segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A nova hóspede



Os animais nossos amigos. Recordo-me de ter lido esta frase num livro; e se não me falha a memória foi num livro de leitura da muito antiga terceira ou quarta classe.
Nunca me esqueci desta afirmação, e agora por experiência própria, sei que de facto os animais são amigos,e nem nunca reclamam se o dono ou dona chega tarde a casa, embora tenham sofrido com a ansiedade da espera.
A minha filha que na infância e juventude quase tinha pavôr de alguns animais inclusivé dos cães, perdeu esse mêdo, e até comprou um shar pei pequenino que com os seus cuidados cresceu,e viveu durante sete anos. Formavam a equipa perfeita, e foi com pena, mesmo muita pena, que ela o viu terminar. Ficou muito chocada com a sua falta, era uma presença em casa que não existia mais, recordava-o a todo o momento, e dizia que tão cêdo não queria outro. Até porque outro, não era aquele. Deu a comida que ficou e era bastante, deu os medicamentos, também alguns tapetes, mas guardou as taças (os pratos) dele.
Pouco tempo passou, secalhar nem um mês: estava eu a fazer o jantar, quando a vejo aparecer à porta da cozinha com um cão ao colo. Fiquei admirada, mas pensei que fosse de alguém amigo, a quem ela estivesse a fazer o jeito por alguns dias.
Ela toda sorridente contou- me a história: - não tinha aguentado a pena, e resolveu ir a uma instituição, aquela para onde ela tinha feito as ofertas, só para fazer uma visita aos cães que ali estão abandonados pelos donos. - Estão lá muitos dizia-me ela, bonitos, cães de raça até. Disse que não ia a pensar em trazer nenhum, mas o certo é que esta (é uma fêmea) se encantou com ela e com o Gabriel, e isso não admira pois os animais também gostam de ter um dono, e sair dali. Diz-se que a simpatia é recíproca, e foi mesmo. As sras. do "asilo" ficaram admiradas pela preferência, pois trata-se dum animal sénior, embora não pareça.
Estava decidido, cumpridas as formalidades que são algumas, a Nucha veio. Esperava-a um banho, e no dia seguinte veterinário; foi observada, fez ecografia, análises, e de facto tem alguns problemas de saúde, consequência da idade. Não lhe auguram vida longa. Mas a minha filha diz que nunca é tarde para se viver uma vida melhor, e se a Nucha tem pouco tempo de vida, ao menos que nesse espaço ela tenha conforto e bem estar. E quem sabe se não viverá mais tempo do que o apontado no prognóstico?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Algarve não é só praia. Também é doce!

Os doces de amêndoa recheados de ovos-moles, uma delicia tradicional do Algarve.A imagem não saiu nitida ao ponto de se poder ver bem a beleza destes bolinhos. São miniaturas de frutos, pintados á mão, por vezes até dá pena comê-los... Estes foram-me oferecidos.Alás todos os anos a proprietária da casa que habitamos durante as férias, nos oferece mimos quando nos despedimos.

A arte numa simples pedra

Na estante da salíta onde passo mais tempo (eu até lhe chamo a minha sala de estar) ao lado das fotos do meu neto quando era bébé, coloquei a pedra que o Zé Júlio construiu naquela  manhã de sábado, para me oferecer. Ela ainda é mais bonita ao natural, o flach alterou um pouco, assim como a uma das fotos do Gabriel.Ela poderá ser uma legenda "pedras e fôlhas" tem a ver com a Catita.

Dissémos adeus...

Estavamos de saída. Apenas mais uma foto. Lá estão os cinco môchos de pedra rosada por cima da porta e a identificação da casa. E as trepadeiras lindas.
Adeus Zé Júlio!!!



Entre flores e arbustos aromáticos

Nós os Fernandes, ainda na entrada da Casa Catita. -Um local para férias em Alcantarilha,ou um recanto do Paraíso?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Em Portimão. O rio, a ponte e o barco...

Não consegui saber quem está perpétuado nesta pedra. Ao longo da beira rio mais esculturas 
do mesmo género existem. O rio é o Aráde, e a ponte em ferro, mais parece feita de renda. É vélhinha,mas foi há pouco restaurada. Remoçou, e cativou-me para a fotografar, a ela e ao Barco.
 

