quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Que é Nacional é Bom

Não tenho tendência para comprar produtos estrangeiros. E no ramo alimentar sigo de igual modo. Ando sempre a procurar as laranjas do Algarve, dantes havia também as de Setúbal. Recordo-me que lá fabricavam um doce de laranja, vendia-se em caixas, não sei se seriam bolinhos... Mas ao que parece isso já acabou, porque das ultimas vezes que voltei a esta cidade, das laranjas e seus derivados nem sombra.
Hoje fui numa pressa ao supermercado habitual, para trazer cerejas. Ainda não as tinha provado este ano, e daqui a pouco também acabam. Havia tudo o que eu queria, as laranjas, as maçãs e as cerejas; tudo nacional, fresquinho e bom. Mas de vez em quando eu reparo nuns pêssegos diferentes, e hoje lá estavam eles. Nem sequer são bonitos, são fora do vulgar. Peguei um, estava maduro, resolvi trazer quatro. ( Mea-culpa porque estes não são nacionais)
São do Paraguai. Longe foi seu nascimento... Também não sei se vieram de lá, ou se são os pessegueiros oriundos do Paraguai e os frutos cá produzidos. A etiqueta diz pêssegos do Paraguai.
Pensei que seriam muito bons, mas tenho de tirar a palavra muito, porque chamar-lhe bons já é uma condescendência. Comem-se... não vai ser necessário cosinhá-los. É fruta, mas nada mesmo excecional. Recordei-me dos "nossos" pêssegos da região de Alcobaça, que mimos! E do mercado das Caldas da Rainha, onde a cada passo deparamos com um cestinho deles, acomodados entre folhas do pessegueiro. É só escolher pelo tamanho, porque em qualidade e sabor não há escolha, são todos divinais.
Não vou repetir a compra d'hoje, por isso vou aqui colocar a foto dos Paraguaios como recordação, porque do sabor, já esqueci.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Flores para Santo António

Gosto de saber a opinião das amigas. E se me parece certa, acato-a. Pois uma amiga disse-me por telefone que Santo António deve ter flores, sobretudo hoje, e que eu tinha colocado uma foto demasiado pobre, nem uma florinha... Certo, mea-culpa... Não tenho cravos, mas com o que tinha fiz um humilde adorno... Será que estou desculpada? Perdoada, nem tanto...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António de Lisboa

Amanhã é dia de Santo António. Comemora-se na Liturgia, mas também com festas ruidosas, danças, marchas populares, e foguetes.
Eu sempre respeitei muito este Santo, é o nosso Santo português, que até nos é disputado por Pádua. Já aqui tenho confessado,e com lamentos, a minha falta de fé, ou antes a respectiva perda gradual, pois tempos existiram em que eu era crente em absoluto, e creiam que actualmente até sinto mágoa pela alteração do meu pensamento. Várias vezes pedi proteção a Santo António, e sempre me "ouviu"... Comprei a sua imagem de marfinite, em Braga, e está connosco há mais de trinta anos.
No entanto, esta dualidade em que me debato, esta dificuldade em assumir sem dúvidas, vive em mim e é mais forte do que eu. 


Mas não é por isto que deixo de respeitar, e admirar o nosso Santo António,franciscano,missionário, mestre de teologia em Bolonha, Montpellier e Tolouse, grande pregador e póstumamente Doutor da Igreja. Antes de ser Santo ele foi um Homem de extraordinária inteligência,e dedicação aos seus semelhantes, sobretudo aos mais carenciados. Foi um Homem diferente, daí estar nos altares.

Não resisto a colocar aqui uma poesia alusiva a Santo António. Ela é por de mais conhecida, mas é tão bonita....

O Passeio de Santo António

Saíra Santo António do convento,
A dar o seu passeio costumado
E a decorar, num  tom rezado e lento,
Um cândido sermão sobre o pecado

Andando, andando sempre, repetia
O divino sermão piedoso e brando,
E nem notou que a tarde esmorecia,
Que vinha a noite plácida baixando...

E andando, andando, viu-se num outeiro,
Com árvores e casas espalhadas,
Que ficava distante do mosteiro
Uma légua das fartas, das puxadas.

Surpreendido por se ver tão longe,
E fraco por haver andado tanto,
Sentou-se a descansar o bom do monge,
Com a resignação de quem é santo...

