domingo, 23 de janeiro de 2011

Acreditar,seria óptimo...

Ontem apelei à paciência para que não me abandonásse ao serão, pois estava interessada em ver um programa na TVI, o qual vinha sendo anunciado à alguns dias. Primeiro sucederam-se as novelas e a publicidade que as antecede, chegando a insistencia ao ponto de num espaço de poucos minutos, o anuncio em questão passar tres vezes. É demasiado maçador, mas só raramente reparo nisto, porque simplesmente não sou “cliente”das ditas cujas,mas não as menosprezo, nem a quem as aprecia. Fiquei então a aguardar o tal programa,suponho que se chama “para lá da vida”, e como o nome indica trata-se de algo a tocar o sobrenatural. Eu confesso que padeço de céticismo, gostava de acreditar sem reservas, mas como assim não acontece, ando sempre à procura e com esperança que algo chegue ao meu subconsciente, e me aponte que estou errada. Foi com um laivo de esperança que me acomodei no sofá, me revesti de atenção e fiquei na expectactiva. O assunto é delicado, trata-se duma senhora inglesa que é apresentada como Médium, e como tal “vê e ouve” pessoas que já morreram ; uma jornalista da TV faz a tradução no momento. Os familiares que ali estavam para saber dos seus mortos, figuras públicas e idóneas, conhecidas de todos nós, entenderam suficiente o que ouviram, para o sentir como verdade. Alguns comoveram-se, tendo mesmo dificuldade em conter as lágrimas. Como eu os invejei! Até pensei, e disse - eu também gostava de passar por esta experiência...
Mas depois,depois... um pequeno pormenor assaltou-me: e ficou “a martelar-me” com insistencia... A sra. é inglesa, não fala português (daí a necessidade da Interprete) como é que ela entende as palavras daqueles que estão no Além? É que neste caso eram todos portugueses!
Responda - me quem souber, eu agradeço desde já.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Campanha Eleitoral e as Despesas...

Estamos em pleno “arraial”. E qual? Sim, porque durante o ano acontecem vários, uns de pouca monta, outros de grande estrondo, nem precisam de foguetes. Refiro-me ao actual,o arraial que antecede as eleições. É ver aqueles senhores acompanhados dos convidados e amigos, lembram- me a galinha com os pintaínhos um quadro de ternura que se perdeu, pois já nem nas aldeias os pintos têm mãe.
Pois lá seguem os nossos candidatos em desfile, distribuindo sorrisos de ocasião ou melhor, sorrisos de momento, porque tudo aquilo é por de mais fantasia, é caça ao voto, é a pedinchice velada e habitual, e o povo ingenuamente aplaude e ... ri !
Dada a evolução da técnica que se operou a todos os níveis, e principalmente no campo da comunicação, não seria muito mais lógico tirar partido desse “bem”?
Toda a publicidade que os candidatos fazem de si próprios, incluindo promessas (que raramente cumprem) etc, não podia ser feita pelas televisões ? Para quê os tais passeios de terra em terra? Para se mostrarem? Já se mostraram e até demasiado. E ao final do dia as jantaradas, pois; coisa boa, passeio e comida certa! Não conseguem governar o país, mas não travam despesas! apregoam que não há dinheiro, fazem cortes em salários baixos, e em tudo o que lhes lembra,e dirão entre si o povo que aguente! E não sentem remorsos...
Oh Povo deste país, repara que estamos de tanga, não mimes com o teu sorriso ingénuo e franco, aqueles que de estômago aconchegado, não se preocupam se ainda tens pão, e só te sorriem uma vez, em tempo de eleições.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os Reis Magos na Figueira da Foz