Por Terras Algarvias

 
Fizemos questão duma fotografia junto à estátua do Poeta João de Deus na sua Terra Natal, a linda São Bartolomeu de Messines.
Apresenta-se sentado, tendo na mão o livro por ele criado A Cartilha Maternal. Parece atento às duas crianças que também sentadas e de livro nos joelhos, estudam decerto as primeiras letras...
Uma bela homenagem dos seus conterrâneos, e uma honra para estes.

João de Deus o Poeta de Messines

Volto a falar das férias. Agora já são passado, mas que importa, só o passado se pode recordar...E foi assim; naquela manhã de setembro deixámos Almeirim e retomámos a viagem cujo destino era Armação de Pêra. Embora fazendo algumas breves paragens, e respeitando os limites de velocidade, cêdo chegámos ao Algarve. Decidimos almoçar em São Bartolomeu de Messines. Parece-me que se trata duma Vila e não duma cidade, mas se estou errada que me perdoem os Messinences, porque não estou a menospresar a localidade, de maneira nenhuma. Ela é linda, limpa e branquinha, atributos comuns das terras algarvias, sobretudo daquelas que não têm praia. Logo encontrámos estacionamento, e a dois passos um restaurante. Não procurámos mais; entrámos  e  não nos arrependêmos. No fim do almoço fomos passear a pé, e deparámos com uma estátua grandiosa de mármore branco, dedicada a um ilustre filho da terra, o Poeta e Pedagogo João de Deus. Recuei à minha infância e lembrei-me de quando estudei na instrução primária (assim chamada na altura) a Professora ter ensinado que João de Deus era o Poeta das crianças, o Poeta da ternura, da bondade, dos versos lindos, que eu e as outras meninas entendiamos e gostávamos. Com o passar do tempo vim a saber que João de Deus era muito mais, do que só o Poeta terno e bom. Era também o autor da cartilha maternal que o celebrisou em 1876, e por onde tantas crianças aprenderam a juntar as primeiras letras, sem o sofrimento que era aprender por livros inadequados para tal. Também era formado em Direito; foi Deputado às Cortes pelo Concelho de Silves e ganhou; foi escritor,tradutor e Poeta de grande mérito. Hoje toda a gente sabe quem foi João de Deus, pelo que me abstenho de escrever  em pormenor sobre o seu percurso literário e não só, apenas quero referir que foi homenageado em 1895, uma grande homenagem a que se associou o rei D. Carlos. Foi-lhe proposto um titulo nobiliárquico,que ele recusou. A Academia das Ciências proclamou-o Sócio de Honra. Estudantes de todo o País também o homenagearam: organizaram-se e nesse sentido dirigiram-se em cortejo até á sua residência,em Lisboa. 
O Sr. Dr. João de Deus, da sua varanda agradeceu, e rimando, disse de improviso.

Estas honras e este culto
Bem se podiam prestar
A homens de grande vulto.
Mas a mim, poeta inculto,
Espontâneo, popular...
É deveras singular!

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"Só que ele não era inculto..." 
Mas os grandes Homens,são sempre modestos.





 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quando o sol diz adeus... Em Armação de Pêra

Ele se despede magestoso,em toda a sua grandiosidade de poder e beleza!
Ele não se "afoga no mar..."  Esconde-se para lá da serra. E é a noite que avança.

Armação de Pêra

A praia que me aguardava. Estava linda, calma, e quentinha. Era Setembro, dia 19.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Porque a beleza é fugidía, como a aurora...

"Quem te viu, e quem te vê..." Apetece-me dizer, depois de reparar na fotografia da postagem anterior, onde estamos eu e o meu marido ladeando o frade. O tempo ao passar contribui progressivamente para a ascenção, para a beleza, que tem um espaço de alguns anos, e depois, de igual modo ajuda ao apagar dos atributos inerentes. Tudo o que nasce vem com o mesmo designio, quer seja plantas, animais, ou pessoas; crescer, florescer,multiplicar-se e envelhecer. Depois vem o acabar, mas isso não é para falar agora.
Bem, mas nós ainda cá estamos (por ora) apesar de já muito para além do florescer, essa etapa linda da vida, da qual já usufruimos.
Mas voltando ao inicio, e á fotografia feita em Almeirim junto ao monumento que perpetua a história da sopa da pedra : - o meu marido ainda se apresenta mais forte do que o frade, apesar de nesta altura o frade já ter comido a sopa toda, visto que a panela estava vazia. Eu vi!