O luar, um luar claríssimo nasceu.
E num raio dessa linda claridade,
O Menino Jesus baixou do céu,
Pôs-se a brincar com o capuz do frade.

Perto, uma bica d'água murmurante
Juntava o seu murmúrio ao dos pinhais.
Os rouxinóis ouviam-se distante
O luar, mais alto, iluminava mais.

De braço dado, para a fonte, vinha
Um par de noivos todo satisfeito.
Ela trazia ao ombro a cantarinha,
Ele trazia... o coração no peito.

Sem suspeitarem de que alguém os visse,
Trocaram beijos ao luar tranquilo.
O Menino, porém, ouviu e disse:
- Ó Frei António, o que foi aquilo?...

O Santo, erguendo a manga de burel
Para tapar o noivo e a namorada,
Mentiu numa voz doce como o mel:
- Não sei o que fôsse. Eu cá não ouvi nada...

Uma risada límpida, sonora,
Vibrou em notas de oiro no caminho.
- Ouviste, Frei António, ouviste agora?
- Ouvi, Senhor, ouvi. É um passarinho...

- Tu não estás com a cabeça boa...
Um passarinho a cantar assim!...
E o pobre Santo António de Lisboa
Calou-se embaraçado, mas por fim,

Corado como as vestes dos cardeais,
Achou esta saída redentora:
- Se o Menino Jesus pergunta mais,
... Queixo-me à sua mãe Nossa Senhora!

Voltando-lhe a carinha contra a luz
E contra aquele amor sem casamento,
Pegou-lhe ao colo e acrescentou: Jesus,
São horas... E abalaram pró convento.

(Augusto Gil)


terça-feira, 11 de junho de 2013

Recordando

Não sei desde quando eu reparei na poesia (decerto nos bancos da escola) e comecei a gostar de a ler, para mim, naturalmente. Confesso que de tanto a apreciar, quando apareceram as rádios pirata, e eu, e o meu marido, nos tornámos "rádialistas à pressa" aos sábados à noite durante três horas, eu tratei logo de lançar no meu espaço uma rubrica de poesia. Chamei-lhe O Cantinho do Poeta! Eu não sabia declamar poesia, limitava-me por isso, a lêr o melhor que podia, e com persistência consegui até melhorar um pouquinho. Ai, como eu gostei de recordar os poetas portugueses, nunca repeti nenhum, era mesmo necessário ser surpreza. Em casa fazia um curto texto sobre a biografia, e escolhia um soneto, ou umas quadras, conforme o poeta a recordar e sua obra, e lá ao microfone, depois de ler o texto primeiro, e a poesia a seguir, fazia a pergunta:-"estimados ouvintes, como se chama este poeta?..." Quando o telefone começava a tocar do lado de lá do vidro, e o camaramen me fazia sinal que ia colocar o ouvinte "no ar" para eu atender, o mundo lá fora podia parar, porque o meu mundo estava ali... Aquela hora era minha, as restantes eram de nós os dois, mas essa produção era do meu marido, apenas a musica era da minha escolha, derresto eu levava sempre dos meus discos, de casa. E nestas andanças permaneci perto de tres anos. O meu marido um pouco mais. A rádio prende, hoje recordo e tenho saudades de tudo, dos companheiros que já partiram, das conversas e risadas entre todos com o microfone fechado, das atenções dos ouvintes, até do nervoso que por vezes era dificil de evitar.
Também tenho uma história, e vou contar.

- Tinha terminado o meu espaço de poesia, quando o director de programas me chamou, para me dizer que aquele ouvinte de Coimbra (disse o nome) lhe tinha perguntado se eu sabia uma poesia do Conde de Monsaráz, intitulada A Lenda das Arcas; ele respondeu que decerto eu sabia, mas se me queria perguntar, eu podia ir atender o telefone, e ele queria de facto perguntar-me. Lá fui ao telefone atender o ouvinte, que era delicado, e gostava de poesia, gostava do programa, e lá me falou da tal poesia das Arcas, que ele conhecia e eu também, e eu ainda o informei, de que na Figueira da Foz existia um palacete, onde o autor desse poema teria nascido... A conversa até estava aparentemente para durar, quando ele me perguntou " o Sr. Olímpio é seu pai, não é? " Com a maior das naturalidades, respondi com a verdade, que era meu marido, e já há muitos anos.
Um tanto atrapalhado pediu desculpas, que eu lhe disse desnecessárias, pois não se tratou de nenhuma ofensa. " No intimo até achei graça, mas não lhe disse..."
A conversa acabou logo; disse adeus, e nunca mais voltou a telefonar para responder no programa de poesia, do qual ele era habitual.

