos o que o futuro nos reserva, a longo ou a curto prazo. Então, no pensar destes mestres tão eruditos, o que está certo no seu conceito " É NÃO AJUDAR NINGUÉM ! - É DEIXÁ-LOS PASSAR FOME E FRIO. - É DEIXÁ-LOS MORRER !"

Sim, é o que querem que aconteça, enquanto se fica à espera dum Portugal estável, mesmo que isso demore 50 anos. Saber esperar é uma virtude, "e estes pensantes" são virtuosos, olá que são!!!

Entretanto nem tudo é mau. - Agentes funerários, esfreguem as mãos!
Chegou a vossa oportunidade de legalmente ultrapassarem a crise!
O vosso negócio vai prosperar como nunca imaginaram! Acreditem; e esperem.....

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vinho Salazar

Na passada semana surgiu na imprensa um assunto que desta vez não tinha nada a ver com a crise, nem com os actuais politicos; coisa rara permitam-me que assim diga, porque nós de tão obsecados que estamos com a má situação do País, só pensamos nisso, incluindo os que leem e os que escrevem, de modo que os jornais pouco diferem até de dia para dia, mais forte ou mais leve, o assunto já se adivinha.
Mas este facto era novinho em folha. Foi o caso de alguém de Santa Comba Dão,
parece-me até que foi um membro da Autarquia, que deu a conhecer um produto para venda, ali produzido, nomeadamente um vinho de qualidade e rotulado com o nome de Salazar. "Caiu o Carmo e a Trindade com tal decisão..." As rádios falaram, a TV, os jornais; oh, foi um assunto e peras, para atordoar o Zé Povinho. Foram apontados perigos e coisas más que poderiam suceder, e por isso nada de Salazar, mas parece-me que o vinho não foi proibido, foi só o rótulo! Mas que eu saiba um rótulo não chega para etilizar ninguém, nem para fazer bulha... já o vinho, bem, a gente já viu como é, mas adiante.
Percebe-se fácilmente, que é opinião politica em ação.
Eu cresci ao lado dum pai republicano, (democrata dos antigos) que infelismente já não viu o 25 de abril, mas foi junto á sua campa coberta de cravos vermelhos que foram homenageados os democratas de Montemor-o-Velho. Escusado será dizer que ele detestava o Ditador, e eu sofri alguma influencia no mesmo sentido. Embora de modo mais brando (devido até à minha idade e condição feminina) mas também não simpatizava com um homem que permitia e mandava fazer crimes ( o ultimo foi a morte do general Umberto Delgado.) Com a revolução dos cravos vieram a publico todas, ou quase todas, as desgraças consentidas por aquele Sr. de voz melíflua ouvida nos seus discursos longos de palavras intermitentes; era cristão praticante, mas cuja doutrina não praticava, pois piedade era sentimento que não usava.
Era vaidoso, e era bajulado. Tinha estátuas e bustos por todo o lado. Praças e ruas com o seu nome, e a ponte sobre o Tejo em Lisboa era também ponte Salazar.
Morreu, e posteriormente caiu a Ditadura. Instalou-se a Democracia, e logo após deram cabo das estátuas,(obras de arte) apagaram o nome das ruas e da ponte de Lisboa, a qual passou a chamar-se Ponte 25 de Abril, uma obra inaugurada em1966, e que nada tinha a ver com a revolução de 1974.
Nesta ordem de ideias também não deveriam ter erigido uma estátua ao Marquês de Pombal, mas isso são outras histórias, mais antigas...
Eu escrevi isto tudo porque não encontro razão para a exclusão da marca do vinho, acho que ninguém se estaria a aproveitar como meio de publicidade fácil. - Dirão estes actuais pensadores tão cheios de patriotismo, "tão limpos", que seria uma forma de relembrar Salazar. E porque não? Só se pode recordar os Santos? Então e os Ditadores? - Dá ideia que querem passar uma borracha e apagar da história de Portugal o nome do Ditador Salazar. Não podem, ele ficará eternamente. Como de igual modo ficará para a posteridade a história do seu percurso politico, brilhante no inicio, depois os seus erros, as suas teimosias, as suas vinganças, as suas maldades, os seus crimes... E a Ditadura, quase interminável.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Inocentes, a pagar pelos erros dos sabidos

Hoje o dia amanheceu escuro. Pelo barulho dos automóveis a deslizar no piso molhado, apercebi-me de que tinha chuvido durante a noite. Talvez estivesse ainda a chuver... Eu sei como a chuva é valiosa, os lavradores da minha terra diziam quando chuvia " isto é ouro que está a cair."- Mas este tempo escuro deprime-me, fico ainda mais triste do que em geral estou. Eu era alegre, cantava, e qualquer coisa ou facto mais animado me fazia rir. Agora, e de há um tempo para cá estou diferente, nem os actuais cómicos que aparecem na TV me fazem sequer sorrir.
Mas estou a falar de hoje: como é hábito antes de preparar o pequeno almoço ligo o rádio. Sou fã da antena um, que também nem sempre me agrada inteiramente, mas algo me satisfaz. Hoje porém o tema era pesado, pelo menos para mim. Falava-se da pobreza instalada no nosso País, mais própriamente nas crianças que chegam ás escolas em jejum. E naquelas que por não terem 73 centimos para pagar o almoço não comem na cantina . (nem em parte nenhuma.) Mas em que ano estamos nós? Em 1950?  Nessa altura é que era assim, nem aquecimento nem pão as escolas tinham para confortar as crianças, que ali entravam ás 9 da manhã descalças e embrulhadas num xalito fino, quantas vezes todo molhado. Eu lembro-me bem de como era, e até recordo o nome dessas vitimas. Vitimas sim, duma sociedade insensível e hipócrita, onde havia a Mocidade Portuguesa, como que a alardear um País em franco progresso; e na reta-guarda a pobreza calada, se possivel escondida, porque ser pobre, era ser diminuido.
O tempo passou, esse mal foi esquecido porque o progresso proporcionou bem estar. E não é o bem estar, regrado é certo, um direito do ser humano, e em especial para uma criança, uma vida em flor, que se acha no mundo sem perceber porquê...
Então nasce para sofrer ? Logo na infância! Quando ainda nem sequer sabe o que é o pecado ou a maldade... Voltámos aos anos 50? -Senti que sim, e fiquei mais triste ainda. Eu sei, todos sabemos, que no nosso País uns mais do que outros, todos estamos mal, salvo excepções para aqueles que acumularam teres e haveres, e agora dão palpites, lérias, e vivem fartos e felizes. Gostaria de perguntar (aos próprios) a estes, e aos responsáveis atuais, se quando tomam conhecimento destas noticias tristes e verdadeiras, se não sentem remorsos... Dizia Padre Américo - " Mãe, como podes dormir tranquila, sabendo que enquanto os teus filhos dormem alimentados e quentes, outros iguais a eles, sofrem com fome e com frio..."

Esta frase dum Santo, dita por ele há muitos anos, devia ser ouvida e sentida, por quem está ao leme desta barca cheia de rombos, que se chama Portugal.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ainda haverá esperança?


Depois de ter postado aquele texto de assunto triste, eu encontrei este poema de esperança, e não resisti a colocá-lo aqui. Tenho a certeza que todos vós amigas e amigos, que gentilmente me visitam passando pelo meu birras, terão como eu a mesma opinião da autora. Um mundo sem guerra, só de amor....


E porque não...

Eu quero crer num mundo sem fome
eu quero crer num mundo sem guerra
eu quero crer na dignidade e na paz
eu quero ver justiça na terra

Quero ver crianças brincando
quero ver o mundo se desarmando
quero crer na liberdade
quero ver a humanidade se amando

Eu quero crer e quero ver
um mundo mais justo com cada cidadão
eu quero crer e quero ver
apenas um mundo mais irmão

Quero crer na justiça do homem
porque creio na justiça divina
quero crer num mundo melhor
porque creio num mundo que ensina

Quero ver um sorriso num rosto sem fome
quero ver sempre uma bandeira branca hasteando
não quero muito, apenas um pouco
apenas cada um se conscientizando

Conscientizando que o mundo é de todos
mesmo obedecendo à hierarquia
governantes respeitando seus governados
para que haja paz e harmonia

Só é preciso que todos creiam como eu
que o mundo não está perdido
só é preciso que todos queiram como eu
um tempo melhor para ser vivido

Não combater a violência com mais violência
não mendigar migalhas pra fome matar
não levantar armas, mas os braços para abraçar
não criar mendigos, mas oportunidade para trabalhar

Um só mundo, uma grande familia
em harmonia como o céu que vemos
assim deve ser o Universo terreno
se cada um de nós crêrmos mais

Naquele, que não vemos.

