sábado, 28 de dezembro de 2013

E assim se passaram cinco anos...

Pois é, caras amigas e amigos, faz hoje precisamente cinco anos que coloquei o primeiro post neste meu Birras. Em dia de aniversário, olho para trás e fico contente! Tive o prazer de escrever o que queria, nunca recebi censuras, mas sim palavras simpáticas, e até conquistei amizades!
Assim espero pela vossa companhia (em espirito, porque não pode ser em presença) para logo à noite tilintarmos os copos, num brinde por todos os blogueiros amigos. O champanhe, não o é, mas é gostoso e "faz pum" ao descolar a rolha... ser barato não é defeito.
Obrigada e beijinho.

Em geito de recordação aqui fica o post com que iniciei o Renda de Birras.

Eu gostava de rimar
Faze-lo com perfeição
Rimar amar com luar
Não me dá satisfação

Rimar só por si, é pouco
Preciso doutro sentido
Verso de conteúdo ôco
Não me fica no ouvido

Poetas de grande "porte"
Junqueiro, Antero e o Nobre
Gosto da poesia forte
Desdenho do verso pobre

Os de Antero, maviosos,
Mordazes os de Junqueiro,
Do Nobre muito mimosos
Como flores em canteiro

Quem me dera o seu rimar
De silabas tão certinhas!
Modesto o meu versejar
Não gosto das rimas minhas.

(e é verdade, não gosto, mas insisto)



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sonho

Aquele velho Palácio outrora quase um castelo, tornou-se uma ruína. Pelas inumeras fendas dominantes em toda a sua estrutura, entrava o vento que furiosamente sibilava e, triunfante, repetia em cada rajada: - Vê  velho palácio, de nada valeu teu porte altaneiro, tudo tem seu fim, o tempo aniquila... Tantos anos rodopiei em teu redor usando as minhas forças, parecias inexpugnável! Eu dizia para mim: - Não serás eterno! Eterno sou eu! E hoje aqui estou passeando livremente nas tuas salas como rei e senhor.
- Sabes Palácio, hoje é noite de Natal!
- E o velho Palácio semelhante a um velho Fidalgo de cãs embranquecidas e alquebrado pela idade, murmurou num misto de coragem e dignidade: - Sei sim, é Natal ! como poderia eu ter esquecido?
- Sim, recordas o conforto dos teus aposentos, as amenas cavaqueiras, a Familia, as lautas Ceias de Natal...
E o Palácio retorquiu agora com altivêz: - São famosos os serões na Província, aqui assisti a muitos. E também ás Consoadas aonde estavam presentes os Trabalhadores da Quinta e os Pobres do nosso pequeno Povoado; o Senhor Seabra era um bondoso coração!
A Lareira, ainda cheia de lenha mas apagada, suspirou e repetiu tristemente: - era um bondoso coração... Para aqui estou, fria e inútil. No seu tempo eu crepitava e aquecia as crianças da aldeia sentadas à minha volta enquanto ele lhes contava histórias nas tardes frias de Inverno; de tanto as ouvir eu as aprendi: "Era uma vez um Capuchinho Vermelho que ia a..." - Cala-te velha desdentada! - rugiu o vento furioso, fazendo cair mais um pedaço de estuque; agora o Senhor sou eu, destruo a meu belo prazer e detesto ouvir falar de ternuras.
O luar deixou de brilhar, a Sala tornou-se negra como Brêu e, subitamente, um após outro, os relâmpagos rasgaram o Céu. Um trovão fantástico ecoou e num clarão imenso de mil cores a lenha da lareira incendiou-se dando luz e calor àquela sala triste. A porta rangeu nos gonzos e deixou passar um vulto, talvez o do velho Fidalgo - o Senhor Seabra - que avançou lentamente e alcançou o maple estofado a seda, gasto pelo uso e coberto de poeira. Sentou-se frente ao lume que crepitava e desenhava nas curtas labaredas danças fantasmagóricas jamais executadas. O silêncio voltou àquele Palácio em ruína.
Pouco depois vozes maviosas ouviam-se à distância entoando em côro canções de Natal e, pelo canto do vidro quebrado da janela, distinguia-se iluminada por uma bela estrela a Gruta de Belém.
Mas não eram as habituais figuras estáticas do Presépio que lá estavam. Ali tudo era físico, humano, e até o Menino Jesus ora dormia, ora chorava, como fazem os bébés recém nascidos.
" Maravilha", pensei;  "vou pedir á Virgem Mãe que me deixe pegar o Menino nos meus braços!"
E corri; corri tanto, tanto, até cair de cansaço.


Queridas amigas e amigos, peço que aceitem os meus cumprimentos
com os desejos de Feliz Natal !
Que a alegria reine em vós, sempre, mas em especial nesta Quadra Natalicia.

( eu fico um pouquinho triste; - não consegui chegar à Gruta de Belém...)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Futebol

Eu não conheço quais as técnicas relativas ao futebol como jogo que é. Por isso mesmo, não encontro aquela beleza que os relatores apregoam, e os adeptos avaliam e aplaudem. Ou quase choram, quando é o adversário que está em evidência como o melhor em campo.
Mas muitas vezes assisto aos jogos.  O espetáculo entra pela casa dentro via T.V, e na frente do aparelho fica um adepto a sofrer, é o meu marido. Mas a sofrer pelo benfica... Quando acontece golo, grita a plenos pulmões. Há dias ao chegar a casa trazia esta novidade: - a vizinha de cima que também é benfiquista, disse-me agora, que ouve eu gritar quando o benfica marca. Sorri, mas não fiquei admirada, porque eu penso que aqueles brados devem mesmo chegar ao telhado... E recordei a visinha do piso inferior ao nosso, que há tempos, também me contou assim mais em pormenor, que dizia ao marido: - óh António vai ligar a T.V. depressa que foi golo, porque o Sr. de cima gritou...
Ao que parece neste prédio residem vários adeptos do benfica, o que é bom, pois com espiritos incompativeis nunca se sabe qual a reação em momentos acalorados.
Cá em casa é que é diferente, a nossa filha mais velha é adepta do Futebol Clube do Porto. Não é fervorosa, nada disso, mas às vezes consegue irritar o pai, porque ele a leva a sério... Eu quedo-me pela neutralidade, e a situação acaba por me fazer rir.
Não partilho afecto por nenhum clube em especial. Gosto da Naval, o clube desta cidade (com Estádio ao alcance da minha visão) que já viveu épocas magnificas e que actualmente está mal, muito mal.
E desde a minha juventude que simpatizo com a Académica, a equipa dos estudantes de Coimbra. Sempre que jogam desejo que ganhem, e nem sempre assim acontece, têm tido épocas muito más.
Mas ontem, jogaram com um dos grandes, com o Futebol Clube do Porto, e ganharam.
E hoje pela manhã, o meu marido secalhar com uma pontinha  de mau pensamento, teve esta expressão:
- eu gostei  que o Porto tivesse perdido. E eu com a maior das franquesas afirmei :
- eu gostei que a Académica tivesse ganho!
E a rir acrescentei; - a relativa satisfação é comum, mas os motivos divergem...
Rimo-nos, e hoje joga o Benfica. Haverá grito aqui em casa?.....