sábado, 29 de agosto de 2009

As Irmãs de Caridade


Hoje volto a recordar algo de Montemor...
Nos anos 50 havia em Montemor um hospital;o edificio rés do chão,com Capela ao meio, situava-se dentro dum jardim cuidado com esmero pelo jardineiro;tinha um lago com peixinhos vermelhos, debruado de pedras toscas,onde cresciam em profusão as avencas sempre verdes,refrescadas pelos fios d’água dos repuxos. Três portões de ferro altos elegantes (sempre abertos) e paredes encimadas com vedação em ferro trabalhado,limitavam o referido.Do lado de fora quatro bancos decorados com azulejos antigos, um passeio largo a todo o comprimento,e aqui estava o local aonde se ia passear ao Domingo.Hoje neste edificio devidamente adaptado está instalado um Lar,ou melhor dizendo uma casa de repouso.
Mas voltando ao antigamente,o pessoal de enfermagem era constituido por Irmãs de Caridade,as Irmãsinhas como eram tratadas,apoiadas pelo médico Municipal,(médico dos pobres);ainda a Senhora Superiora,duas creadas e o jardineiro,que era também enfermeiro nas enfermarias dos homens. As Irmãsinhas pertenciam a uma Ordem religiosa,e o seu trabalho não era remunerado,era uma vida de semiclausura praticando a caridade a favor do próximo,por amor a Deus. Deixavam a familia definitivamente,eram mandadas para longe,e por vezes transferidas,quando já tinham criado laços afectivos.Ali passavam os dias,nunca saiam do edificio,ouviam missa na capela,linda,que elas próprias zelavam.Cuidavam dos doentes,dos pobres,e naquele momento unico em que a vida finda,eram elas que lhes"fechavam os olhos",que os vestiam pois dali saíam para a viagem sem regresso;e se calhásse alguém fazer comentário em geito de elogio,a resposta vinha com simplicidade,nascemos para isto,estamos habituadas.O povo não esqueceu algumas destas Irmãs que foram referência,e que estiveram muito tempo no nosso hospital,e deixaram Montemor por imposição superior como era hábito. Recordavam-nas, falavam nelas com gratidão,ternura, e saudades.
Saudades nunca mitigadas devido ao estatuto da Ordem,que elas decerto de boa vontade abraçaram.Eram assim as Irmãs de Caridade! (as Irmãsinhas)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As minhas dúvidas


Quando iniciei este blogue,eu disse que ia "falar" de Montemor,das minhas birras,das muitas manias que arrasto,enfim do que me viesse à ideia,e realmente assim aconteceu,mas actualmente só tenho visitado outros blogues,"botando palavra" ás vezes,e assim tem passado o tempo. Também o último livro que adquiri me tem aprisionado aos serões.Contra o habitual,pois gosto de ler devagar,este tem sido consumido como se se tratásse dum vício. Foi a primeira vez que li Paulo Coelho,e fiquei cliente... Tinha acabado de ler uma colecção ( Mestres Espirituais) e embora a tivesse apreciado,ao começar a ler A Bruxa de Portobello que é romance,foi como uma brisa fresca depois duma tarde quente... Eu li aqueles quatro livros,ou melhor,eu estudei-os;li e reli,porque ainda ando à deriva quanto á perspectiva da vida eterna. E pergunto-me, mas imortalidade para quê? Não é muito mais lógico e tranquilizador,o sono do qual não se acorda? Eu tive educação religiosa,mas com o passar dos anos surgiram as dúvidas,as perguntas sem resposta (estes livros também não me ajudaram) porque a fé não se pode explicar, sente-a quem a tem...