domingo, 24 de julho de 2011

A beleza das mãos

Ao ver estas mãos transformadas em coisas tão bonitas,eu quis escrever algo sobre a habilidade do artista, mas depois de ler este soneto de Manuel Alegre,fiquei sem palavras,ele disse tudo.

As Mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

( Manuel Alegre)

sábado, 23 de julho de 2011

O mundo da publicidade






















Recebi por email e achei que era digno de ser partilhado!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Fantasmas !

O vigário de Deus na terra disse um dia
Aos batalhões do clero :
Tragam-me o manto d'oiro e seda que cobria
As espáduas de Nero.

E trouxeram-lhe o manto,um manto de brocado,
Da púrpura mais fina,
Com manchas de lôdo obsceno,inda empastado
No sangue de Agripina.

E o papa continuou :«preciso armar o braço,
Para ditar as leis;
Fabriquem-me uma espada enorme,com o aço
Das espadas dos reis.»

E trouxeram-lhe o gládio. O papa ficou mudo,
Num assombro d'espectro,
De súbito exclamou : « ainda não é tudo ;
Tragam-me agora um cetro !»

Trouxeram-lho. E, depois dum silêncio profundo,
Rugiu como um leão :
«Tragam-me agora o mundo!» E puseram-lhe o mundo
Na palma da sua mão.

E soprando o globo e arrancando o montante
Enorme da baínha,
Bradou pela amplidão :«Sou Júpiter-tonante!
Humanidade, és minha !

Eu tenho o gládio e o cetro,a excomunhão e a bula ;
Sou o Deus, sou a Fé.
Miserável réptil, Humanidade,oscula
A ponta do meu pé !»

E, sentando-se sobre o coração de Itália,
O sátrapa romano
Estendeu,desdenhoso, o bico da sandália
Para o género humano !

Nesse instante, um fantasma entrou nos régios paços,
Sereno e formidável.
Encarou fixamente o rei,cruzando os braços
No peito inabalável.

E trovejou,deixando o papa sacrossanto
Lívido, espavorido :
«Sou a Fraternidade. Entrega-me esse manto
E essa espada, bandido !»

Despedaçou-lhe o gládio e a túnica purpúrea,
E saiu triunfal.
E o papa horrorizado, espumando de fúria,
Uivou como um chacal :

«Nesta invencível mão d'abutre encarquilhada
Guardo o meu tesoiro.
Ficou-me ainda o cetro. Era de ferro a espada...
Prefiro o cetro... é d'oiro !»

E o papa viu então, oh trágica ansiedade !
Um vulto sobre-humano
Avançar e bramir : - o meu nome é Igualdade ;
Dá-me o cetro, tirano ! -

Quebrou o cetro e foi-se. E o papa como um lobo
Sombrio, respondeu :
«Na minha forte mão ainda sustento o globo ...
Ainda o globo é meu ! ...»

E desatou a rir ... um riso sanguinário
De pantera. Depois,
Surgiu novo fantasma hercúleo,extraordinário,
Maior que os outros dois.

E como o rebentar potente dum trovão
Que abala a imensidade,
O fantasma rugiu : - Não me conheces, não !
Chamo-me a Liberdade !

«Venho buscar o mundo. Entrega-o, salteador,
É meu o globo, harpia !»
E arrancou-lho. Soltando um grito, no estertor
Convulso da agonia,

Tombou por terra o papa. E repentinamente
Viu surgir-lhe do lado
Um esqueleto a rir, todo fosforescente,
Podre, desengonçado,

Que lhe disse:- Morreu,ó papa, o nosso império,
Morreu o mundo antigo.
Tu chamas-te Alexandre,eu chamo-me Tibério ! ...
Vem deitar-te comigo !...

E como um caçador fantástico que leva,
Sangrenta e moribunda,
Uma hiena a gemer,de rastos, pela treva
Numa noite profunda,

O esqueleto levou para a cripta sombria
O cadáver do irmão,
Indo dormir os dois na eterna mancebia
Da mesma podridão !



( De Guerra Junqueiro )

terça-feira, 5 de julho de 2011

Fatalidade é uma coisa. Incompetência é outra!!!