 

( Célia Jardim)

 


As pedras que magôam a alma

Ainda sobre o que se passou ao cair da noite anteontem em Lisboa, e que só não viu quem não estava a ver. Eu vi tudo pela televisão; espetáculo triste!
Aproximavam-se as cinco horas, e decidi ligar a t.v. para ver "a opinião pública", rubrica habitual aquela hora, e da qual sou fã.
Mas a imagem que me apareceu em suficiente plano, foi um grupo de gente crescida (não eram miúdos) a carregar e a levar não sei para onde, as cancelas que sempre são colocadas para limitar a passagem para determinado local; neste caso era a Assembleia da Républica. Lembrei-me então que havia a manifestação préviamente anunciada, mas percebi também que a mesma já tinha terminado. No entanto uma multidão enorme ainda continuava ali.
Continuei a observar e comecei a ouvir rebentar qualquer coisa, eram petardos, percebi depois. Porém, não tardou que eu visse a tristeza maior: a cambada dos malandros a atirar pedras (que ao mesmo tempo arrancavam da calçada.) Atiravam-nas furiosamente contra os policias, e a turba ululava... Feliz! - Que vergonha!
Toda a gente viu que não eram só pedras; estão sem dinheiro "os coitaditos" mas ainda lhes sobrou para comprarem os petardos, os tomates, os limões e as embalagens com tinta, e as cervejas para fazerem aquele espetáculo degradante!!!
Os policias durante quase duas horas,aguentaram alinhados e quêdos, o ataque daquelas bestas.
Eu estava tão longe e em casa, mas senti-me aflita, ao lembrar-me que os policias estavam no seu trabalho,são homens, têm familia, também sofrem com os cortes no seu vencimento, e estavam ali a ser maltratados a que propósito?
Como isto acabou já todos sabemos, e sabemos também que assim tinha de ser.
E eu pergunto: - É com esta gente que ficou a atirar pedras, e também com os que ficaram a apoiar e a aplaudir, que vamos ter um país novo ???

Pobre Portugal ! Se para tal estás guardado...
E pobres de todos os portugueses decentes!

Poucos serão os portugueses que actualmente não terão motivo para se lamentar, e dar opiniões no sentido da situação melhorar. - Pois que se manifestem, sim! Que se queixem! Que exijam! Que gritem! Que se imponham! Mas que o façam com a força da dignidade e do respeito que a todos é devido.

 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Uma amorosa poesia

Olá amigas e amigos!

Eu sei que passam aqui pelo meu "Birras" e nada de novo encontram. Apresento desculpas pelo facto, e peço mesmo que as aceitem, embora eu sinta que mereço criticas. Sinto, porque as faço a mim própria e sem dó nem piedade. Até me pergunto baixinho; -mas o que é isto? Malandrice? Desinteresse? Eu quero rejeitar estas duas palavras e seus correspondentes significados. Mas a verdade é que não tenho conseguido. Hoje também não vou escrever nada, o que prova que ainda não alcancei "a cura", mas haja esperança ! Digo em voz alta para eu própria ouvir,e agir.

Na sequência do que já aqui escrevi acerca do nosso Poeta João de Deus, natural de Messines, vou colocar uma poesia da sua autoria.  Atrêvo-me mesmo a dizer que seria dedicada às crianças, é tão simples, tão leve, tão graciosa, um mimo de sensibilidade...

Todas as pessoas da minha idade a recordam certamente, vinha num dos livros de leitura do ensino primário dessa época longínqua, e agora alcunhado (esse género de ensino) de obsolêto e sem préstimo.

Não sou a pessoa indicada para conjecturar ou afirmar sobre essa crítica, só quero lembrar esta poesia que nunca esqueci.



"Minha mãe, quem é aquele
Pregado naquela cruz?
- Aquele, filho, é Jesus...
É a santa imagem dele!

                   "E quem é Jesus? - É Deus!
                   "E quem é Deus? - Quem nos cria,
                   Quem nos manda a luz do dia
                    E fez a Terra e os Céus;

E veio ensinar à gente
Que todos somos irmãos,
E devemos dar as mãos
Uns aos outros irmãmente.

                     Todo amor, todo bondade!
                     " E morreu? - Para mostrar
                     Que a gente pela Verdade
                     Se deve deixar matar.



(João de Deus)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A nova hóspede



Os animais nossos amigos. Recordo-me de ter lido esta frase num livro; e se não me falha a memória foi num livro de leitura da muito antiga terceira ou quarta classe.
Nunca me esqueci desta afirmação, e agora por experiência própria, sei que de facto os animais são amigos,e nem nunca reclamam se o dono ou dona chega tarde a casa, embora tenham sofrido com a ansiedade da espera.
A minha filha que na infância e juventude quase tinha pavôr de alguns animais inclusivé dos cães, perdeu esse mêdo, e até comprou um shar pei pequenino que com os seus cuidados cresceu,e viveu durante sete anos. Formavam a equipa perfeita, e foi com pena, mesmo muita pena, que ela o viu terminar. Ficou muito chocada com a sua falta, era uma presença em casa que não existia mais, recordava-o a todo o momento, e dizia que tão cêdo não queria outro. Até porque outro, não era aquele. Deu a comida que ficou e era bastante, deu os medicamentos, também alguns tapetes, mas guardou as taças (os pratos) dele.
Pouco tempo passou, secalhar nem um mês: estava eu a fazer o jantar, quando a vejo aparecer à porta da cozinha com um cão ao colo. Fiquei admirada, mas pensei que fosse de alguém amigo, a quem ela estivesse a fazer o jeito por alguns dias.
Ela toda sorridente contou- me a história: - não tinha aguentado a pena, e resolveu ir a uma instituição, aquela para onde ela tinha feito as ofertas, só para fazer uma visita aos cães que ali estão abandonados pelos donos. - Estão lá muitos dizia-me ela, bonitos, cães de raça até. Disse que não ia a pensar em trazer nenhum, mas o certo é que esta (é uma fêmea) se encantou com ela e com o Gabriel, e isso não admira pois os animais também gostam de ter um dono, e sair dali. Diz-se que a simpatia é recíproca, e foi mesmo. As sras. do "asilo" ficaram admiradas pela preferência, pois trata-se dum animal sénior, embora não pareça.
Estava decidido, cumpridas as formalidades que são algumas, a Nucha veio. Esperava-a um banho, e no dia seguinte veterinário; foi observada, fez ecografia, análises, e de facto tem alguns problemas de saúde, consequência da idade. Não lhe auguram vida longa. Mas a minha filha diz que nunca é tarde para se viver uma vida melhor, e se a Nucha tem pouco tempo de vida, ao menos que nesse espaço ela tenha conforto e bem estar. E quem sabe se não viverá mais tempo do que o apontado no prognóstico?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Algarve não é só praia. Também é doce!

Os doces de amêndoa recheados de ovos-moles, uma delicia tradicional do Algarve.A imagem não saiu nitida ao ponto de se poder ver bem a beleza destes bolinhos. São miniaturas de frutos, pintados á mão, por vezes até dá pena comê-los... Estes foram-me oferecidos.Alás todos os anos a proprietária da casa que habitamos durante as férias, nos oferece mimos quando nos despedimos.

A arte numa simples pedra

Na estante da salíta onde passo mais tempo (eu até lhe chamo a minha sala de estar) ao lado das fotos do meu neto quando era bébé, coloquei a pedra que o Zé Júlio construiu naquela  manhã de sábado, para me oferecer. Ela ainda é mais bonita ao natural, o flach alterou um pouco, assim como a uma das fotos do Gabriel.Ela poderá ser uma legenda "pedras e fôlhas" tem a ver com a Catita.

Dissémos adeus...

Estavamos de saída. Apenas mais uma foto. Lá estão os cinco môchos de pedra rosada por cima da porta e a identificação da casa. E as trepadeiras lindas.
Adeus Zé Júlio!!!



Entre flores e arbustos aromáticos

Nós os Fernandes, ainda na entrada da Casa Catita. -Um local para férias em Alcantarilha,ou um recanto do Paraíso?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Em Portimão. O rio, a ponte e o barco...

Não consegui saber quem está perpétuado nesta pedra. Ao longo da beira rio mais esculturas 
do mesmo género existem. O rio é o Aráde, e a ponte em ferro, mais parece feita de renda. É vélhinha,mas foi há pouco restaurada. Remoçou, e cativou-me para a fotografar, a ela e ao Barco.
 

Por Terras Algarvias

 
Fizemos questão duma fotografia junto à estátua do Poeta João de Deus na sua Terra Natal, a linda São Bartolomeu de Messines.
Apresenta-se sentado, tendo na mão o livro por ele criado A Cartilha Maternal. Parece atento às duas crianças que também sentadas e de livro nos joelhos, estudam decerto as primeiras letras...
Uma bela homenagem dos seus conterrâneos, e uma honra para estes.

