terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Boas Festas !

Natal

Numas palhinhas deitado,
Abrindo os olhos à luz,
Loiro, gordinho, rosado,
Nasce o Menino Jesus.

Uma vaquinha bafeja
Seu lindo corpo divino,
De mansinho,que a não veja
E não se assuste o Menino!

Meia-Noite. Canta o galo.
Por essa Judeia além
Dormem os que hão-de matá-lo
Quando for homem também...

E, pensativa, a Mãe Pura
Ouve, fitando, Jesus,
Os rouxinóis na espessura
Dum cedro que há-de ser cruz!...

( João Saraiva
         em
   Na Mão de Deus")

Para todos quantos visitam o meu blog, para as amigas e amigos que sempre me deixam as suas opiniões, demonstrando assim a sua estima, que muito
valorizo e agradeço, quero aqui deixar os meus cumprimentos de Boas Festas.

Feliz Natal !

Um lamento, e um sorriso

Hoje é Natal, o relógio já bateu as doze badaladas da meia-noite, e nas Igrejas celebra-se ainda o nascimento de Cristo, o nascimento do menino Jesus.
Menino Jesus da minha infância como estás longe, e que saudades eu tenho de ti...
Nessa altura valorisava-se o Presépio em primeiro lugar, e também a árvore de Natal
com enfeites muito modestos. O Pai Natal ainda não tinha chegado a Portugal, estava muito ocupado nos países nórdicos,deslisando o seu trenó cheio de prendas, pela neve branquinha e fria.
Eu gostava de escrever algo agradável sobre a quadra natalicia, mas não encontro nada nesse sentido; e sabem porquê? Porque a antena 1 em simultaneo com musica a meu gosto, trouxe aos meus ouvidos factos que fazem mesmo entristecer.
Crianças a sofrer com falta de comida em casa, tristes na escola e caladas sobre isso por vergonha, e professoras de coração partido ao constatarem tal realidade. Entretanto outras funcionárias de secções diferentes, atrevem-se a negar almoço a crianças por pequenas dividas de almoços anteriores. Nunca julguei que no meu País se chegásse a este extremo.Isto já é demasiado triste, mas se nos lembrarmos que estamos no Natal, então é mesmo mais dificil passar ao lado.

Encontrei esta poesia no "meu museu."


A boneca


Caía uma chuva miudinha
E eu olhava aquela criancinha
D'olhos tristonhos, mas linda, estava só;
Parada numa montra de brinquedos
Pelo vidro deslizavam os seus dedos
Chocou-me o coração, metia dó.

Os seus olhitos verdes nem pestanejavam
Era indiferente a todos que passavam
E até a própria chuva não sentia;
Olhando uma boneca de cabelo louro
Parecia estar diante d'um tesouro
Observei-a, de vez em quando ria...

Cheguei mais perto e ela ouviu meus passos,
Querias essa boneca que tem laços?
E ela respondeu quase a chorar:
- Eu gosto dela, mas do meu mealheiro
Já fui tirar o resto do dinheiro
Pr'a vir buscar comer para o jantar!

Segurei -lhe na mão, estava fria
Da chuva miudinha que caía
Nessa tarde d'outono que findava;
A boneca lhe dei com todo o gosto
Pôs-se em bicos dos pés, beijou-me o rosto
Sua carita agora se alegrava.

Aconchegou-a logo ao coração
Seus olhos riam de satisfação
Dizendo: não me posso demorar;
A minha mãe deve estar em cuidado,
Tenho d'ir aviar o meu recado,
Porque a minha boneca  quer jantar!...

(Celeste Mingachos, Coimbra) 
                                      

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seria por ser Natal?