Mas ele não foi sempre assim grandalhão em largura. Para provar a minha afirmação,visto que sou suspeita,coloquei esta foto,que é uma recordação.
- E depois digam lá se eu não tive bom gosto na escolha...


domingo, 7 de outubro de 2012

A Casa Catita em Alcantarilha

Há uns tempos atrás encontrei mais um blog que me prendeu a atenção e do qual me tornei de imediato seguidora. Só que não foi assim mais um, simplesmente.Pois eu pensei logo que um dia iriamos visitar o Zé Júlio. E quem é o Zé Júlio? Subentende-se que é quem assina o blog, e é na verdade. Só que ele é muito mais do que isso. Eu vou dizer, se conseguir...
Estavamos no Algarve, só sabiamos que A CASA CATITA se situa em Alcantarilha a poucos Km. de Armação onde viviamos. Enviei um curto recado para os comentários dele (unico ponto que tinha para comunicar) a dizer que no dia seguinte iamos fazer-lhe uma vizita; mandei dum local de internett público, de modo que não voltei lá a saber a resposta. Fomos à sorte, e sorte tivemos porque depois de algumas tentativas frustradas, encontrámos a casinha, direi inédita no seu estilo, e o seu proprietário duma simpatia e amabilidade encantadoras. Dirigimos o carro pela serventia privada, e logo o avistámos à frente a trabalhar, sorridente à nossa espera. Sem preconceitos, com as mãos cobertas de pó rosado, duma pedra que estava a transformar na escultura de mais um môcho,( ele chama-lhe a familia de môchos pois de facto já tem vários) recebeu-nos de braços abertos. Por cima da entrada em pequenos azulejos lá estava o nome da casa. O jardim que a circunda é por de mais interessante, pedras antigas colocadas em assimetria, água a rumurejar por entre plantas, uma espécie de pequeno lago quáse riácho com peixes lindos coloridos, escadinhas,nichos, tudo duma rusticidade que nos atrai e envolve. Plantas de muitas espécies, ornamentais,odoriferas,arbustos, árvores de fruto, e tudo isto existe pelo trabalho do Zé Júlio, direi mesmo pelo amor que ele sente pela natureza. Não lhe perguntei qual é o seu grau académico, mas em Botânica e assuntos da Natureza pelo que ouvi e  vi, ele deve ter um mestrado... Ficaria a ouvi-lo falar do nome e da vida das plantas,durante uma semana, e decerto ainda não ouviria tudo.
Em estilo diferente, de linhas direitas como tem de ser,uma mini-piscina, decorada com bica de pedra, e um cacto verde que se estende pela parede estilo muralha.
A casa tem igualmente a mão do artista, que sabe escolher; tudo á moda antiga, mas com o conforto moderno. Camas com docel de tule branco dão graciosidade e levesa. Por fim a simpatia do anfitrião, um galã de 41 anos, despido de vaidades, sempre natural, recorda a sua juventude em Sintra, alguns anos nos Estados Unidos, e dez anos a fazer renascer a CATITA dum quase monte de escombros.
Tinhamos de dizer adeus; com o ar natural que já referi, entregou-me um presente, uma escultura em pedra branca,reprodusindo duas folhas sobre uma pedra, e acrescentou, estive a fazê-la de manhã até chegarem. - Como eu gostei desta atenção!
Já tinha feito questão de provármos as ameixas, mas ainda faltava as uvas, por isso apressou-se a pegar numa tesoura e cortou tres cachos lindos, que eu acondicionei o melhor possivel, e levei para
casa.


Á entrada da casa catita,eu e o Zé Júlio.

    (eu sempre gostei dos altos... Baixa basto eu)









 

As ameixas e as uvas douradas pelo sol quente algarvio.
Deixámos A CATITA, e ganhámos um Amigo. Pela forma como nos recebeu não sei chamá-lo doutro modo.

Quero deixar o endereço do blog dele, que é lindo.

Http://o-bau-do-zejulio.blogspot.pt.

