sábado, 21 de julho de 2012

Adeus, Professor Hermano Saraiva

Abri o computador e a noticia caiu-me em cheio. Falo deste modo porque apesar de nunca ter falado com o Sr. Professor Dr. Hermano Saraiva, não o considerava uma pessoa estranha. Pelo contrário, até lhe dedicava uma certa estima,talvez fosse um despropósito, aceito a critica, mas estou a dizer a verdade. Lembro-me muito bem dele como Ministro da Educação, numa época difícil e triste da nossa História, em que os estudantes das Universidades foram maltratados e até perseguidos.Nessa altura ele estava ao serviço do Estado Novo, e naturalmente apoiava os seus governantes. Ficou na lembrança de muitos, e de forma negativa, o momento em que ele clamou contra os estudantes em Coimbra, relevando o então Presidente da Républica Almirante Américo Tomás ali presente.
Posteriormente passou a residir em Brasilia com o cargo de Embaixador de Portugal no Brasil. Já nessa época ele era um valor, um homem distinto, inteligente, culto, viajado,e dotado duma enorme capacidade de trabalho, que manteve até quase ao fim dos seus dias; daí a sua grande obra literária um orgulho para os portugueses. Gostava de Portugal e a ele regressou, falava da nossa história como ninguém, de tal forma que até aqueles que detestavam essa disciplina, o ouviam com agrado. Eu sou suspeita  já referi a minha simpatia, mas gostava muito de o ver e ouvir, e tudo o que dizia sempre me agradava.Procurava não perder nenhum dos seus programas, e tenho muitos deles gravados em video.
Tem algo de surpreendente o facto de, sendo ele uma pessoa de  grande categoria, fôsse em simultâneo duma simplicidade extrema. A propósito quero recordar aqui um facto que me toca : - há uns anos não sei quantos, nem vou verificar a data, o meu marido resolveu criar um Jornal. Foi o Terras de Montemor,que teve uma existência curta, exatamente um ano.Sem vir a propósito quero dizer que foi aliciante, trabalho a dividir pela prata da casa, com a minha filha mais velha a desempenhar uma grande tarefa. Quando se fez o ultimo numero pensámos falar de Fernão Mendes Pinto, natural do nosso Montemor-o-Velho.Nós sabiamos a história dele, mas umas palavras de maior sapiência dariam outro valor ao Jornal. A minha filha escreveu ao Sr. Professor Saraiva pedindo a sua colaboração. Ele não se fez rogado, de imediato chegou um texto, uma carta, e uma fotografia. E tudo de modo tão simples, tão natural, como se nos estivesse a colocar ao seu nível, ou ele próprio descêsse até ao nosso... nunca me vou esquecer.
Hoje a sua vida terminou, e eu não gostei. Mas não vou repetir aquela frase feita, e gasta pelo uso, aquela do "Portugal ficou mais pobre..."  O Sr.Professor Saraiva merece mais do que frases feitas.
O fim é sempre mal aceite, deixa um vazio que nos afecta, mas é a realidade em toda a sua força, inexorável e sem apelo. Mas este grande Homem não morreu. O Professor Hermano Saraiva não morrerá nunca! Apenas parou, e descança agora...




1 comentário:

Viviana disse...

Querida Dilita

Olá, amiga!

Gostei muito do qque escreveu e a da forma como o fez...sobre este grande historiador e comunicador que nos deixou, para ir descansar, como a amiga diz muito bem...o Dr. José Hermano Saraiva.

Como escrevi lá no meu cantinho, creio que Portugal e o povo português estão de luto.
Nota-se no ar uma tristeza...
Já, uma saudade.

Lembraremos por certo este grande homem e guardaremos a sua imagem nos nossos corações.
Um grande abraço e um bom fim de semana