João de Deus o Poeta de Messines

Volto a falar das férias. Agora já são passado, mas que importa, só o passado se pode recordar...E foi assim; naquela manhã de setembro deixámos Almeirim e retomámos a viagem cujo destino era Armação de Pêra. Embora fazendo algumas breves paragens, e respeitando os limites de velocidade, cêdo chegámos ao Algarve. Decidimos almoçar em São Bartolomeu de Messines. Parece-me que se trata duma Vila e não duma cidade, mas se estou errada que me perdoem os Messinences, porque não estou a menospresar a localidade, de maneira nenhuma. Ela é linda, limpa e branquinha, atributos comuns das terras algarvias, sobretudo daquelas que não têm praia. Logo encontrámos estacionamento, e a dois passos um restaurante. Não procurámos mais; entrámos  e  não nos arrependêmos. No fim do almoço fomos passear a pé, e deparámos com uma estátua grandiosa de mármore branco, dedicada a um ilustre filho da terra, o Poeta e Pedagogo João de Deus. Recuei à minha infância e lembrei-me de quando estudei na instrução primária (assim chamada na altura) a Professora ter ensinado que João de Deus era o Poeta das crianças, o Poeta da ternura, da bondade, dos versos lindos, que eu e as outras meninas entendiamos e gostávamos. Com o passar do tempo vim a saber que João de Deus era muito mais, do que só o Poeta terno e bom. Era também o autor da cartilha maternal que o celebrisou em 1876, e por onde tantas crianças aprenderam a juntar as primeiras letras, sem o sofrimento que era aprender por livros inadequados para tal. Também era formado em Direito; foi Deputado às Cortes pelo Concelho de Silves e ganhou; foi escritor,tradutor e Poeta de grande mérito. Hoje toda a gente sabe quem foi João de Deus, pelo que me abstenho de escrever  em pormenor sobre o seu percurso literário e não só, apenas quero referir que foi homenageado em 1895, uma grande homenagem a que se associou o rei D. Carlos. Foi-lhe proposto um titulo nobiliárquico,que ele recusou. A Academia das Ciências proclamou-o Sócio de Honra. Estudantes de todo o País também o homenagearam: organizaram-se e nesse sentido dirigiram-se em cortejo até á sua residência,em Lisboa. 
O Sr. Dr. João de Deus, da sua varanda agradeceu, e rimando, disse de improviso.

Estas honras e este culto
Bem se podiam prestar
A homens de grande vulto.
Mas a mim, poeta inculto,
Espontâneo, popular...
É deveras singular!

-------------------------------------------------------

"Só que ele não era inculto..." 
Mas os grandes Homens,são sempre modestos.





 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quando o sol diz adeus... Em Armação de Pêra

Ele se despede magestoso,em toda a sua grandiosidade de poder e beleza!
Ele não se "afoga no mar..."  Esconde-se para lá da serra. E é a noite que avança.

Armação de Pêra

A praia que me aguardava. Estava linda, calma, e quentinha. Era Setembro, dia 19.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Porque a beleza é fugidía, como a aurora...

"Quem te viu, e quem te vê..." Apetece-me dizer, depois de reparar na fotografia da postagem anterior, onde estamos eu e o meu marido ladeando o frade. O tempo ao passar contribui progressivamente para a ascenção, para a beleza, que tem um espaço de alguns anos, e depois, de igual modo ajuda ao apagar dos atributos inerentes. Tudo o que nasce vem com o mesmo designio, quer seja plantas, animais, ou pessoas; crescer, florescer,multiplicar-se e envelhecer. Depois vem o acabar, mas isso não é para falar agora.
Bem, mas nós ainda cá estamos (por ora) apesar de já muito para além do florescer, essa etapa linda da vida, da qual já usufruimos.
Mas voltando ao inicio, e á fotografia feita em Almeirim junto ao monumento que perpetua a história da sopa da pedra : - o meu marido ainda se apresenta mais forte do que o frade, apesar de nesta altura o frade já ter comido a sopa toda, visto que a panela estava vazia. Eu vi!




Mas ele não foi sempre assim grandalhão em largura. Para provar a minha afirmação,visto que sou suspeita,coloquei esta foto,que é uma recordação.
- E depois digam lá se eu não tive bom gosto na escolha...


domingo, 7 de outubro de 2012

A Casa Catita em Alcantarilha

Há uns tempos atrás encontrei mais um blog que me prendeu a atenção e do qual me tornei de imediato seguidora. Só que não foi assim mais um, simplesmente.Pois eu pensei logo que um dia iriamos visitar o Zé Júlio. E quem é o Zé Júlio? Subentende-se que é quem assina o blog, e é na verdade. Só que ele é muito mais do que isso. Eu vou dizer, se conseguir...
Estavamos no Algarve, só sabiamos que A CASA CATITA se situa em Alcantarilha a poucos Km. de Armação onde viviamos. Enviei um curto recado para os comentários dele (unico ponto que tinha para comunicar) a dizer que no dia seguinte iamos fazer-lhe uma vizita; mandei dum local de internett público, de modo que não voltei lá a saber a resposta. Fomos à sorte, e sorte tivemos porque depois de algumas tentativas frustradas, encontrámos a casinha, direi inédita no seu estilo, e o seu proprietário duma simpatia e amabilidade encantadoras. Dirigimos o carro pela serventia privada, e logo o avistámos à frente a trabalhar, sorridente à nossa espera. Sem preconceitos, com as mãos cobertas de pó rosado, duma pedra que estava a transformar na escultura de mais um môcho,( ele chama-lhe a familia de môchos pois de facto já tem vários) recebeu-nos de braços abertos. Por cima da entrada em pequenos azulejos lá estava o nome da casa. O jardim que a circunda é por de mais interessante, pedras antigas colocadas em assimetria, água a rumurejar por entre plantas, uma espécie de pequeno lago quáse riácho com peixes lindos coloridos, escadinhas,nichos, tudo duma rusticidade que nos atrai e envolve. Plantas de muitas espécies, ornamentais,odoriferas,arbustos, árvores de fruto, e tudo isto existe pelo trabalho do Zé Júlio, direi mesmo pelo amor que ele sente pela natureza. Não lhe perguntei qual é o seu grau académico, mas em Botânica e assuntos da Natureza pelo que ouvi e  vi, ele deve ter um mestrado... Ficaria a ouvi-lo falar do nome e da vida das plantas,durante uma semana, e decerto ainda não ouviria tudo.
Em estilo diferente, de linhas direitas como tem de ser,uma mini-piscina, decorada com bica de pedra, e um cacto verde que se estende pela parede estilo muralha.
A casa tem igualmente a mão do artista, que sabe escolher; tudo á moda antiga, mas com o conforto moderno. Camas com docel de tule branco dão graciosidade e levesa. Por fim a simpatia do anfitrião, um galã de 41 anos, despido de vaidades, sempre natural, recorda a sua juventude em Sintra, alguns anos nos Estados Unidos, e dez anos a fazer renascer a CATITA dum quase monte de escombros.
Tinhamos de dizer adeus; com o ar natural que já referi, entregou-me um presente, uma escultura em pedra branca,reprodusindo duas folhas sobre uma pedra, e acrescentou, estive a fazê-la de manhã até chegarem. - Como eu gostei desta atenção!
Já tinha feito questão de provármos as ameixas, mas ainda faltava as uvas, por isso apressou-se a pegar numa tesoura e cortou tres cachos lindos, que eu acondicionei o melhor possivel, e levei para
casa.


Á entrada da casa catita,eu e o Zé Júlio.

    (eu sempre gostei dos altos... Baixa basto eu)









 

As ameixas e as uvas douradas pelo sol quente algarvio.
Deixámos A CATITA, e ganhámos um Amigo. Pela forma como nos recebeu não sei chamá-lo doutro modo.

Quero deixar o endereço do blog dele, que é lindo.

Http://o-bau-do-zejulio.blogspot.pt.

(Pedras Plantas e Companhia)



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Frade e a sopa da pedra



Naquela terça feira de sol radioso, projetámos sair após as treze horas. Iamos para o Algarve, mas passariamos a noite em Grândola, à qual o José Afonso chamou de Vila Morena. Mas o programa foi alterado, e só partimos com o bater das dezassete horas, facto que não nos encomodou nada de nada. A viagem foi decorrendo com normalidade e até agradável, e quando o sol começou a perder cor, desistimos de Grândola que estava ainda distante e decidimo-nos por Almeirim, terra de cavalos e toiros ali no coração do Ribatejo. Eu não sou aficionada e até sou contra as touradas, contudo gosto muito de Almeirim, até gostava de lá viver,é uma cidade onde voltamos sempre com agrado.Áh, e também gosto dos tão referenciados melões de Almeirim.E também da sopa da pedra. Foi aliás o que escolhemos para jantar.
Eu também a confeciono e bem, (modéstia à parte, porque ser humilde em excesso sôa a falso) mas sentar-me e ela aparecer ali na mesa a fumegar, bem perfumada, pronta a cair no meu prato, é facto que não me ofende.
A cidade reclama para si a origem da sopa, mas toda aquela zona Ribatejana faz igual, não sei quem tem razão. No entanto aqui num local apropriado, lá está perpétuado no bronze o Frade que pela primeira vez com a sua astúcia conseguiu cosinhar sopa duma pedra.
Só para quem não conhece (e poucos são) eu vou contar a história, se for capaz.

Era uma vez...

