sábado, 22 de março de 2014

O almoço de sábado

 Parece madeira mas são bocados de abóbora menina para ser cozinhada.
 Aqui já descascada, lavada e cortada em bocadinhos, pronta a ser cozida. Um pouquinho de água no fundo da vasilha, sal, e colocar ao lume.
Já cozida à espera de arrefecer um pouco para levar umas colheres de farinha, canela em pó e uma colher de azeite. A varinha mágica faz o resto. Depois novamente ao lume para uns minutos de fervura lenta, e mexida com colher de pau. Finalmente colocar em pratos individuais, para que cada apreciador  utilize a quantidade de açucar  que desejar.
São as papas de abóbora, um prato usado antigamente em especial nas casas dos lavradores, era considerado um mimo.
Mas duma maneira geral, toda a gente uma vez por outra fazia umas papinhas. Eu sempre gostei muito, e gosto, ao ponto de me servirem de refeição.
No entanto penso que poucas pessoas actualmente apreciem papas... perdeu de moda. Ou então estou a percipitar-me na afirmação.
Atrevo-me a dizer que experimentem, porque para além de tudo é uma comida saudável.

O cão mais maroto que já vi!



Olá amigas dos animais
As minhas filhas gostam muito de cães e a mais velha anda sempre a enviar-me videos engraçados com eles! Este mostra o que o cão faz quando a dona sai. Ele não devia ir para cima da cama, mas...vejam o que sucede!
Eu também gosto deles, neste caso dos cães, de os ver satisfeitos,
bonitos, bem tratados,  acarinhados e sobretudo com donos responsáveis; mas que não seja eu. Não tenho atração para ter estes bichinhos em casa. Dou-lhes o valor que merecem, e fico incomodada quando surgem noticias sobre o mal que lhes fazem algumas pessoas, a quem nem deviamos chamar pessoas.
Tive em casa durante muitos anos passarinhos, periquitos, lindos, de várias cores. Cá nasciam cá viviam, e viveram até se extinguirem com a muita idade.
Voltando ao cão, este do video é engraçado, e procede sem cerimónia, mas lá está, na minha cama ou sofá, " isso não, Julião..."

E depois mais este...

             

domingo, 16 de março de 2014

Arroz doce

Pois ontem eu lembrei-me de fazer arroz doce. Era para fazer no dia do pai, mas pensei para quê esperar? Caladinha iniciei o cosinhado e disse para mim, amanhã até é Domingo calha bem ter um docinho, o nosso  tão conhecido arroz doce. É bom e dá fartura, um pormenor que igualmente me agrada. Quando já estava pronto aparece a minha filha que foi "avisada" pelo cheirinho, vinha para rapar o tacho como também é hábito. Eu estava a dividi-lo: uma travessa para a filha casada, um pratinho para cada um de nós para o jantar, e uma travessa para o almoço e jantar de Domingo. Só que ainda deu para outro prato, e ela desta vez ficou prejudicada porque no tacho não ficou que rapar... Colocou  a canela, e de seguida disse, vou fotografar. Confesso que nem reparei, eu já estava ocupada com o jantar. Só há noite antes de dormir, vim como sempre faço até ao computador e dei com a fotografia do arroz doce. Achei graça à surpresa, mas podia ter criado outro ambiente à volta do produto. Como a mesa da cosinha é de vidro, coloquei uns resguardos de cortiça por baixo das travessas que se vêem perfeitamente, e a toalha também não ajuda. Bem, eu já contei aqui que "infelismente para quem me atura eu sou perfecionista..." Está tudo dito.

Quero recordar aqui um facto veridico .
Na minha terra era hábito as noivas e os noivos oferecerem uma travessa ou um prato de arroz doce ás pessoas amigas, por ocasião do casamento. E havia umas Sras. que eram chamadas para o fazer, e faziam bem feito. Porém, uma delas usando os mesmos ingredientes (e falo deste modo porque ela também foi a minha casa fazer o meu arroz) fazia um produto altamente melhorado. Inconfundível. Ao ponto  de ao começar a comer, qualquer  pessoa aperceber -se logo, e de imediato dizer; - este arroz não foi feito pela Augusta... Está bom, mas não é da Augusta.

Sempre que se comenta (aqui em casa) esta realidade eu lembro- me dum livro que li quando era
jovem, parece-me que se chamava O Prato de Arroz Doce, da autoria de Teixeira de Vasconcelos.
Isto se não estou a fazer confusão, mas o curioso é que tinha uma personagem como a minha amiga Augusta, também o seu arroz doce era único.
Apenas uma diferença, no livro é ficção, na vida real que recordo foi  facto veridico.
Gostei de falar na Augusta. Os amigos não morrem, apenas se antecipam a nós na partida.





sábado, 15 de março de 2014

São servidos?

Acabadinho de fazer, ainda está quentinho! Arroz doce! 
Cheira pela casa toda, ao limão e à canela!

quinta-feira, 13 de março de 2014

"Venha o café..."



