sexta-feira, 26 de abril de 2013

Recordações

Como já perceberam, estas travessas são de Louça das Caldas. Também elas marcam uma dáta, pois foram prenda do meu aniversário à muito tempo atrás.
Quando eu era jovem, fui pela primeira vez passear á Cidade das Caldas da Rainha. Foi num Domingo de Agosto, namorava com o meu marido à pouco tempo, e foi ele que sugeriu o passeio. Ele trabalhava em Lisboa, mas o patrão destacou-o para esta Cidade durante os tres meses de verão. A ideia agradou-me, e cedinho, numa manhã dum nevoeiro muito denso, lá fui eu acompanhada pela minha mãe e pela mãe dele, no combóio pela linha do oeste até á Cidade das Termas, e das Louças bonitas. Eu vivia a idade em que tudo é côr de rosa, e nada foi negativo. Gostei muito do parque que era enorme, povoado de estátuas arbustos e flores. Da mata (onde lanchámos) cheia de frescura do arvoredo e com uma fonte rústica no cimo. "Adorei" o Museu, que tem o nome de José Malhôa (grande pintor natural desta cidade) cheio de arte nos inumeros quadros a óleo, alguns enormes, magnificos, cuja beleza me cativou e eu contemplei sem pressa. Também as montras das lojas de louça me atrairam, se eu pudesse trazia tudo... mas para além dos preços que não eram convidativos, era Domingo, e por isso estava todo o comércio encerrado.
Regressámos ao fim da tarde, de novo no combóio, e eu  revia na memória todas as coisas bonitas que tinha visto e que já ficávam para trás.

Não trouxe nada, com pena minha; mas um dia mais tarde ao abrir um embrulho de papel forte, fui surpreendida com um presente, eram estas peças. Que alegria!

Há uns tempos ouvi dizer, e senti mágoa, que a Fábrica que produzia estas maravilhas ia fechar. Falava-se em diligências para impedir que se concretizasse tal maldade... não sei qual foi o desfecho.  

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Cadeia, um triste lugar

Hoje na antena um, no programa da manhã, no espaço chamado Opinião Publica, porque é disso mesmo que se trata, os ouvintes foram convidados a falar sobre as Cadeias do nosso País. Não gostei da maior parte do que ouvi. Felismente, eu de Cadeias (ou Prisões) sei muito pouco e ainda bem, porque para mim aqueles edificios, alguns bonitos, o de Lisboa é um deles, foram sempre um local de expiação para alguém que num momento menos bom, prevaricou de modo grave. Este pensamento é antigo, vem dos tempos da minha juventude vivida em Montemor-o-Velho, uma vila histórica e pacata, onde até havia Cadeia, mas os motivos de ali ir parar, não eram crimes de sangue, resumiam-se a zaragatas e respectiva pancadaria, roubos nas eiras, ou ralhos entre visinhos com insultos, e pouco mais.
A cadeia era um edificio antigo, de rés do chão e primeiro andar, com uma escada larga em pedra; a cosinha enorme era igualmente pavimentada de lages de pedra polida pelo uso. O guarda (carcereiro) residia na própria cadeia com a familia.
Ele era um homem calmo, educado e bom, chamava-se Prudêncio; e a nora uma santa senhora, tinha o nome de Liberdade. Não deixa de ser curioso, estes nomes tão pouco adaptados ao local. Assim, quem fosse para a cadeia "encontrava ali a Liberdade..." As refeições dos presos estavam também a cargo desta familia.
Só uma vez entrei na cadeia própriamente dita, para ir visitar uma familiar. Era a minha comadre que na altura teria uns 40 anos e se envolvera numa cena de pancadaria. Não me recordo já o porquê da desavença, até porque eu não vi.
Mas,aquilo começou com duas pessoas, e no fim eram seis as envolvidas, arranhadas
e magoadas. Resultado:- processadas e julgamento; as duas fações no banco dos réus. O Dr. Juíz atribuiu pena a todas, mas remível a dinheiro. Declinaram; aí ouve unanimidade, não queriam gastar dinheiro, e escolheram ir prá cadeia. E foram! Como estavam de mal, e de mal continuaram, guardaram distância, um grupo dum lado da sala, as outras do outro lado, e assim se mantiveram.
Entrei, e disse adeus a todas, e percebi que estavam tristes, o que era natural.
Mas a minha comadre mostrava-se contente, ria-se, e dizia em voz alta de modo
que as outras ouvissem "- estou aqui muito bem! Eu até precisava de descançar... E enquanto aqui estou, estou a ganhar dinheiro..."
Mas a certa altura, quando as outras visitas falavam alto e estavam entretidas, ela chegou-se ao meu ouvido e baixinho segredou: - ai minha comadre, eu faço esta galhófa para elas não se gozarem de mim, mas sabe? no silêncio da noite eu farto-me de chorar... estes dias estão a ser os piores da minha vida.