Um frade que vinha peregrinando de longa caminhada, e sentiu fome. Estava frente a um portão que indiciava casa de lavrador. Entrou no páteo e pediu ao casal que o recebeu se o deixava dormir no palheiro,pois estava exausto. Condoídos logo concordaram. Ele cheio de modéstia agradeceu, mas disse que vinha com fome, e que com premissão deles, ele próprio cosinhava uma sopinha, só precisava duma panela com água e lume. Com pena do frade, logo o mandaram entrar e sentar à beira da lareira onde a lenha crepitava. Deram-lhe a panela de ferro com a água, que ele logo pôs ao lume.De dentro do hábito escuro e grosso que vestia, tirou uma pedra que colocou dentro da panela. A água entretanto começou a ferver, e a dona da casa fez perguntas; - então a pedra dá bom gosto? - Dá sim, é muito bom sopa da pedra, disse ele; mas sabe, isto precisava dum pouco de feijão de côr e um bocadinho de toucinho, uma orelha... Ela foi logo buscar.Daí a pouco a fervura cheirava bem, e ela elogiou.Ele sorriu agradado, finório, e acrescentou; ainda falta, se tivesse um chouriço, e umas batatinhas...E assim aos poucos o frade conseguiu todos os ingredientes necessários para a sopa, que é de tudo menos da pedra, porque essa não dá gosto.

Actualmente a famosa sopa da pedra, é perfumada com raminhos de coentros, e temperos ao critério do cosinheiro, e no fundo da terrina lá encontrâmos a famosa pedra, a origem do nome da sopa.
    

Voltei

Caros visitantes, saudações amigas.

Diz-se que erva ruím, geada não mata... Assim, felismente fui e voltei sem nada de mau a apontar, mas não nego um certo azedume quase constante,que a força da mente nem sempre conseguiu banir. O pulso magoado, o dedo fracturado, parte da mão imobilisada, um edema enorme, dores só atenuadas por medicamentos,são pormenores muito pouco simpáticos em qualquer altura, e muito menos em tempo de férias. Mas não tive alternativa senão aguentar, já que ninguém me quis fazer o favor de tomar o meu lugar, e suportar isto por mim.
Mesmo assim eu gostei de voltar ao Algarve, e de estar em Armação de Pêra. É uma repetição ano após ano; são as mesmas pessoas, a mesma casa, o grito  igual das gaivotas que se elevam no ar, e todas as manhãs acordar com o bater das oito horas, quando o relógio da torre da igreja na pracinha ali ao lado, inicía a sua tarefa, que só cala às onze da noite, para não interromper o socêgo dos que querem dormir cêdo. Não é o meu caso, aproveito para ler até tarde,outro beneficio das férias do qual não prescindo.
Queria falar dos livros que li, mas estou adoentada fica para a próxima.
Já tinha saudades do computador...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Até breve

Caros visitantes

Hoje escrevo só para vós. E porquê ? Porque me vou ausentar da blogosfera por alguns dias, e não gostava que as minhas amigas e amigos aqui viessem e encontrássem dia a dia o mesmo post, sem mais explicações.
Felismente, vamos voltar ao Algarve para uns dias diferentes, sem horários a cumprir, sem tarefas inadiáveis, tudo na ordem do deixa andar, e ainda com o beneficio simpático do sol lindo e quentinho, e o mar de água tépida.
Eu tive um certo azar neste sábado, caí desamparada na calçada do passeio, aqui pertinho de casa, e além de me ter magoado muito, ainda fui presenteada com uma fratura num dos dedos da mão direita. O meu primeiro pensamento foi desistir das férias, e assim continuei pois a dôr era intensa e interminável. Mas no Domingo os Srs. Drs.de bata branca, no Hospital cuidaram-me do fisico, e aos poucos o psiquico também reagiu, e embora com a mão imobilisada " e gôrda", eu voltei a querer ir viajar. E assim, lá vou então amanhã "fugir com o meu marido" para longe de casa.
Espero voltar no fim do mês, e continuar com os meus textos simples, sem pretensões que não sejam o prazer de dizer o que penso, e ler com gosto os comentários que amávelmente me dedicam.

Para todos vós, os meus cumprimentos com os desejos de bem estar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Recordações

Foi há cinco anos atrás. Numa tarde de sábado em Setembro entrei no carro rumo ao Algarve, mais própriamente a Armação de Pêra. Dissémos adeus à minha filha mais nova, ao marido e ao Gabriel, enquanto a filha primeira, viajou connosco. A viagem de que eu gostava tanto nos anos anteriores por ser longa e sem pressas, com várias paragens para descançar,beber água e comer uma fruta, desta vez apresentou-se destituida de todos os bons predicados que eu sempre lhe encontrava e usufruia. Mas só porque a minha disposição a isso me conduzia, pois tirando o facto de chegarmos ao destino já de noite, nada de desagradável nos aconteceu. O Algarve para nós é sobretudo praia, e nesse sentido logo no dia seguinte atravessámos a rua, descemos a escada e logo a areia se fez sentir nos nossos pés,macia e ainda fresca aquela hora matinal.
Os dias iam passando sempre iguais, duma monotonia já prevista por mim, porque a alegria não vem com o vento, temos nós de a criar, fazer pela sua conquista.
Costumavamos eu e o meu marido caminhar pela beira mar diáriamente; num dia iamos para norte, no outro para sul, apróximadamente durante uma hora.Tornou-se mesmo um quase ritual, do qual já não prescindiamos. Num desses passeios, no meio de tantos veraneantes desconhecidos, ouvimos alguém que alegremente se nos dirigia: - Olá! Ora vivam os meus conterrâneos! Já nem dizem adeus... Surpreendidos parámos, e vimos quem assim faláva. Era a D. Herminia uma senhora da nossa terra que também estava em férias com a familia, em Armação. Ao lado dela o irmão mais velho que igualmente nos abraçou. Trocámos meia duzia de palavras, gostámos do encontro inesperado, e recordámos a frase "o mundo é pequeno..." Dissemos adeus e prosseguimos o passeio, em sentido oposto do dos nossos amigos.
No regresso voltamos a cruzar-nos, e ela veio de novo até nós, mas para eu confirmar (pois o irmão não queria acreditar) que esta era a Dilita de que ele ainda se lembrava, e que já não via há muitos anos. De facto eu estava com mau aspecto, tinha emagrecido, estava triste, e de roupas negras, nada aliás me favorecia. Eu olhei para ele e sorri tristemente...
Infelismente ele já faleceu, e apesar do tempo que passou eu ainda recordo esta cena ao pormenor, agora até com mais ternura. Ele estava ali na minha frente, e olhava para mim com um ar um tanto pezaroso, e sem conseguir calar a sua sinceridade exclamou, "era tão bonita..."

Mentiria se não dissésse que gostei de ouvir aquela afirmação.Voltei a sorrir, e apressei-me a dizer-lhe: - diz bem, Sr. Evaristo, " Eu era"... " Eu era..."

 
Como estou em fase de recordações,
porque não colocar aqui uma fotografia dessa tal Dilita?



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aniversário


Pois é verdade meus caros visitantes, eu reparei que vivi mais um ano. A conta somou o total no passado dia cinco deste mês de setembro. E que total...
Já somei uma dúzia, um quarteirão, meio século, um môio, sabem quanto é esta medida de secos? (são 60 alqueires.) E de então para cá, isto tem sido sempre a somar, com uma rapidêz em que só reparo no tal dia cinco, em setembro de cada ano. E assim aconteceu há dias, passei a contar três quarteirões.
É bom constatar periódicamente que vivemos mais doze meses, e ter os nossos à nossa volta, bater na madeira com os nós dos dedos paralisando o mal, e aceitar de boa vontade a actuação ainda reduzida do caruncho, porque já não se pode exigir saúde a cem por cento, mas sim valorisar a que temos.
Já tenho ouvido dizer que velhos são os trapos, não as pessoas...
E também que chegar a velho (velha) é um privilégio... Gosto desta opinião.
Também gostei deste dia do meu aniversário, a familia esteve mais perto de mim,
e eu decidi perguiçar e não fazer jantar. Assim, fomos a um restaurante aqui perto em Buarcos. A comida foi do agrado de todos, e a boa disposição também.
Desta vez tive direito a fotografia, só eu e o meu mais que tudo, que estava distraído a olhar sabe-se lá para quem... No fim ainda démos uma volta pela cidade; bem, o carro é que andou, nós só colaborámos.
Mas é preciso assumir; por isso, para além das palavras coloquei também a foto, e já agora com legenda.
( Nos setenta e cinco anos da Dilita. )

domingo, 9 de setembro de 2012

O aniversário da Anita e as plantas

Eu já aqui falei da Anita,uma senhora natural da Madeira e ali residente em Sta. Cruz. Começámos a trocar correspondência há alguns anos, em momentos dificeis das nossas vidas. Ela por sofrer com a solidão de viver sósinha, sem um familiar ou parente próximo com quem partilhar palavras e afectos. Há quem não se importe e não sofra por estar só, mas será excepção, porque a regra é marcada no sentido do plural. Eu também estava demasiado triste na altura, não por solidão, até sou felizarda porque tenho a minha familia, marido filhas e neto, mas havia tristeza em mim por algo que vivi, e de que não conseguia alhear-me.Na perspectiva da correspondência com ela, eu pensei encontrar motivo que me ocupásse a ideia, embora não por completo, mas talvez resultásse. Eu já aqui falei nisto há uns tempos, por outras palavras certamente, mas dizendo o mesmo. Com a aquisição do computador, este bichinho cativante, a Anita ficou a perder, pois escrevo menos. Socorro-me do telemóvel, para não ficar mal vista, porque ela continua igual, sempre á espera das minhas noticias. A Anita faz anos na próxima quinta feira, portanto no dia 13 de Setembro, e embora longe "eu estarei perto" com o meu abraço de felicitações. Em vez do postal ilustrado,vou aqui colocar uma fotografia. Trata-se das plantas que viajaram de avião da Madeira para mim, fechadas numa pequena caixa, enviadas pela Anita no ano passado. Elas cresceram e ficaram lindas, mas a seguir começaram a diminuir, e uma folha hoje outra amanhã desapareceram de todo. Eu nem quis dizer à Anita... Sem saber porque assim fazia, eu sempre que regava as outras plantas, regava esta terra que aparentemente nada tinha. Os meses passaram, e qual não foi o meu espanto quando um dia vejo surgir da terra escura, as folhas cheias de força e côr. E de novo uma a uma elas voltaram à vida e cresceram. Eu fotografei, e aqui está mais este lindo milagre da Natureza. Posteriormente a Anita esclareceu-me, e lamentou não me ter avisado : esta planta é assim. Cumpre um ciclo à superficie, e conserva no escuro da terra, a raíz, um bolbo, uma promessa de nova vida. E que dizer mais? A Natureza é tão rica e grandiosa que ofusca as minhas palavras.
Só ainda um abraço à Madeirense Anita (minha amiga) ela a razão deste meu texto,e a certeza de que é bom conviver, mesmo à distância....
      