Eu prometi a mim própria não fazer mais comentários em relação à situação do nosso país,nem a casos graves que todos os dias os jornais nos mostram, e as televisões repetem de hora a hora.Prometi,mas não cumpri,e até estou a fazer um reparo em relação aos jornalistas pois parece quererem tirar partido das desgraças, insistindo em descrever e fotografar em pormenor, situações por vezes chocantes,e que eu iria jurar que não deve ser do agrado dos familiares das vitimas,e entendo que deveria haver mais recato e respeito,e não aquele arraial, passe o termo que é impróprio,mas agora não tenho outro.
Bem, mas eu não queria falar de coisas tristes,nem do governo, porque ele caiu,mas já se levantou outra vez, e já se vêem de novo sorrisos nos politicos porque tristezas não pagam dividas,e também porque não são eles que estão tristes.
No entanto é do dominio publico a situação aflitiva de grande parte da população portuguesa, muita tristeza abafada,muita lágrima escondida por vergonha,e muita miséria a todos os níveis,alguma exposta aos olhos de todo o transeunte. Todos lamentamos, e nada podemos,mas compreendemos e sentimos (mesmo que ao de leve) a desgraça alheia,e vivemos no receio porque " hoje aqueles,amanhã nós, ou um familiar, um vizinho,um amigo..." Todos estamos afinal no mesmo barco que é demasiado frágil.
Nesta perspectiva,fiquei pasmada quando à poucos dias ouvi ao Presidente da Républica assim de ânimo leve, estas palavras -O QUE ACONTECEU AO NOSSO PAÍS NÃO É UMA FATALIDADE!!!! Tudo se há-de resolver,etc... Fiquei a falar sózinha,não é fatalidade? Então o que é? Mas depois de me passar o pasmo,eu encontrei a razão.-O Presidente deixou fugir-lhe a boca para a verdade! Pois é! Fatalidade, é destino; acaso infeliz; funesto; algo inevitável; consequência desastrosa; desgraça que ninguém prevê e acontece, mas não há culpados.

Tem toda a razão o Presidente! Relativamente ao nosso país a expressão FATALIDADE é incorreta, porque a nossa crise tem culpados,e por isso o nome é outro,ou outros. Afinal todos sabiamos, só que não nos lembrávamos... Foi preciso o Presidente falar verdade...

Bem haja Sr.Presidente!!!!!!!!!!

domingo, 3 de julho de 2011

Férias em Junho

Pois é verdade! Fui de férias,regressei de férias... Eu já tenho dito e é verdade, que sinto certa satisfação nos preparativos para o regresso,se bem que seja maçador refazer malas, estas já um tanto à balda é certo,mas não muito, porque sou perfeccionista,um defeito que não consigo corrigir.
A chegada a casa é um prazer,acho-a sempre mais bonita,sensação ilusória claro,e lá volta a minha afirmação repetida ano após ano "eu gosto de ir,e gosto de voltar".
O pior é no dia seguinte, é mesmo o reverso da medalha... o meu marido vai para férias,acumula energia,na viagem de regresso já vem a traçar planos de trabalho,e no dia imediato manhã cedo com disposição excelente, lá vai trabalhar como se fosse para uma festa,enquanto eu que nas férias me habituei ao descanço,e até ao desmazêlo,que até é pecado,ao voltar à vida a sério ando a pedir a um pé, licênça para mover o outro... Como as férias já foram,alguns dias já passaram,hoje abandonei a semi-indolência,e voltei a exercer o cargo de fada do lar e estou contente por isso.
E aonde fomos nós fazer férias? Cá dentro pois claro!!! Como opina o Presidente! "Que nós estamos muito atentos aos seus conselhos"... Sobre poupanças eu sou Licenciada há muitos,muitos anos, mas não quero falar disso.
Fomos para o Algarve em Armação de Pera,onde encontrámos sol bonito e água temperada,e uma tranquilidade que apreciamos. Num Domingo, para matar saudades fomos até Vila Real de Santo António,que por sinal é uma grande Cidade, limpa e bonita: gostei de voltar a passear nas ruas Pombalinas,e olhar o Guadiana. Decidimos ver o rio mais de perto, embarcámos no Ferri,subimos para o piso superior e dali observámos "tudo o que pudémos" durante a travessia, e entretanto chegámos a Espanha,mais própriamente a Aiamonte. É engraçado numa das margens do rio é Portugal, logo na outra é Espanha,com mais uma hora em relação a nós. Também gostei muito de Aiamonte,e só lamento não podermos ter visitado em pormenor.Há uns anos atrás em situações identicas, eu dizia havemos de voltar... actualmente projectos desse teor não é conveniente traçá-los.
Para ser franca comigo,eu quero confessar "baixinho,"que já sinto saudades destes ultimos quinze dias de junho,as nossas férias deste ano.