Nesta altura eu era uma jovem, mas nunca mais me esqueci destas palavras.
Entretanto, desejei que não fosse necessário voltar mais a uma cadeia, mesmo só para uma simples visita. É sempre mau sinal.

Dizem que na cadeia e no hospital, todos temos um lugar...

Concordo. Mas será bom não o irmos ocupar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Raivas? Para quê Sr.Presidente Cavaco Silva?

A vingança mesquinha de Cavaco

Ao abrir hoje o computador deparei-me com esta frase. Não me surpreendeu, porque já há dias a imprensa tinha dado a noticia de que o Presidente da Républica representante do nosso País, convidado de honra na Feira do Livro de Bogotá, ao discursar sobre literatura e escritores portugueses, falou de Camões, mas omitiu o nome do escritor José Saramago, o nosso Prémio Nóbel. Já quando ele faleceu, o Presidente Cavaco Silva estando em férias nos Açores com a familia, não as quis interromper, e não esteve presente no funeral. Hoje que as longas distâncias se vencem em horas, e aos Açôres se chega em pouco tempo, logo se percebeu que em primeiro plano estava o homem a sofrer de raivinhas e não o Chefe dum País que se chama Portugal. O Presidente da Républica tem de agir de acordo com o cargo em que está investido, enquanto lá estiver, e não como o cidadão Cavaco Silva que é. O povo tem uma frase interessante, de que eu gosto muito e é assim:
- " POR CAUSA DOS SANTOS, BEIJAM-SE AS PEDRAS..." O Presidente Cavaco Silva decerto nunca a ouviu, e se ouviu, não a valorisou, nem pensou reger-se por ela. Pois é! Mas esta frase diz muito, e eu permito-me apontar: - Como Homem, ele estaria de candeias às avessas com o Saramago. Mas como Presidente da Républica, tinha o dever de comparecer no funeral do escritor, que não era um qualquer escrevinhador, era o Prémio Nóbel, um português que nos trouxe uma honra para o nosso País, e de que todos nos devemos orgulhar, e não menosprezar nem esquecer.
O tempo passou, e agora em Bogotá, de novo o Presidente arréda o Saramago. Que mentalidade tão tacanha... Que baixeza, quando todos sabemos que ele age assim por vingança. Um Presidente que se preze não acalenta vinganças, está acima dessas minudências. Pobre país o nosso, onde tão pouco se valorisam os grandes vultos. E é de cima que parte o desprezo, não é justo.
Ainda hoje ouvi na rádio nacional, um jornalista pronunciar-se acerca de alguns escritores portugueses. Conhecidos uns, e outros surgidos à pouco, vencedores de prémios em Portugal, e a estes mais novos, o Brasil já está a acarinhar. Como não podia deixar de ser, falou no nosso Nóbel para dizer que Saramago é adorado no Brasil.

Disse mais, disse que SARAMAGO É A BANDEIRA DAS LETRAS NO BRASIL !

E eu pergunto-me, haverá algum português que desdenhe desta expressão?.....

A próxima Feira do Livro será em Frankfurt, e o Brasil é convidado de honra. Talvez nessa altura, o escritor português José Saramago, Prémio Nóbel, seja lembrado, mas na palavra dum cidadão brasileiro. - Talvez? Não. Tenho a certeza!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Jovens com 100 anos

                     Guardo-os religiosamente.São antigos de verdade, eram da minha avó.
                     São bonitos, não acham?
                     Parece estarem no chão, mas não. É por a mesa ser de vidro.

sábado, 13 de abril de 2013

A Primavera é feita de flores


















Recebi por email, do Sr. Aníbal José de Matos, e não resisti a partilhar aqui, agora que, finalmente o sol começou a brilhar e a chuva se foi embora. São flores compostas por corpos humanos. Admirável, não acham?

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O chocolate no meu conceito, é rei !

Não devia colocar em pé de igualdade, mas atrevo-me a dizer que gosto tanto de ler, quanto aprecio o sabor do chocolate. Como não faço segredo desse "pecado", há sempre quem se lembre de mim...
Recebi mais, mas já tratei de os "arrumar..."