domingo, 2 de setembro de 2012

Mimos da Ligia do Brasil

Presentes da Ligia!!!!

E quem é a Ligia ? É uma Sra. (uma jovem) brasileira, que vive em São Paulo e que eu conheci há pouco tempo ( através dos blogs) mas que me parece ser um conhecimento de longa data. E vou mais longe, é que nem só a ela eu estimo, mas também à irmã Leila, e à mamã, a D. Aparecida, apesar de nunca as ter visto. Como eu gostaria de as abraçar pessoalmente... Isto é inexplicável, o nosso entendimento tão próximo, e com o Atlantico feito barreira cerrada entre nós... Coisas da blogosfera? Talvez seja sim a causadora ; e se é, então bendita seja. Só me tem trazido coisas boas. E eu que aprecio sobremaneira atenções e mimos...

Hoje o correio trouxe-me uma caixa de presentes, produtos brasileiros que a Ligia e a familia escolheram para me presentear. Eu parecia uma colegial com o coração acelerado ao abrir a caixa, com pressa de me inteirar do conteúdo. Coisas tão engraçadas, gostei muito, eu vou aqui colocar as fotos.

Oxalá consiga mostrar com exatidão.

Mas antes, quero aqui deixar o meu agradecimento às minhas tres amigas. Dizer-lhes o quanto fiquei contente, e mandar beijinhos, a dividir pela D. Aparecida e pelas filhas Leila e Ligia.


Aqui todo o conjunto de prendas e também os papelinhos com a mensagem escrita de quem ofereceu.

Adivinhem o que é esta espécie de bibinho... Ao lado um espanta espiritos.
 
 
É um suporte para pano da louça,ou das mãos. Condiz com o espanta espiritos, e dá alegria à cosinha.As duas peças são oferta da D. Aparecida e da Leila. Mamã e irmã da Ligia.

 
Estas as prendas da Ligia; panos da louça com a palavra amor impressa nos corações vermelhos,um ralador miniatura muito gracioso, um creme especial para as m/mãos e unhas (ela bem sabe que eu por vezes lavo a louça à mão, tenho de me cuidar depois),uma caixa com bombons recheados de licor (como é que ela adivinhou que eu sou gulosa por eles...) E nem o m/marido foi esquecido, pois para ele também um mimo 3 garrafinhas de chocolate também recheado de ótimas bebidas. Uma cartinha com palavras carinhosas, e uma alfineteira, é um gatinho de feltro branco, até já trás os alfinetes. Quem não ficaria contente recebendo estas gentilezas?.. 
 
Só coloquei assim o espanta espiritos para a fotografia, e para mostrar as galinhas e as frigideiras já com o ovo estrelado.Depois terá o seu lugar, e todo na vertical desafiando a aragem...

 No lugar certo ; no cesto da costura. Como eu gosto destas coisas...
 
A Ligia é um amor de pessoa. Passem no seu blog e verão como ela distribue estima por todo o ser vivo. Ama a sua familia, mas os animais e até as plantas também têm lugar no seu coração.
 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O nosso Davis adormeceu

Foi em 24 de maio que eu escrevi um texto contando a preocupação que estavamos a viver no dia a dia, pelo facto do Davis o cão que a minha filha e o marido tinham comprado em 2005, (para o Gabriel, que nessa altura teria pouco mais de tres anos) ter adoecido com gravidade. Êle já tinha sido sugeito a uma intervenção cirurgica, da qual não ficaram sequelas. Mas passado pouco tempo surgiu outra patologia, esta que foi a razão do texto que escrevi então. Nessa altura pedimos apoio, ajuda, porque a intervenção era demasiado cara, mas decidimos fazê-la. Ainda existem muitas pessoas amigas dos animais, e de longe e perto recebemos ajudas de toda a ordem. Nunca nos esqueceremos da ajuda monetária, e das palavras carinhosas e de incitamento com que nos têm acompanhado ao longo destes meses. Ficaremos sempre agradecidos. Apesar da delicadeza da intervenção, foi bem conseguida, e os médicos veterinários satisfeitos com o resultado. Seguiu-se a recuperação que estava a ser normal. Porém estava escrito que a vida deste animal deveria terminar, e que a mão humana seria incapaz de mudar a ordem das coisas. Tentou-se ainda, foram feitos novos R.X., outra T A C, mais medicamentos, analgésicos mais fortes, mas o sofrimento tornou-se impiedoso, e era preciso dar- lhe paz. E na paz está, e nós um tanto abalados, tentando dar ao facto um ar de naturalidade, que na verdade não encontrámos ainda.
Não o vi em sofrimento,vêjo-o forte com os seus impetos de satisfação, era um animal cheio de força, e um grande amigo de toda a familia, é assim que o quero recordar.



domingo, 12 de agosto de 2012

Datas para recordar, ou esquecer ?

Ouvi e li tantas opiniões acerca da anulação dos feriados, que acabei baralhada. Não sei se no próximo dia quinze é já um dia de trabalho normal, ou se o facto anunciado como certo só acontece no próximo ano. Do mesmo modo estou, em relação aos feriados que marcam datas importantes da nossa história. Quando eu andava na escola, na instrução primária (era assim a designação do primeiro ensino) já existiam todos estes feriados que agora vão então acabar.
Nessa altura, a maioria das pessoas vivia com dificuldades, e não sei como seria com os nossos governantes e sua equipa. A avaliar pelo que mais tarde se soube, e que para muitos foi motivo de chacota, o primeiro ministro Dr. Salazar praticava a economia na sua casa com muito rigor. Quem sabe se esses que o censuraram, não estarão agora com problemas, por não terem sabido poupar...
Mas o que eu queria dizer, é que nem nessa época, alguma vez se pensou em suprimir feriados de datas tão marcantes quer históricas, quer religiosas. Apontam-nos a críse como razão de pêso para tal decisão ; eu também gostava de saber qual será o montante economisado com estes quatro dias...
Quem puder, continuará a marcar o 15 de Agosto como dia santo de guarda, dia santinho, como se dizia antigamente.
E ainda a propósito, vou aqui colocar umas rimas de que gosto muito. Desejo que também gostem.

             A Assunção

A uma velha capa que São João deixou
A Virgem Maria ainda a aproveitou...

Escolhendo a parte menos gasta e poída
Desfaz-lhe as costuras,tira-lhe a medida,

Talha uma roupinha para uma criança
Que era a mais rotinha das da vizinhança.

Prestes a alinhava, logo a cose e prova.
Que linda, que linda! Parecia nova...

Nesse tempo a Virgem quantos anos tinha?
Não ficou a conta. Era já vélhinha.

Dava o sol nas casas: brasas de fogueira...
... Horas de descanço, horas de quebreira...

-- E da idade, e de cansaço, e de calor --
Lento, a invade toda um dúlcido torpor...

Fecham-se-lhe os olhos, e descai- lhe a agulha...
... Passa uma andorinha. Uma rolinha arrulha.

As mãos escorregam, ficam-lhe pendentes...
As cigarras cantam nos trigais dormentes.

E a pendida fronte -- ainda mais pendeu...
E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...

Põe- lhe o manto um anjo, curva-se a compô-lo,
E outros anjos descem, pegam nela ao colo...

Com as leves mãos (penugens de andorinhas)
Vão-na embalando como às criancinhas...

E,embalando-a, voam, lá se vão com ela!...
Já lá vai mais alta que a mais alta estrela!...

Outros anjos chegam, querem-na cantar.
Caluda, caluda, que pode acordar...

Que as almas dos justos um hino concertem!
Silêncio, silêncio. Que não a despertem...

Jesus abre os braços, e já quer beijá-la,
Mas pára, detém-se, que pode acordá-la !...

E a mãe da Senhora pediu-lhe a sorrir :
-- Mais logo... mais logo... deixai-a dormir...