Há muitos anos que não via estes doces perto de mim. No passado Domingo o meu marido foi a Lisboa ver o Benfica, e para me animar da ausência, trouxe uns pacotes deles. Claro que gostei.
São especialidade muito antiga duma cidade que até é rainha... E o nome deles nada tem a ver com o formato. Nesta ultima foto coloquei uma já cortada, prontinha a dar uma trincada...
Conhecem, não é verdade?

sábado, 8 de março de 2014

Eu, hoje


Pois é. Esta sou eu no dia de hoje. Velhota assumida pois claro, porque ser velha é um privilégio. E se a beleza fugiu, que me importa?! Existiu, fugiu, e entretanto eu ainda aqui estou, e com muitas coisas boas vividas, e outras nem tanto, mas o desagradável a gente deita ao vento e só recorda o melhor, é mais saudável.
Bem, queridas e queridos visitantes que por aqui passam, como sabem estão na moda os telemóveis que permitem os utilizadores fotografarem-se a si próprios. Na última cerimónia dos Óscares isso foi bem visível, a auto-foto com telemóvel correu mundo. Eu não tenho um objecto desses, para quê? Tenho um dos mais simples que me permite o que eu desejo, falar e ouvir, escrever mensagens e mais umas funções que eu nem utilizo. Mas eu não quero ser retrógrada e dizer mal do progresso! E também quis fotografar-me a mim própria. E fotografei, mas com a minha máquina fotográfica. No fim gostei da obra, e só lamentei não ter dado um toque de maquilhagem antes, mas nem me lembrei, porque estava com pressa para terminar a sessão, antes que o meu marido e a nossa filha chegassem a casa...
E assim aconteceu, só agora ficaram a saber. Estes são os tais pequenos nadas que nos fazem distrair, e também sorrir.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Enfarinhavam o Cabelo ás Raparigas

De vez em quando eu abro a arca das recordações. Vejo e revejo na memória, qual filme a ser projetado muito ao longe mas que mesmo assim consigo ver com clareza. Por vezes sorrio, noutras invade-me a melancolia, mas não entro em desânimo, afinal só não tem pena da infância e juventude que viveu, aquele ou aquela que nessa altura não foi feliz.
Então recordei-me do Carnaval desses tempos (anos cinquenta) em Montemor -o- Velho. Foi sempre uma festa com alguns divertimentos patéticos, sem graça, mas habituais, eram digamos um exclusivo do Carnaval. Uma dessas práticas mais usadas pelos rapazes, consistia em empoar as raparigas; colocar uma boa quantidade de farinha fina na cabeça, e impregná-la bem por todo o cabelo. A farinha também caía para as roupas, ficavam mais enfarinhadas do que se fossem moleiras.Elas fechavam-se em casa, mas eles entravam se a porta desse para abrir, ou alguma janela o permitisse. E se tinham de vir à rua fazer qualquer compra, já sabiam que havia sempre um rapaz à espera, com uma  saqueta de farinha na mão. Elas ralhavam, faziam barulho, mas não havia escusa, eram empoadas; ficavam más e eles contentes, sentindo-se vitoriosos. Aquilo era desagradável, até porque lavar uma cabeça empoada era moroso, a farinha empapava com a água no couro cabeludo, as cabeleiras eram longas de cabelos apanhados em tótó, ou em tranças, e ainda o facto da maioria das casas não ter chuveiro, havia razão de sobra para fugir daquela tradição. Também eu fui empoada, uma vez apenas; mais sortuda porque tinha cabelo curto.
Eu era muito nova, sei lá talvez tivesse uns catorze anos, mas já ia ao baile acompanhada pela minha mãe, já usava sapatos de salto não muito alto, e já dançava. Havia um rapaz lá da terra que dançou algumas vezes comigo, durante as festas da Feira Anual em Setembro. Até me ofereceu uma imagem pequenina de Sto. António, em gêsso branco. Guardei-a com estima, é muito perfeitinha, e o curioso é que ainda hoje a conservo.
Quando meses depois chegou o Domingo Gordo, fui ao baile, fantasiada de dama antiga, e lá foi o moço dançar comigo. A seguir, na terça feira, Dia de Entrudo, saí de casa de manhã para ir comprar lã para uma camisola. Nunca pensei que iria ser empoada, pelo facto de ser ainda muito nova, e muito menos ainda, sê-lo pelo rapaz que dançava comigo. Mas, puro engano, quando já estava perto da loja vejo-o aproximar-se a toda a pressa e tratou de me empoar. Ainda lhe dei uns socos no braço, e numa fúria eu sei lá o que lhe disse... já não entrei na loja, voltei para trás e fui á pressa contar ao meu pai e pedir-lhe que o castigásse. Em vêz disso, o meu pai até achou graça, ele também nos seus tempos brincou a valer no Carnaval, e não viu neste caso, nada digno de reprovação. Eu argumentava indignada, e até já chorava... e ele secalhar já sem paciência, disse para mim ; - óh mulher, válha-te Deus, isso até é uma honra, e estás a chorar? - Mas o que é que tu queres afinal ? - Queres que eu chame a Guarda Républicana para agarrar o rapaz, e levá-lo para a cadeia?! E continuava a rir-se. Talvez para  pôr fim aquela lamúria, acrescentou; - vai mas é tomar banho e lavar o cabelo, e olha,  ainda um dia hás-de ter saudades disto...
Não acreditei que um dia teria saudades... continuei zangada, e fui ao baile à noite acalentando o propósito de vingança. Quando o baile começou, o mesmo rapaz agora todo sorridente, parou na minha frente e convidou-me  para dançar. Eu olhei para ele e nada disse. Fiz de conta que não estava ali ninguém, continuei sentada e calada, e ele ali parado a olhar pra mim à espera... de nada. Quando percebeu, saiu da minha frente, e afastou-se. Passaram os anos, mas nunca mais nos falámos, nem uma só palavra.
Nunca me arrependi, mas isto só prova que as crianças são ás  vezes muito cruéis. E nós, eu principalmente, embora crescidita, era mesmo uma criança ainda, mas uma criança má.