(Pedras Plantas e Companhia)



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Frade e a sopa da pedra



Naquela terça feira de sol radioso, projetámos sair após as treze horas. Iamos para o Algarve, mas passariamos a noite em Grândola, à qual o José Afonso chamou de Vila Morena. Mas o programa foi alterado, e só partimos com o bater das dezassete horas, facto que não nos encomodou nada de nada. A viagem foi decorrendo com normalidade e até agradável, e quando o sol começou a perder cor, desistimos de Grândola que estava ainda distante e decidimo-nos por Almeirim, terra de cavalos e toiros ali no coração do Ribatejo. Eu não sou aficionada e até sou contra as touradas, contudo gosto muito de Almeirim, até gostava de lá viver,é uma cidade onde voltamos sempre com agrado.Áh, e também gosto dos tão referenciados melões de Almeirim.E também da sopa da pedra. Foi aliás o que escolhemos para jantar.
Eu também a confeciono e bem, (modéstia à parte, porque ser humilde em excesso sôa a falso) mas sentar-me e ela aparecer ali na mesa a fumegar, bem perfumada, pronta a cair no meu prato, é facto que não me ofende.
A cidade reclama para si a origem da sopa, mas toda aquela zona Ribatejana faz igual, não sei quem tem razão. No entanto aqui num local apropriado, lá está perpétuado no bronze o Frade que pela primeira vez com a sua astúcia conseguiu cosinhar sopa duma pedra.
Só para quem não conhece (e poucos são) eu vou contar a história, se for capaz.

Era uma vez...

Um frade que vinha peregrinando de longa caminhada, e sentiu fome. Estava frente a um portão que indiciava casa de lavrador. Entrou no páteo e pediu ao casal que o recebeu se o deixava dormir no palheiro,pois estava exausto. Condoídos logo concordaram. Ele cheio de modéstia agradeceu, mas disse que vinha com fome, e que com premissão deles, ele próprio cosinhava uma sopinha, só precisava duma panela com água e lume. Com pena do frade, logo o mandaram entrar e sentar à beira da lareira onde a lenha crepitava. Deram-lhe a panela de ferro com a água, que ele logo pôs ao lume.De dentro do hábito escuro e grosso que vestia, tirou uma pedra que colocou dentro da panela. A água entretanto começou a ferver, e a dona da casa fez perguntas; - então a pedra dá bom gosto? - Dá sim, é muito bom sopa da pedra, disse ele; mas sabe, isto precisava dum pouco de feijão de côr e um bocadinho de toucinho, uma orelha... Ela foi logo buscar.Daí a pouco a fervura cheirava bem, e ela elogiou.Ele sorriu agradado, finório, e acrescentou; ainda falta, se tivesse um chouriço, e umas batatinhas...E assim aos poucos o frade conseguiu todos os ingredientes necessários para a sopa, que é de tudo menos da pedra, porque essa não dá gosto.

Actualmente a famosa sopa da pedra, é perfumada com raminhos de coentros, e temperos ao critério do cosinheiro, e no fundo da terrina lá encontrâmos a famosa pedra, a origem do nome da sopa.
    

Voltei

Caros visitantes, saudações amigas.

Diz-se que erva ruím, geada não mata... Assim, felismente fui e voltei sem nada de mau a apontar, mas não nego um certo azedume quase constante,que a força da mente nem sempre conseguiu banir. O pulso magoado, o dedo fracturado, parte da mão imobilisada, um edema enorme, dores só atenuadas por medicamentos,são pormenores muito pouco simpáticos em qualquer altura, e muito menos em tempo de férias. Mas não tive alternativa senão aguentar, já que ninguém me quis fazer o favor de tomar o meu lugar, e suportar isto por mim.
Mesmo assim eu gostei de voltar ao Algarve, e de estar em Armação de Pêra. É uma repetição ano após ano; são as mesmas pessoas, a mesma casa, o grito  igual das gaivotas que se elevam no ar, e todas as manhãs acordar com o bater das oito horas, quando o relógio da torre da igreja na pracinha ali ao lado, inicía a sua tarefa, que só cala às onze da noite, para não interromper o socêgo dos que querem dormir cêdo. Não é o meu caso, aproveito para ler até tarde,outro beneficio das férias do qual não prescindo.
Queria falar dos livros que li, mas estou adoentada fica para a próxima.
Já tinha saudades do computador...