 
(Augusto Gil)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Da minha janela eu vejo futebol

Da minha janela eu também vejo futebol, quando a Naval joga no seu campo que tem o nome de Estádio José Manuel Bento Pessoa
Todos moram numa rua, a que chamam sempre sua...esta é " a minha" rua.

domingo, 5 de agosto de 2012

Da minha janela na Figueira da Foz

A minha casa tem varandas e janelas grandes, e em algumas divisões tem duas. Sinceramente nunca as apreciei, e na primeira vez que na casa entrei, depois de subir cheia de mêdo e encostada o mais possível à parede, aquela quantidade enorme de degraus ainda em tôsco, e com pouca proteção lateral, com o construtor à minha frente satisfeito por nos mostrar "o esqueleto" da casa, eu só tive para lhe dizer que a casa estava cheia de buracos grandes. Era assim que eu definia as janelas. Já passaram muitos anos e ainda tenho a mesma opinião. Quando ouço anunciar vento forte lembro-me logo, aí vêm as janelas dentro... Mas nada disso ainda aconteceu, e talvez nem aconteça nunca.
Mas o que me afeta de verdade são os cortinados; como são enormes, ficam sempre caros, e trabalhosos de cuidar. E a cuidar deles tenho andado à alguns dias, e ainda ando, porque desgraçadamente sou perfecionista e nunca os colocaria depois de lavados, sem primeiro os passar a ferro. Mas entretanto decidi vingar-me, fiz uma paragem na tarefa, e ali tenho eu as janelônas protegidas apenas com as percianas, de modo que manhã cedinho já a claridade me invade o quarto, e sem pedir licença me acorda sem a menor cerimónia. Eu colaboro e abro a janela, sinto o ar fresco, e olho à volta, e hoje lembrei-me duma cançoneta antiga (pois claro) dedicada a Lisboa, a nossa linda Capital, que dizia assim:

"Da minha janela, vejo o Tejo perguiçoso
A correr todo vaidoso, caminho do alto mar
Os barcos ao longe, de vermelha e grande vela
Vistos da minha janela, são barquinhos a brincar..."

Tenho a certeza que gostaria de ver igual da minha janela, aqui na Figueira da Foz, mas tal não acontece. Quando para aqui vim viver, ainda se podia observar ao longe o farol e um pouco de mar, sobretudo quando ele embravecia, mas entretanto as construções entrepuseram-se altaneiras, e eu fiquei de cá, e o mar de lá. 



Mas, do mal o menos, não vejo o mar, mas o que vejo também é agradável, e como hoje estava em dia "sim", decidi fotografar (das janelas) algo do que existe à minha volta, e como gostei das fotos coloquei aqui. 


sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Davis já foi operado!

Esta fotografia foi feita ontem de tarde. A minha filha e o meu neto foram levar o Davis ao hospital para ser operado. Já sabemos que correu bem, daqui a 24 horas veremos o resultado, depois ele vai ter de recuperar e até fazer fisioterapia. Para já dorme pois levou uma anestesia muito forte e tem mesmo de ficar sossegado. Vejam mais fotografias nos blogues do Davis:


http://www.vamosajudarodavis.blogspot.com
e
http://www.davis-o-nosso-shar-pei.blogspot.com

Querer é poder!




Bette Calman é uma senhora australiana, tem 83 anos- deu aulas de IOGA durante mais de 40 anos e ainda não perdeu a sua habilidade e elasticidade!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Presidência e Governo ausentes no funeral do Professor Hermano Saraiva

Eu não estive no funeral deste grande português. Mas se o espirito vôa e permanece nalgum lugar, então eu estive lá.
Quando pela televisão vi a saida do funeral, da linda Igreja de Setúbal, eu emocionei-me ao ver os filhos carregando a urna. Soaram também os aplausos do povo; o povo esse sim estava de luto, um luto que se sentia e não se exteriorisava em farpelas, ou óculos negros. Porém das altas esferas do nosso País, eu não vi ninguém... Apenas o Sr. General Ramalho Eanes, com a sua Espôsa a sra. Dra. Manuela.E também o Sr. Professor Rebelo de Sousa. Pensei, que Presidência e Governo ali estariam, e nem só por um momento admiti a ausência, deduzi por isso que possivelmente essas altas individualidades teriam ficado para trás, talvez ainda na Igreja. A T.V. também não "perdeu" muito tempo, para mudar de imagem...
Porém,qual não foi o meu espanto no dia seguinte, quando li no jornal isto :
-"Presidência e Governo não estiveram presentes no funeral."
Fiquei surpreendida pela negativa. Eu nem tenho palavras para exprimir o que penso. Porquê esta exclusão? Por o Professor ter trabalhado para o Estado Novo?
Só posso chamar a isso mentalidade tacanha. Então o Sr. não tinha de trabalhar?
Fez os estudos e não foram poucos (duas formaturas) e depois ficava em casa a olhar o céu... Claro trabalhou onde havia trabalho à altura do seu saber e categoria.
Defendia o Presidente da Républica, pois claro. As pessoas esquecem-se que há 45 anos atrás, não estavamos em Democracia, e que a ninguém era permitido censurar o Governo nem o Presidente
da Républica. Eram intocáveis, aprendiamos isso logo na instrução primária, e era para cumprir. E cumpria-se. Estava mal? Talvez, mas era assim. Entretanto depois do 25 de Abril já todos eram patriotas... mesmo quem nem duas palavras sabia alinhavar, botava palavra; dizer mal é muito fácil. Mesmo entre a maioria dos instruidos, não havia um sentimento de avaliação; no seu conceito quem vinha da Ditadura não tinha mérito. E actualmente as coisas não mudaram muito, constatei o facto aqui mesmo nalguns blogues. Pessoas que se atrevem a reevindicar por situações passadas, que alguns nem conheciam, porque eram creanças na altura, e outros mais crescidos nem as noticias liam, e também porque a censura só deixava vir nos jornais o que entendia. Estes que agora tentam beliscar, nem aos calcanhares do Ministro da Educação Hermano Saraiva hão-de chegar, ainda que vivam mais de cem anos.Nem vale a pena pormenorizar, está à vista...
Mas é muito triste assistir de animo leve,ao desinteresse manifestado pelos actuais governantes e afins, para com os grandes vultos portugueses. Quando faleceu o nosso Nobél, o Presidente da Républica estava nos Açôres em férias, e não quis vir ao funeral.
Que diabo não temos assim prémios Nobél com fartura... mas mesmo assim, o Homem que recebeu este galardão (uma honra para Portugal) o José Saramago, não mereceu a presença do Presidente da Républica no seu funeral. (porque este estava em férias.)
Lamentávelmente, Ontem, como Hoje....

sábado, 21 de julho de 2012

Adeus, Professor Hermano Saraiva

Abri o computador e a noticia caiu-me em cheio. Falo deste modo porque apesar de nunca ter falado com o Sr. Professor Dr. Hermano Saraiva, não o considerava uma pessoa estranha. Pelo contrário, até lhe dedicava uma certa estima,talvez fosse um despropósito, aceito a critica, mas estou a dizer a verdade. Lembro-me muito bem dele como Ministro da Educação, numa época difícil e triste da nossa História, em que os estudantes das Universidades foram maltratados e até perseguidos.Nessa altura ele estava ao serviço do Estado Novo, e naturalmente apoiava os seus governantes. Ficou na lembrança de muitos, e de forma negativa, o momento em que ele clamou contra os estudantes em Coimbra, relevando o então Presidente da Républica Almirante Américo Tomás ali presente.
Posteriormente passou a residir em Brasilia com o cargo de Embaixador de Portugal no Brasil. Já nessa época ele era um valor, um homem distinto, inteligente, culto, viajado,e dotado duma enorme capacidade de trabalho, que manteve até quase ao fim dos seus dias; daí a sua grande obra literária um orgulho para os portugueses. Gostava de Portugal e a ele regressou, falava da nossa história como ninguém, de tal forma que até aqueles que detestavam essa disciplina, o ouviam com agrado. Eu sou suspeita  já referi a minha simpatia, mas gostava muito de o ver e ouvir, e tudo o que dizia sempre me agradava.Procurava não perder nenhum dos seus programas, e tenho muitos deles gravados em video.
Tem algo de surpreendente o facto de, sendo ele uma pessoa de  grande categoria, fôsse em simultâneo duma simplicidade extrema. A propósito quero recordar aqui um facto que me toca : - há uns anos não sei quantos, nem vou verificar a data, o meu marido resolveu criar um Jornal. Foi o Terras de Montemor,que teve uma existência curta, exatamente um ano.Sem vir a propósito quero dizer que foi aliciante, trabalho a dividir pela prata da casa, com a minha filha mais velha a desempenhar uma grande tarefa. Quando se fez o ultimo numero pensámos falar de Fernão Mendes Pinto, natural do nosso Montemor-o-Velho.Nós sabiamos a história dele, mas umas palavras de maior sapiência dariam outro valor ao Jornal. A minha filha escreveu ao Sr. Professor Saraiva pedindo a sua colaboração. Ele não se fez rogado, de imediato chegou um texto, uma carta, e uma fotografia. E tudo de modo tão simples, tão natural, como se nos estivesse a colocar ao seu nível, ou ele próprio descêsse até ao nosso... nunca me vou esquecer.
Hoje a sua vida terminou, e eu não gostei. Mas não vou repetir aquela frase feita, e gasta pelo uso, aquela do "Portugal ficou mais pobre..."  O Sr.Professor Saraiva merece mais do que frases feitas.
O fim é sempre mal aceite, deixa um vazio que nos afecta, mas é a realidade em toda a sua força, inexorável e sem apelo. Mas este grande Homem não morreu. O Professor Hermano Saraiva não morrerá nunca! Apenas parou, e descança agora...




