terça-feira, 6 de setembro de 2011

Aniversário

Ontem foi o dia dos meus anos. Confesso que actualmente não ligo muito a esta data nem sinto vantagem para mim de a festejar, embora não rejeite um jantar simples com a familia reunida à mesma mesa.Objectos como prendas também não, mas doces, chocolates e livros, sou gulosa por todos e são bem vindos. Marido, filhas e netinho não se esquecem.
Com o passar do tempo muito se alterou, passei a festejar o aniversário do marido, depois o das filhas, e descurei o meu. Não o rejeitei, apenas lhe reduzi a importância com naturalidade, e quase sem dar por isso.
Guardo na memória a festa que era para mim fazer anos, quando era menina e depois na juventude. Era tudo tão pouco, tão modesto, e no entanto era enorme no meu conceito. Resumia-se ao jantar que nessa noite era na sala. E a comida era sempre igual ano após ano, canja, arroz escuro dos miudos do frango, e o dito cujo com batatinhas à volta, assado no forno. Como sobremesa arroz-doce. Prendas? Não me recordo. Apenas uns postais ilustrados enviados por algumas amigas. Mais tarde algumas prendas então,mas já com vista ao enxoval, jámais de carácter superfluo. Gosto de recordar, faz-me sorrir.
Foi há muitos anos, neste dia 5 de setembro. Fui a Coimbra, e viajei no autocarro da carreira. No regresso vinha "o meu autocarro" e mais outro igual que era o do desdobramento, este por acaso vinha à nossa frente. Numa curva travou bruscamente para evitar bater numa camioneta que lhe surgiu de frente,e como a estrada estava molhada,atravessou-se na via. O outro também parou e não ouve consequências,porém quando o motorista se dirijiu ao da camionete este começou a barafustar,e pregou-lhe uma bofetada. Os óculos voaram e claro partiram-se. Quando segundos depois ali chegámos não havia espaço para passármos. Com aquela atitude maluca, tornou-se necessário chamar a polícia, e sem telefone a demora era evidente. Ficámos ali retidos no meio dos campos. Então a alternativa era entrar numa azinhaga passar por uns pequenos povoados, para voltar à estrada um pouco mais adiante. E lá seguimos por caminhos tortuosos e estreitos de terra esbranquiçada, aos solavancos sobre o piso irregular. As pessoas surgiam ás portas admiradas porque ali não passavam carros. Iamos muito devagar pois a espaços curtos aparecia uma pedra enorme. Então o colega do motorista descia e ia tirar a pedra. Daí a pouco,de novo -" ó Fernando lá está outra, vai tirar". Nós riamo-nos, e parodiávamos o facto, chamavamos-lhe excurssão sem aumento no preço do bilhete.E mais pedras se sucederam e o Fernando sempre as foi retirar, até finalmente voltarmos à estrada normal.Apesar da boa disposição estavamos saturadas,todas cheias de pó, mesmo fechando as janelas,não foi possivel evitar, mas já nada nos preocupava, só chegar a casa depressa, pois passámos horas nesta aventura.
Em Montemor a noticia tinha corrido mas da pior forma, dizia-se que a camionete da carreira tinha sofrido um acidente, falava-se num choque ; eu tinha por hábito e gosto, ocupar o lugar da frente, por isso em minha casa foi o caos.Quando a camionete entrou na minha rua onde passava e não parava, eu vi logo um aglomerado considerável de pessoas à minha porta. Preocupadas esperavam, e acompanhavam a minha mãe que em lágrimas só pensava o pior.
Finalmente cheguei a casa, sã e salva! Pois, não nos tinha acontecido nada,mas neste dia de aniversário, o jantar que já tinha arrefecido,não soube como de costume.

2 comentários:

Eloah disse...

Parabéns querida! Que a partir desta data a nova idade te traga muita luz,a doçura do amor, as flores mais belas da natureza,as boas amizades, os ternos abraços e a agudeza do olhar para captar a felicidade que isto traz!Teu texto tem sabor de infância e juventude.Amei!
Quero agradecer as palavras generosas deixadas no meu Blog.Vou entrar em contato por e-mail.Bjs no coração Eloah

Gell disse...

MEUS SINCEROS PARABÉNS , QUE DEUS TE CONCEDA MUITA PAZ ! OBRIGADA PELOS COMENTARIOS EM MEU BLOG TA ? EU RESPONDI VEJA LÁ. VC É SEMPRE MUITO GENTIL . BJUS AMADA !