Prendas nas datas festivas


Os meus presentes preferidos, os livros. Um foi prenda no ultimo Natal, os outros dois neste ano pela Páscoa.  "Apaixonei-me" pela escrita deste Sr. - o Ken Follett

domingo, 7 de abril de 2013

As Festas

E as comemorações Pascais também já passaram, acabaram as festas de índole exclusivamente Cristã, e agora com os dias maiores e quentinhos (será que virão?) teem lugar festividades diferentes, mistas, pois se inserem na santidade homenagiando os Santos, mas também com arraiais, musica alegre e ruidosa, foguetes e comes e bebes... Acontecem por todo o país, mas na província do Minho que tem muitas povoações pequenas espalhadas por montes e vales, todas elas com a sua capelinha ou ermida, um observador mais atento verifica que Domingo após Domingo, uma a uma, todas estarão em festa venerando o respectivo orago da sua devoção. Eu vivi na cidade de Braga durante onze anos, e nos primeiros dois morei à entrada da cidade, quase na perifería; e do alto da minha casa, das janelas das traseiras, podia observar ao longe por entre o arvoredo que "ainda" era denso, pequenos grupos distantes entre si, de casas baixinhas. Eram alguns dos tais povoados. Quando a lua tomava o lugar do sol, e o fumo das lareiras se elevava no ar, distinguiam-se uns pontos de luz coada pelas pequenas vidraças, num cenário a rivalisar com um autentico presépio... E na altura própria também conseguia ouvir não de forma muito distinta, a musica onde entravam as concertinas, e os ferrinhos. Os foguetes, esses sim, eram perfeitamente audíveis; era a alegria da gente do norte, um predicado caracteristico e bem conhecido.
Depois há as grandes festas:- a da Senhora da Agonía em Viana do Castelo, um cartaz turistico de excelência, e a das Cruzes em Barcelos, rica também de beleza e tradição. Que Guimarães e mais Cidades Minhotas me perdôem a omissão, as suas Romarias são também valiosas e merecedoras, mas fica para a próxima.

Comecei a escrever para falar dos presentes que "ganhei" pela Páscoa, e enveredei pelas recordações do passado. Isto só acontece a quem é tagaréla; é o meu caso. E o pior é que se trata duma patologia crónica. "Mea Culpa"! - Nada há a fazer...

sábado, 6 de abril de 2013

Recordar, pode ser amargo e doce

Sou conservadora e tenho uma tendência enorme para guardar; guardo as amizades, mas também os papéis. Refiro-me a recortes de jornais onde mora a poesia, ou assunto que me prenda a atenção, e que por isso eu guardo para voltar a ler quando calhar. Com este modo de proceder desde sempre, enchi gavetas, eu até lhes chamo o meu museu, mas para ser franca tenho de confessar, que poucas foram as ocasiões em que ali voltei para ler de novo algo do que tinha gostado antes. Ontem precisei de fazer umas arrumações, e lembrei-me daqueles espaços. Decidida, abri uma das gavetas no propósito de a esvasiar, e mandar para a reciclagem a maior parte daqueles papéis. A intenção falhou, porque comecei a ler, e acabei enternecida, e até bastante comovida... Entre os vários recortes de papel com poesia, ali encontrei lindas e carinhosas palavras de felicitações, escritas em postais escolhidos a preceito, e a mim dirijidas, por amigas que eu perdi porque já partiram para o Além, e de quem eu sinto tanta falta, e tantas saudades... Ao segurar nas mãos aquelas mensagens que o tempo não destruiu, e que eu agora relí uma após outra, senti como é errada aquela afirmação de que "recordar é viver..." Poder recordar, é sinónimo de ter vivido mais para além de determinada data, ou datas, é certo, e gratificante. Porém este recordar, trouxe-me tristeza,foi um amargo e doce em simultâneo de que não consegui alhear-me.
Agrupei todos os postais por ordem e em massinhos, e quase religiosamente coloquei tudo de novo arrumadinho na gaveta.
Apenas uma folha branca permanece ainda na minha frente, e nela, numa caligrafia muito certinha, estas sugestões tão importantes...

Filosofando

Provado está que a vida é curta e bela...
E que se morre um pouco em cada dia,
Não queira "sem querer" dar cabo dela,
Não se irrite. - Sorria!

Queira ser indulgente e confiante;
Seja a própria justiça quem o guie.
E quando vir errar seu semelhante,
Não critique. - Auxilie!

Seja calmo, sereno, recto e bom!
Faça do amar a base, o alicerce;
Tente da voz não alterar o tom:
Não grite. - Converse.

Ponha o "caso " em si sempre que possa,
Deixe falar quem fala... nem repare,
E ouvindo a consciência, amiga nossa:
Não acuse. - Ampare.

Estes conselhos tão sensatos foram-me enviados por uma grande amiga, juntamente com a sua amizade, que vincou na respectiva dedicatória. Não são
da sua autoria, mas tinham o seu apreço.
Se o Céu existe, lá estará esta querida amiga, a Sra. D. Isaura Carvalho.