Quase sem eu dar por isso chegou o dia de Reis. Aqui na Figueira da Foz (minha terra adoptiva) ainda se recorda a chegada dos Reis Magos à cabana de Belém. Assim ano após ano um grupo de “resistentes”, e uso esta expressão porque a maioria das pessoas já perdeu a alegria e a paciência para actuar, e dar continuidade a uma tradição que tem valor e é de manter, mas que dá trabalho e faz perder tempo. Eu disse perder, mas está errado, com estas iniciativas não se perde tempo, gánha-se em realisação e convivio o que é bastante salutar.
Hoje a noite não estará talvez de feição, faz vento, o sol que já apareceu muito desmaiado,já se escondeu, secalhar a chuva voltará com o anoitecer, o que é de lamentar. Confesso que também desconheço o programa, mas recordo que há alguns anos atrás, valia a pena sair de casa e ir até à rua da Républica para ver passar o cortejo.Os reis vinham coroados, vestidos com trajes de cetim e veludo, capas longas pendendo dos ombros, montados em cavalos, e até o rei preto (que era branco) se sujeitava a uma maquilhagem forte para que o seu rosto e mãos ficássem de cor negra. Outros figurantes os acompanhavam, pastores com cordeiros ás costas, mulheres do povo trajando ao jeito daquela época, rapazes com archotes, e a filarmónica e gaiteiros. A assistência animada aplaudia com alegria. Depois de desfilarem pelas ruas, havia a representação dum auto dos Reis Magos. Hoje não sei como será, mas algo há-de haver. E depois, adeus até ao ano.

Perdoem, mas eu sou adepta de poesia, e neste fim de festas Natalicias, não podia deixar de incluir umas rimas (lindas). Se gostar de poesia for pecado, então eu sou uma pecadora, sem direito a perdão...
Mas para não “massar” muito, hoje escolhi um pequenino trecho dum grande poeta português, que até sofreu consigo próprio, mas não conseguiu ser crente. Porém a sua sensibilidade é por de mais evidente.

Último Natal (1990)

Menino Jesus, que nasces
Quando eu morro,
E trazes a paz
Que não levo,
O poema que te devo
Desde que te aninhei
No entendimento,
E nunca te paguei
A contento
Da devoção,
Mal entoado,
Aqui te fica mais uma vez
Aos pés,
Como um tição
Apagado,
Sem calor que os aqueça.
Com ele me desobrigo e desengano
És divino, e eu sou humano,
Não há poesia em mim que te mereça.

(Miguel Torga)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Serenidade!!! diz o Presidente da Républica

Talvez por influencia do tempo chuvoso e triste, sinto necessidade de ouvir barulho à minha volta. Porém não quero musica,eu que tanto a aprecio,agora rejeito qualquer acorde. Quero ouvir falar, e enquanto trato das minhas tarefas ligo o rádio ou a televisão que me proporcionam o que desejo. Tenho ouvido debates e críticas de toda a ordem, numa amalgama de opiniões que por vezes já não sei quem merece aplausos ou pateada. Eu ouço mas não retenho, para quê ocupar a massa cinzenta que já deve ter pouco espaço livre, com tais sermões?
No entanto existem excepções, por vezes lá fica algo que dá para meditar.
Num dos ultimos discursos do Sr. Presidente da Républica reparei ( para além das habituais expressões que ele usa e abusa, apelando à serenidade) numa toada de esperança,relativamente ao futuro do nosso País. Nada mais natural, não estaria certo o comandante desta Nau apontar- nos o abismo como destino.
Sem desanimo, afirmou que Portugal já viveu várias situações dificeis e que as ultrapassou,e recordou algumas. Disse então que Portugal até já tinha perdido a Independência e que depois a recuperou de novo.
Sim é um facto. Mas perdoe-me a ousadia do meu comentário Sr. Presidente, isto dito com esta simplicidade que todo o País deve ter ouvido, parece uma coisa banal do género hoje perde-se e amanhã acha-se...
E no entanto não foi assim tão linear, entre o perder e o recuperar passaram 60 anos,foi muito tempo. Pois; 3 reinados, 3 reis espanhois,os Filipes de Hespanha.
Dos portugueses que assistiram à perda da Independência,poucos terão festejado a sua retoma,pois naquela época a vida não era longa,e entretanto como foi a sua vida? De privações,todos o sabemos, uma desgraça que durou 60 anos.
Estarão os portugueses guardados para nova e idêntica odisseia?
Quem sabe? Mas não se aflijam, porque voltam a ter a independência.
( 60 anos passam depressa...)