segunda-feira, 25 de abril de 2016

Os Cravos na Revolução

Oh meus queridos Senhores "das Noticias ao Minuto", perdoem-me porque eu não me contive sem vos roubar esta noticia. Quero que ela chegue aos meus amigos de além mar................
"Foi Celeste Caeiro, agora quase com 83 anos, que em plena revolução, entusiasmada, se recusou a ir para casa e ofereceu um cravo a um soldado. Ao Notícias ao Minuto contou a história."

"Tinha então 40 anos e trabalhava num restaurante na Rua Braancamp, em Lisboa. A casa comemorava no dia 25 de abril o seu primeiro aniversário e os patrões decidiram fazer uma festa.No dia antes, compraram dezenas de cravos vermelhos e brancos que guardaram no restaurante em baldes com água, com intenção de, para assinalar a data, decorar o espaço e oferecer uma flor às clientes.“Levantei-me cedo, como de costume, mas quando cheguei ao trabalho os patrões disseram ‘meus senhores, a casa hoje não abre porque se está a dar um golpe de Estado. Vão para casa’. Pediram-me a mim e a outra empregada que levasse os cravos para casa”.Celeste pegou num grande molho e foi para o metro, com intenção de ir para o centro do acontecimento, apesar dos avisos da colega, que a aconselhou vivamente a ir para casa.

Ir para casa?! Então está-se a dar uma revolução e eu vou para casa?! Estava entusiasmada, já estava à espera que aquele dia chegasse há muito tempo”.Saiu do metro no Rossio e foi até ao Chiado onde se deparou com “um grande aparato”, tanques e soldados armados. Perguntou a um deles o que se estava a passar e disseram-lhe que iam para o Carmo deter o Marcelo Caetano.“Um dos soldados pediu-me um cigarro. Nunca fumei e tive pena de não o poder ajudar. Ainda olhei em volta para ver se lhe podia comprar um maço mas estava tudo fechado. Disse-lhe ‘Só tenho estes cravinhos’”.

“Tirei um do molho e dei-o ao soldado. Nunca esperei que ele aceitasse mas ele pô-lo no cano da espingarda. Comecei a distribuir os cravos por todos e a pô-los nas espingardas até ficar sem nenhum”.Celeste foi para casa e contou à mãe o que tinha feito, com intenções de voltar para a rua. “Esta rapariga é maluca! Vais levar um tiro!”.

“Até o escritor Luís de Sttau Monteiro, que eu conhecia - morava lá no prédio -, me disse que não voltasse a sair de casa. ‘Isto é uma guerra’, disse ele, e eu a pensar que ia correr tudo bem”.

“Fui festejar. Foi muito bonito, uma maravilha”, ainda houve “gente que não queria a revolução”: chegou a ver a polícia a bater em pessoas e outras “escaramuças”, mas no geral o ambiente era de “euforia", contou Celeste que ainda se "comove" ao recordar aquele dia há meia vida atrás e sabe bem que, se fumasse, o 25 de Abril seria hoje completamente diferente."

sábado, 9 de abril de 2016

Esqueceram-se do Poeta

Caros visitantes,

Quero deixar desculpas pela minha ausência, não é demasiada é certo, mas um constante adiar tem-me deixado calada mais tempo do que é habitual. Os vírus deram comigo, e tem sido difícil irradicá-los. Mas, como diz a canção "a tempestade há-de passar..."

Sem procurar muito, encontrei um blog da região de Viana do Castelo, mais própriamente de Afife.
Afife, Cabanas, nomes ligados ao Poeta Pedro homem de Melo, que nos deixou há 32 anos. Tanto tempo que já passou... Parece que ainda o estou a ver na TV, e a ouvi-lo declamar com a sua voz forte os lindos versos da sua autoria, ou a falar do folclore e da gente humilde, do povo que ele tanto valorizava.
Nascido no Porto, de ascendência fidalga, iniciou os estudos em Coimbra, continuando depois em Lisboa onde concluiu o curso de Direito, e posteriormente desempenhou vários cargos públicos.
O seu currículo é rico, mas não vou aqui reproduzi-lo, apenas e só, por ser demasiado extenso. E de resto porque é conhecido da maioria dos portugueses.
Estou a escrever porque li no tal blog de Afife, noticias que me deixaram um tanto penalizada.
E porquê ? Pelo que encontrei escrito.

Diz assim o bloguista :-

«Hoje o poeta está esquecido, Cabanas já não é mais o local de inspiração dos poetas, nem tão pouco o terreiro que servia para se dançar o folclore a 6 de Setembro, não tem hoje qualquer significado...
Agora é só lembranças de alguns, e que se vão perdendo conforme as pessoas vão desaparecendo, levando consigo muitas das histórias vividas em Cabanas e do Poeta.»
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Como é possível, murmurei para mim própria...
É simplesmente triste, que no nosso País se votem ao esquecimento homens que foram grandes no seu saber, como é o caso deste Poeta e grande folclorista, que marcou uma época com a sua extraordinária versatilidade. Mas não é só triste, é injusto, é falta de respeito, é ignorância em relação ao belo, às letras, à poesia, aos cantares do povo... Ao que é nosso, e de que actualmente já nem se fala.

Pedro Homem de Melo nasceu no Porto, mas passou grande parte da sua vida em Afife, na localidade de Cabanas, local inspirador para a sua poesia.

A entrada da antiga mata de Cabanas, onde se encontram os poemas de Pedro Homem de Melo, "Eternidade e Ascenção" datados de 1939.


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Estas fotos foram feitas há seis anos - já então era notória a degradação dos muros que outrora receberam os azulejos...
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Pedro da Cunha Pimentel Homem de Melo, faleceu com 74 anos na cidade do Porto, mas por vontade expressa repousa em campa rasa no cemitério de Afife. Ali se encontram há entrada, algumas das suas poesias.

Obviamente destaco esta, "ULTIMAS VONTADES"


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Posteriormente, na data do centenário do seu nascimento, foi-lhe prestada merecida homenagem, póstuma.

E depois, veio o silêncio, e o esquecimento...
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Quero dizer que só me foi possível fazer este post, indo buscar elementos e fotografias ao
Afife Digit@l Jornal on-line de Afife.
E caso alguém se sinta desagradado, agradeço me informe, que apagarei de imediato.