A curta distância da minha casa, talvez a uns oitocentos metros existe um supermercado. Abriu portas há uns 17 anos, isto se a memória não me falha quanto à exatidão da data. Habituada ao comércio tradicional, só passado bastante tempo decidi ali entrar. Primeiro só para ver e consultar preços, mas aos poucos habituei- me, e tornei-me cliente certa, e na totalidade do que necessitava. Assim, uma vez por semana passei a ir lá gastar o dinheiro... Um dia reparei que ali pela entrada e até no interior do estabelecimento vagueava uma mulher. Já não era jovem, contudo estava muito longe de ser idosa. Feiota, muito morena, muito magra, e um pouco curvada, passava ali o dia todo e pedia uma moeda a toda a gente.Devo confessar que embirrei logo com ela; ignorava-a, e ela percebendo não me pedia nada. Eu em silêncio dizia para mim própria; ora esta, passo o meu tempo todo a trabalhar, tantas vezes já cançada, e esta creatura que ainda é nova não faz nada... E o tempo foi passando. Um dia pela primeira vez entrei no supermercado vestida de luto e triste, e ela aproximou-se indagando sobre o facto. Respondi, agradeci, e segui em frente. Passaram vários mêses, e chegou dezembro. Não sei porquê mas mudei de opinião, e um dia sem que ela se aproximásse ou me pedisse, puz-lhe no bolso do casaco algo que entendi, e acrescentei que era por ser Natal. E era de facto. Daí em diante, ela passou a pedir-me a moedita, a do carro, e eu passei a dar, sem me atrever (mesmo em silêncio) a fazer comparações acerca da mulher que não trabalhava.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Morte aos que precisam de comida!

De há uns tempos para cá, muitas são as Instituições que se dedicam a ajudar muitos dos portugueses e até estrangeiros, que privados de trabalho e gastos os subsidios que lhes foram atribuidos e entregues, não teem como alimentar-se nem como prover a outras necessidades que custam dinheiro. Se quisermos pensar, podemos avaliar o quanto será triste o viver actual desta larga camada da população. Louvo com todas as minhas forças, quem se dispõe a ajudar, desde aquele que dá, ao que deixa a sua casa e vai pedir, também ao que carrega, ao que organiza, emfim saúdo toda aquela equipa que se esquece de si próprio, e se preocupa pelo "irmão necessitado" que nem sequer conhece. No nosso país a situação de carência é permanente, de modo que a espaços curtos deparamos com peditórios, devidamente identificados, e cada um dá o que pode, e se não quiser não dá, ninguém lhe pergunta o motivo, até porque as pessoas ainda se recordam daquela máxima que diz assim: "cada um sabe de si..." E é verdade.
Hoje dei uma volta a visitar os blogs. Num deles que por acaso é o do meu marido,e no qual ele tinha escrito algo enaltecendo o trabalho do Banco Alimentar, logo apareceram os comentários dos donos da verdade absoluta, daqueles que teem sempre soluções para a vida dos outros, mestres em eloquência que nunca põem em prática, porque trabalhar faz moer a cabeça e o corpo, e ir para perto dos pobres faz-lhes enjoos porque cheiram mal. No entanto são duma prodigalidade espantosa a falar (só a falar) e então atiram tudo para cima do País... e aí eu até estou de acordo; pois claro, ninguém devia chegar ao ponto de estar à espera duma esmola (chamem-lhe como quiserem) para poder comer, ou dum trapo para cobrir o corpo.
Mas então, não é por demais evidente, que as finanças estão no abismo ? Que está na forja um plano para o ano 2013, portanto já para o mês que vem, em que menos dinheiro o Estado entregará aos seus operários?! E querem que o Governo transforme de imediato este estado de inferno num belo paraíso? Há, pois; como seria encantador! - mas todos sabemos que não vai ser, e nem sequer sabemos o que o futuro nos reserva, a longo ou a curto prazo. Então, no pensar destes mestres tão eruditos, o que está certo no seu conceito " É NÃO AJUDAR NINGUÉM ! - É DEIXÁ-LOS PASSAR FOME E FRIO. - É DEIXÁ-LOS MORRER !"

