segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um amigo que perdi

Também eu quero deixar aqui ( no meu blogue) marcada a data em que parou o coração dum sr., que comecei a estimar à 58 anos atrás.Era o sr.Artur. Digo que comecei a estimá-lo porque foi nessa altura que ele veio viver para "a minha" rua,pois casou com a minha amiga e visinha,a Arminda,de quem eu costumo dizer a rir, que é a minha irmã mais velha... Eles eram muito novos,mas ele logo captou a estima dos mais velhos pela sua conduta respeitosa e agradável.Pessoalmente também recordo a estima que sempre me dedicou,sendo eu nessa altura uma adolescente e ele um sr. já casado, e posteriormente um pai, vaidoso com a sua primeira bébé. Eu adorava a menina,e igual aconteceu com os gémeos que apareceram mais tarde,e com a irmã,a ultima a chegar. Recordo em especial o batizado dos gémeos,fui convidada,foi uma festa. Eram dois,facto pouco comum nessa altura; a minha amiga Arminda atarefada a vesti-los,e a dar apoio ao que se passava lá dentro na cosinha, pois o almoço foi lá em casa,parecia um casamento.O sr. Artur (boa figura) impecável no seu fato azul escuro,radiante,dava e recebia abraços,estava feliz ! Que alegria naquela casa! Os anos passaram, o dia do meu casamento também chegou,e entre os convidados esteve o nosso amigo,ainda guardo o cartão de visita com votos de felicidades,que ele juntou ao dinheiro que me ofereceu dentro dum envelope.Fomos viver para Lisboa,mas quando vinha a Montemor, a casa deste casal era o meu hotel, inclusivamente dávam-me a cama deles...Só pessoas muito amigas têm estes gestos. Eu reconheço e não esqueço.
Estava ao facto do seu estado de saúde,pois o telefone é um meio ao dispor,e a minha amiga logo me comunicou o seu internamento;mas tantas vezes ele esteve internado,seria mais uma vez, pensava eu... porém,acabei por perceber que estava errada,perdi a esperança, era diferente, iria ser a ultima.
Naquele dia bonito,dia de Nossa Senhora (8 de Dezembro) o seu coração parou. Embora aguardásse essa noticia,custou-me ouvi-la.
Somos adultos,mas não é de ânimo leve que vêmos partir sem retorno,aqueles que nos estimaram ao longo duma vida...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Site Memoriamedia

Um site interessante com recolha de cultura popular:"recolha e difusão da literatura tradicional/ oral/ popular e de todas as formas de manifestação desta cultura – tradicionais e contemporâneas – enquanto parte do património imaterial, nacional e universal da humanidade".

sábado, 5 de dezembro de 2009

Que te fizeram?Jardim da Figueira...


Ontem passei pelo jardim da Figueira duas vezes.Caminhava devagar aguardando a abertura das lojas após o almoço,porque não sabia se por estarmos perto do Natal o horário teria sofrido alteração.Assim pude observar em pormenor,o aspecto do actual jardim,que de jardim apenas tem o nome.Desde que me recordo,sempre os jardins foram locais arborisados onde cresciam flores,cuidadas por pessoas que para isso tinham geito e sensibilidade,eram os jardineiros. Por vezes até surgia a tentação de colhêr uma flor,mas, o respeito que o jardineiro impunha,logo desanimava tal pensamento;e assim os jardins eram locais aprasíveis,as flores de várias cores,escolhidas com gosto davam um aspecto alegre,e também a arte se manifestava quando com as plantas se via desenhado o brazão da localidade,ou uma saudação... Pois,mas neste não crescem flores,é um parque árido,e ontem como fazia vento também senti como actualmente é desabrigado.Completamente descaracterisado,sem flores,sem corêto,aquele que tinha água à volta,e até peixinhos vermelhos,sem o lago dos cisnes interessante no seu desenho assimétrico,com a estátua à sua beira, o pombal... "e tudo o vento levou". Sentei-me a olhar para aquela aberração a que chamam pála,aquilo tem todo o aspecto de estar ali provisóriamente,talvez para proteger alguns utensílios da intempérie ou do sol escaldante... Aquela engrenagem é comum nas feiras,para cobrir as tendas,e até é perigoso porque ás vezes tropeça-se nos espetos,ou nas cordas a eles presas.Não pude deixar de comentar para mim própria com algum sentimento de pena ( e não sou da Figueira ) como foi possível fazer tanta maldade...

Conquistar...mas,a que prêço?


Para ser verdadeira devo dizer que sempre me impressionei desfavorávelmente com os relatos de violência;mesmo quando ainda na escola aprendia história de Portugal e a sra.professora nos falava de batalhas,e dizia que nós portugueses haviamos conquistado muitas terras além mar, e que muitos rapazes jovens,e também fidalgos e até um rei morreram nessas guerras, e que eram homens valorosos,etc... isso já nessa altura me fazia alguma confusão... Morreram pela Pátria,e dizia é uma honra! - Eu ouvia isto e encaixava,mas eu também sabia que morrer era deixar de existir,e até tinha pena.O tempo foi passando e fui ficando um pouco mais exclarecida,e finalmente cheguei à conclusão que a humanidade passou a maior parte do tempo em batalhas e guerras,com todo o cortejo de sofrimento e morte que lhes é adjacente,e os motivos eram sempre os interesses.Não se combatia por uma causa de amor, a carnificina terrivel (que já vimos representada em filmes) era sempre para adquirir algo. Afinal algo que pertencia a outrém.Agora que já estou tão longe da escola primária(actual ensino básico), não consigo alhear-me da dualidade;"o respeito que devo aos bravos que povoam a nossa história,e o facto de chamarmos conquistas à apropriação por sofrimento e morte,do que era propriedade desses povos que fomos invadir,e infligir sofrimento".