domingo, 24 de junho de 2012

A Zanga não matou a amizade

Já há alguns dias que não escrevia nada, nem visitava os outros blogues mas, hoje voltou-me a curiosidade. Abri o computador e cliquei num blogue dum amigo do meu marido, o Custódio Cruz, que também me estima, e a quem eu retribuo do mesmo modo. O referido blogue tem por titulo "voando nas azas do tempo" e é quanto a mim bastante interessante. Há muito que o visito mas nunca deixei comentário,nem mesmo hoje, apesar do teor do texto escrito pelo Custódio e que me mereceu atenção mais demorada.Porém decidi escrever sobre eles, texto e Custódio, aqui no meu cantinho. E começo por dizer então o que penso. - Nem todos são capazes de vir a publico com humildade e contrição, lamentar a morte de alguém, com quem um dia tiveram conflitos, graves ou nem tanto, mas dos quais veio a interrupção da habitual convivência, e até mesmo o trocar de simples palavras.
Mas o Custódio veio, amargurado mesmo, confessar no seu blog a sua mágoa. Num daqueles dias em que a exaltação se sobrepõe sem limites, o Custódio e o Rui Pedro travaram-se de razões, no Café Brasil. Já sabemos que o Custódio Cruz é um homem integro, mas também um poço de gasolina em risco de explodir, e assim aconteceu, foi mais um caso. Ralharam e desandaram, assunto arrumado, talvez até já posto para trás das costas,quem sabe? Só que não voltaram a falar-se.
Agora surgiu a fatalidade; o Rui Pedro deixou de estar entre os vivos. Dum momento para o outro a sua vida terminou num brutal acidente de viação, e o Custódio não consegue calar a sua amargura. Pormenorisa no seu texto, retrata-se mesmo admitindo o seu erro, que já não pode emendar. Como ele gostaria de abraçar o amigo, e dizer- lhe tudo o que lhe vai na alma nesta altura. Como cristão e crente que é, resta-lhe a esperança, que para ele é certeza, do encontro entre ambos no Além.
Não venho tecer elogios de borla nem pagos, o Custódio não precisa deles, mas quis aqui referênciá-lo e apontá-lo como um exemplo, especialmente neste caso em que se pode avaliar o seu carácter, e dizer que estou com ele. A estima e a amizade são bens que perduram, em deterimento das zangas que a nada conduzem.

Custódio! Acalme o seu espirito que é cristão. O Rui Pedro partiu, e lá de longe ele já lhe perdoou. E também quero lembrar-lhe, que embora um mais do que o outro, os culpados são sempre dois...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Votem neste Martelinho no Facebook para ajudar o Davis!


A minha filha concorreu ao concurso de Martelinhos do S.João do Porto. Se tiver muitos LIKES no Facebook ganha o prémio em dinheiro e esse dinheiro vai para a operação do Davis, o cão shar pei do meu netinho Gabriel. Devem seguir aquele link abaixo. É preciso terem Facebook, eu não tenho. Votem, divulguem nos vossos blogues  e ajudem o Davis!


sábado, 16 de junho de 2012

Foi no passado mês...

Pois meus amigos por aqui por esta pequena cidade que é linda, onde ainda se ouvem cantar os passarinhos, que tem a serra, o rio e o mar, tem estado um sol maravilhoso, um céu azul e
ar quentinho que convida a sair de casa. É só optar por um dos muitos locais aprasíveis, porque a tentação é notória . Bem, eu também caí na boa tentação e fui apanhar ar do puro, lá no alto na serra, a Serra da Boa Viagem com os seus 261,88 metros no ponto mais alto chamado Bandeira.
Tanto para norte como para sul, o panorama é lindíssimo e vasto, vai até onde a nossa visão pode alcançar. Mais perto ao redor de nós, por todo o lado arbustos viçosos perfumavam o ar, e a dar-nos sombra as árvores de várias espécies, que entretanto já apareceram de novo, depois do crime que foi o incêndio de triste memória de há uns anos atrás, e que na altura nos deixou uma árida paisagem lunar de negro e cinza, onde antes havia um oásis de verdura, uma espécie de paraíso.
Sentei-me, ou melhor sentámo-nos, pois não estava só. A conversa entretanto iniciada foi esmorecendo, e eu a certa altura usufruindo daquela paz, daquele socego, em que só os pássaros trinavam, e as ségarrégas ou cigarras, saudavam o tempo quente ensaiando o seu côro sem interrupção ... não, não adormeci, parecia que eu ia dizer isso? Não! Pelo contrário; o contacto com a Natureza faz-me estar acordada e até me convida a pensar, talvez também a meditar, e a refletir.
E foi assim que me achei de olhar parado a pensar para mim própria, alheada já do bem estar que me envolvia. E sobre o que me ocupou a atenção eu vou contar.
-Não sei como tiveram conhecimento do meu contacto telefónico, funcionárias de algumas instituições de bem-fazer. Sabem o meu nome, até já me tratam familiarmente e não há forma de me esquecerem, pois quando menos espero toca o telefone e lá vem uma das vozes que logo identifico.
Eu nunca me atrevi a negar ajuda, detesto a palavra não. Lembro-me sempre duma expressão que diz assim:-
NINGUÉM É TÃO POBRE QUE NÃO POSSA DAR, NEM TÃO RICO QUE NÃO POSSA RECEBER.
Mas nos ultimos dias, tive de negar o meu habitual contributo para mais uma situação premente, e fiquei de imediato triste pelo facto, até porque em pouco tempo foi a terceira vez que eu tive de dizer não.
Quase sem jeito e em termos de confissão, eu disse o motivo da minha recusa, acrescentando mesmo que me sentia envergonhada, porque se me estavam a pedir para um ser humano, eu recusava porque tinha de apoiar um ser vivo mas era um animal, um cão. Jamais esquecerei as palavras da D. Liliana, a Sra. que do outro lado da linha me encorajou a prosseguir, referindo mesmo que eu não devia sentir vergonha pela minha luta, no sentido de dar mais tempo de vida a um animal.
Lembrou-me a propósito, as palavras sábias do grande Mahatma Ghandi, que disse, A GRANDEZA DUM POVO VÊ-SE NA FORMA COMO TRATA OS SEUS ANIMAIS.
Por fim colocou-se a meu lado para ajudar também.

Ao despedir-me agradecida, não pude deixar de pensar " é de Gaia, é do Norte, está tudo dito."

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Guarda-Noturno sem Cassetete

Na cidade onde vivo, nunca me apercebi de haver o serviço de guarda noturno,
creio mesmo que não há, mas em Lisboa sempre ouve. Estes guardas eram muito estimados pelos residentes, que reconheciam o seu trabalho duro, pois enquanto eles dormiam, o guarda noturno zelava pelo seu socego, ainda hoje assim é.
Sempre achei este trabalho algo desagradável por ser feito de noite, e não isento de perigos, visto que o guarda está sósinho na zona que lhe destinaram, e ali anda uma noite inteira na rua, à mercê de todo o mal que lhe possa acontecer. Mesmo sem casos desagradáveis, o frio e a chuva especialmente no inverno, também são factores negativos a ter em conta. Mas é preciso ganhar a vida ...
Do tempo que estou a recordar, a nossa capital era uma cidade calma, só nos bairros era comum haver brigas, que a policia breve dominava. Várias vezes, eu e o meu marido depois de jantarmos em Lisboa, regressavamos a casa vindo a pé desde Almirante Reis até ao Cais onde apanhavamos o Cacilheiro. Era longe mas gostavamos de andar, e embora fosse de noite, como atrás digo não havia perigo. Então calmamente, faziamos um passeio agradável pela cidade sempre bonita,
mas que aquela hora era diferente do que era á luz do sol.
Muita coisa mudou após a nossa linda revolução, que ficou conhecida por Revolução dos Cravos, porque das espingardas dos soldados não partiram tiros, antes floriram, pois todas tinham no cano um cravo vermelho. Ganhou-se a liberdade, mas nem todos entenderam o seu significado; pior, confundiram liberdade com libertinagem e com esse pensamento feito certeza, começaram a agir da pior forma.
Assim, actualmente na nossa Lisboa a tranquilidade deixa muito a desejar, é do dominio publico, basta ler os jornais. Eu leio, e comparando com o passado não posso deixar de lamentar, e tenho pena.
Mas, qual não foi o meu espanto ao ler hoje pela manhã (no computador) esta informação:
" Governo quer proibir armas de fogo e cassetetes aos Guarda Noturnos".
Fiquei em pasmo! Eu não digo que os guardas devam andar aos tiros por tudo e por nada. Mas ao menos que se saiba que eles andam armados. Se possível com arma à vista, para intimidar quem os queira atacar.
Eu não entendo tal ideia. Então um guarda não deve ter uma arma? Secalhar em vez dela, vai passar a trazer uma bandeja com pasteis de Belém e um Térmo com café quente, para dar a quem estiver a iniciar um assalto...