Sim, é o que querem que aconteça, enquanto se fica à espera dum Portugal estável, mesmo que isso demore 50 anos. Saber esperar é uma virtude, "e estes pensantes" são virtuosos, olá que são!!!

Entretanto nem tudo é mau. - Agentes funerários, esfreguem as mãos!
Chegou a vossa oportunidade de legalmente ultrapassarem a crise!
O vosso negócio vai prosperar como nunca imaginaram! Acreditem; e esperem.....

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vinho Salazar

Na passada semana surgiu na imprensa um assunto que desta vez não tinha nada a ver com a crise, nem com os actuais politicos; coisa rara permitam-me que assim diga, porque nós de tão obsecados que estamos com a má situação do País, só pensamos nisso, incluindo os que leem e os que escrevem, de modo que os jornais pouco diferem até de dia para dia, mais forte ou mais leve, o assunto já se adivinha.
Mas este facto era novinho em folha. Foi o caso de alguém de Santa Comba Dão,
parece-me até que foi um membro da Autarquia, que deu a conhecer um produto para venda, ali produzido, nomeadamente um vinho de qualidade e rotulado com o nome de Salazar. "Caiu o Carmo e a Trindade com tal decisão..." As rádios falaram, a TV, os jornais; oh, foi um assunto e peras, para atordoar o Zé Povinho. Foram apontados perigos e coisas más que poderiam suceder, e por isso nada de Salazar, mas parece-me que o vinho não foi proibido, foi só o rótulo! Mas que eu saiba um rótulo não chega para etilizar ninguém, nem para fazer bulha... já o vinho, bem, a gente já viu como é, mas adiante.
Percebe-se fácilmente, que é opinião politica em ação.
Eu cresci ao lado dum pai republicano, (democrata dos antigos) que infelismente já não viu o 25 de abril, mas foi junto á sua campa coberta de cravos vermelhos que foram homenageados os democratas de Montemor-o-Velho. Escusado será dizer que ele detestava o Ditador, e eu sofri alguma influencia no mesmo sentido. Embora de modo mais brando (devido até à minha idade e condição feminina) mas também não simpatizava com um homem que permitia e mandava fazer crimes ( o ultimo foi a morte do general Umberto Delgado.) Com a revolução dos cravos vieram a publico todas, ou quase todas, as desgraças consentidas por aquele Sr. de voz melíflua ouvida nos seus discursos longos de palavras intermitentes; era cristão praticante, mas cuja doutrina não praticava, pois piedade era sentimento que não usava.
Era vaidoso, e era bajulado. Tinha estátuas e bustos por todo o lado. Praças e ruas com o seu nome, e a ponte sobre o Tejo em Lisboa era também ponte Salazar.
Morreu, e posteriormente caiu a Ditadura. Instalou-se a Democracia, e logo após deram cabo das estátuas,(obras de arte) apagaram o nome das ruas e da ponte de Lisboa, a qual passou a chamar-se Ponte 25 de Abril, uma obra inaugurada em1966, e que nada tinha a ver com a revolução de 1974.
Nesta ordem de ideias também não deveriam ter erigido uma estátua ao Marquês de Pombal, mas isso são outras histórias, mais antigas...
Eu escrevi isto tudo porque não encontro razão para a exclusão da marca do vinho, acho que ninguém se estaria a aproveitar como meio de publicidade fácil. - Dirão estes actuais pensadores tão cheios de patriotismo, "tão limpos", que seria uma forma de relembrar Salazar. E porque não? Só se pode recordar os Santos? Então e os Ditadores? - Dá ideia que querem passar uma borracha e apagar da história de Portugal o nome do Ditador Salazar. Não podem, ele ficará eternamente. Como de igual modo ficará para a posteridade a história do seu percurso politico, brilhante no inicio, depois os seus erros, as suas teimosias, as suas vinganças, as suas maldades, os seus crimes... E a Ditadura, quase interminável.