E  quem foi  a culpada  disto tudo ? A Poesia !

 

sábado, 8 de junho de 2013

Tão lindos e tão amarguinhos

Entrei no "meu" supermercado e diriji-me ao lugar das frutas e legumes. Que agradável o perfume das frutas frescas onde subressaía o dos morangos, e que beleza de cores. Reparei que também havia alperces; trouxe outras frutas,mas como eram novidade decidi trazer. Escolhi dos mais coradinhos, e trouxe, poucos, para experimentar. Mas ao almoço quando já adivinhávamos o seu sabor, ficámos desiludidos, decerto eles tinham convivido de perto com o quiníno... amarguinhos a valer, impossíveis de comer. Mas deitar alimentos no lixo é pecado. Então, aqui nada se estraga, tudo se transforma. (a frase não é minha)
Abri-os ao meio e retirei os carocinhos.
Borrifei com aguardente de bagaço, e polvilhei generosamente com açúcar.
   
 
          Deixei repousar um tempinho, para que absorvessem o aroma da água ardente, e a  doçura
          do açúcar.- Depois juntei uma pitada de sal e coloquei ao lume,

                                    
                E deixei cosinhar durante uns quinze minutos aproximadamente...          
                              Retirei as metades de alperce um a um e coloquei em espera...
Deixei ao lume a calda a apurar mais um pouquinho, junto com a casca dos frutos que se tinha separado deles durante a fervura. Retirei do calor e deixei arrefecer. Com a varinha mágica tornei a calda cremosa, e espumosa, e espalhei-a sobre a fruta. Ficou uma delicia, acreditem.
Prometo repetir...

terça-feira, 4 de junho de 2013

No Benfica / Guimarães...

Não foi neste Domingo, mas sim no anterior, que reparei num facto que deve ter sido observado por centenas de pessoas no nosso País. Comentei no momento com o meu marido, e pensei logo que iria aqui falar do que me prendeu a atenção. Porém a preguicíte atacou-me e eu deixei, e posteriormente até pensei em calar-me ( já ficou para trás dizia a mim própria) mas como também sou resingôna, aqui estou a premir as teclas, para contar não uma história do passado mas para manifestar a minha estranhêza por atitudes acontecidas no presente. Pois foi naquele Domingo em o País quase parou por causa do futebol, e com alguma razão; era um momento alto, era o Benfica e o Guimarães, e jogava-se para a Taça de Portugal.
Até eu que "não sofro" com os resultados, acabei por me envolver e assistir ao jogo todo, pela Televisão.

Eu também gósto daquele aparato antes do jogo, a saída dos respectivos autocarros com os jogadores, a chegada ao estádio, as entrevistas que os jornalistas captam ali à entrada, com opiniões exageradamente confiantes dos adeptos, e por vezes sem nexo; e se no estádio se ouve o Hino Nacional eu não perco. De igual modo se no fim há entrega de medalhas e da Taça, eu quero ver. É a festa, a recompensa, há aplausos, alegria, é bonito, pelo menos essa é a minha opinião. E é aqui que surge o tal pormenor. Pormenor ??? esta palavra não me parece adequada... mas, adiante.

Num local especifico, estavam algumas individualidades convidadas e entre elas como é hábito neste ultimo jogo, estava o Presidente da Républica de Portugal de pé. Os jogadores dos dois clubes subiram até lá, para que lhes fôsse colocada a respectiva medalha, e aos vencedores também ser entregue a desejada Taça.
Manda a boa educação que os jogadores cumprimentem o Presidente da Républica, e alguns assim fizeram; mas a maioria passou pela sua frente, ignorando-o completamente. Eu digo sempre o mesmo: -"aquele homem" que estava ali de pé, é o chefe supremo da Nação, é o Presidente da Républica de Portugal. Em especial pelo cargo de que está investido, devemos-lhe respeito. Como cidadão até podemos censurá-lo, mas devemos proceder para com ele com educação. Não sermos nós mal educados, não nos fica bem.

É bem verdade que cada vez estamos mais pobres, já não é só a falta de dinheiro, são os valores morais, que desapareceram dos gostos dos portugueses. É chique ser mal educado, e de preferência em público.




Pobre Portugal, o que te espera?