Se alguém entender esta medida do Governo, me explique por favor que eu agradeço, porque sinceramente não entendo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Queremos salvar o nosso sharpei

Começo por apresentar desculpas aos habituais visitantes do meu birras, pelo facto de por ele passarem e nada encontrarem de novo. Estou a ser descuidada em demasia, e pelo facto penitencío-me de imediato.
Eu ando um tanto desanimada, e como tal sem inspiração. Contudo existe um motivo, e eu vou contar. Trata-se dum animal, um cão.
Como tal, poderia pensar-se num caso de pouca importância, porém não é bem assim. Estou a falar do sharpei que a minha filha trouxe para casa pequenino, mais parecia um peluche cheio de refêgos, e que depressa se tornou grande e forte. Impetuoso, e cheio de vivacidade, tornou-se muito afectivo para com a familia humana, afectos retribuidos pois era um amigão, um companheiro sem reservas. Estava em boa forma, mas adoeceu e foi sugeito a uma intervenção cirurgica, que correu bem e da qual recuperou. Porém nova patologia começou a fazer estragos, e nesta altura depois de vários exames e TAC, outra cirurgia está marcada. É uma intervenção delicada, mas sem ela, o cão que está em sofrimento deixará de andar, porque não existe cura, só lhe resta o análgesico, e decidir o seu fim.
Eu bem sei que se trata dum animal e não duma pessoa, mas é muito doloroso em especial para quem vive ao seu lado à sete anos, decidir pelo fim da vida dele, sabendo que a operação pode trazer-lhe de novo a saude.
Assim a intervenção está marcada, e o seu custo um valor que assusta a sua dona, que como professora que é, também se viu privada dos dois mêses de vencimento.
A irmã, minha filha mais velha, recordou que ainda à pouco contribuimos para um caso identico, nesse era uma gatinha, que se curou graças "ás pequenas ajudas de muitos amigos" dos animais.
E decidiu pôr à venda algumas coisas, e também pedir ajuda, para custear em parte a referida operação criando um blogue - Vamos ajudar o Davis!

No lado direito do blog está a foto do Davis, se clicarem em cima vão ter ao blogue com toda a informação.





quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mês de Maio,deixei de gostar de ti

Foi na escola durante a instrução primária ( assim se chamava o actual ensino básico) que a professora nos ensinou durante uma aula da 1ª classe, que o mês de Maio era o mês das rosas.
Também era a altura em que muitas outras flores desabrochavam, não só nos jardins como também nos campos e montes.
Flores expontâneas, milagres da Natureza; os malmequeres amarelos, as papoilas vermelho vivo, os lirios do pasto, réplica singela dos tão apreciados gladíolos.Era de facto o mês das flores. Mais tarde percebi que para a maioria das pessoas, o mês de Maio tinha caracteristicas diferentes além das flores, era também o mês de Maria, e todos os dias à noitinha havia na Igreja uma celebração religiosa, em honra da mãe de Cristo, a Virgem Maria. Rezava-se o terço, e um grupo coral feminino que na altura existia, estava sempre presente com os seus canticos que aos fieis encantava. Era igualmente neste mês que se ia em passeio apanhar o ramo da Hora, na Quinta-Feira da Ascenção, (dia da espiga) constituido por espigas de trigo, de cevada, papoilas, malmequeres e flores de sabugueiro, as perfumadas Maias. Guardava-se este ramo, e quando o relampago cortava os céus e o trovão ribombava medonho e assustador, queimavam-se nas brasas acêsas algumas destas plantas então já secas, com a certeza de que a trovoada amainava, e passava sem causar dano. Também era neste mês que se rumava a Fátima no dia 13 como actualmente se faz, mas talvez com mais recato.
Eu também gostei do mês de Maio durante muitos anos, mas nada é eterno, e este mês que para mim foi lindo durante tanto tempo, mudou, e passou a marcar datas de factos tristes e inesqueciveis. Foi neste mês que vi partir para sempre, algumas das amigas de quem recebi muita estima; na familia também a minha sogra, e até o meu sogro alguns anos antes, faleceu igualmente em Maio, tinha eu então 21 anos, mas nem sequer sonhava que viria a entrar na sua familia.Recordo aquele homem de ar um tanto austero, de andar apressado, sem sorrisos, mas respeitado e respeitador, que levava a mão ao chapéu quando eu o cumprimentava. Como tudo o que podia ter sido e não foi, mais tarde quando entrei na familia Fernandes, lamentei a sua ausência e tive pena, embora nunca tivesse conversado com ele.
Dentro de alguns dias, o calendário vai indicar-me que passaram cinco anos sobre mais um dia triste, que ainda não esqueci nem esquecerei. É uma frase feita, eu sei, mas de facto eu fiquei mais pobre, ao perder a minha mãe.Fiquei; perdi muito de mim e nunca mais fui a mesma.Julgava-me forte, e fui até certo ponto, mas aquele espinho que se chama luto no coração, cravou-se fundo, e eu o acolhi sem reserva por tempo indeterminado. Queria recordá-la aqui, lembrar tanta coisa, mas não consigo, nem sei como começar.
Prefiro colocar a sua fotografia. E reparar como a minha mãe era bonita, aos 31 anos. 

É também uma recordação dum passeio à Figueira, no dia do meu nono aniversário.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cantar glórias? Como ?

O tempo passa e altera os nossos gostos e comportamentos. Mas se não for para nos tornar piores, tudo está certo. E porque digo isto ? Porque cá por casa algumas alterações surgiram e ficaram. O meu marido que aos Domingos saía da cama cedinho para ir fazer longas caminhadas a pé, de há uns tempos para cá trocou este desporto por outro. Levanta-se cêdo ainda com tempo escuro, e vai tratar de tomar o pequeno almoço. De seguida volta para a cama com a afirmação de que está todo quentinho por dentro e por fora, e adormece de novo num sono pesado como se fosse o inicio da noite. Eu por vezes só me apercebo quando ele regressa sorrateiro,e não interrompo o projecto da nova soneca.
Hoje eu também fiz igual. Pouco passava das oito da manhã, mas o vento e chuva davam inicio a um dia sem sol, escurinho, e sinceramente tomar o café e voltar para a cama, tornou-se mesmo tentador e desta vez aceitei a tentação.
Voltei para o quente, mas sono não apareceu, e naquele socego pude ouvir com atenção, quando chegou a hora, a transmissão feita a partir da Assembleia da Républica da comemoração dos 38 anos do 25 de Abril. O meu interesse ia no sentido de ouvir o Sr. Presidente da Républica. Há sempre uma certa expectativa, e mais neste ano porque alguns portugueses se demarcaram, e não quiseram estar presentes na sessão. Ouvi então o Dr. Cavaco Silva que durante grande parte do seu discurso, inumerou as muitas valências adquiridas, e as potencialidades do nosso País e dos Portugueses, realçando valores, nomeadamente acerca do numero elevadissimo de doutorados, mestrados, engenheiros, etc... Também falou da nossa enorme costa maritima,até quanto à distância kilométrica, que é substâncial... Enfim, uma enorme avalanche de coisas boas que não me foi possível reter, e nem valia a pena porque toda a gente que quis ouvir, ouviu. Quem desconhecêsse a verdade nua e crua da vida actual dos portugueses, e ouvisse esta parte do discurso, queria logo vir para aqui, porque isto era o paraíso na terra. Fiquei pasma ! Então metade dos portugueses passa fome, recolhe-se o que sobra em locais onde se confeciona alimentação, para tentar minorar a necessidade de quem não tem que comer. Já pensaram a tristeza que é estar á espera dum resto? E no entanto é a realidade, a triste realidade. E o Sr. Presidente a "mostrar" progressos...
Eu até falei alto e disse : acredito que os jovens licenciados, mestrados,doutores e afins, sejam agora muitos,e que actualmente a população jovem seja erudita, mercê dos estudos que adquiriram. Muito bonito sim ! Mas a maior parte destes jovens onde está colocada ? Num trabalho compatível com o que aprenderam ? Com um ordenado justo ? Puro engano ! Vão aos supermercados encontram lá alguns, a trabalhar nas caixas. Outros em casa a viver à custa dos pais.
E no sector fabril? As fábricas fecharam. E os operários como estão ? Desempregados ! E a entregar as casas que adquiriram e não conseguem pagar. E os Bancos a vende-las por tuta e meia a quem se aproveita da miséria dos outros para ser feliz. Isto não é altura para cantar glórias...
Este Sr.Presidente ou não quer ver, ou não pode ser franco!
Depois o resto do discurso é o vira o disco e toca o mesmo... é sempre a apelar à união entre os portugueses. Ah,mas uma coisa o preocupa sobremaneira é a opinião pública Internacional, acerca de nós... Sempre as aparências em vez dos alicerces.
Eu sempre ouvi dizer que " galantería sem algo pra mastigaría, é gaita que não assobia."
E estou de acôrdo.