sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Recordações

Foi há cinco anos atrás. Numa tarde de sábado em Setembro entrei no carro rumo ao Algarve, mais própriamente a Armação de Pêra. Dissémos adeus à minha filha mais nova, ao marido e ao Gabriel, enquanto a filha primeira, viajou connosco. A viagem de que eu gostava tanto nos anos anteriores por ser longa e sem pressas, com várias paragens para descançar,beber água e comer uma fruta, desta vez apresentou-se destituida de todos os bons predicados que eu sempre lhe encontrava e usufruia. Mas só porque a minha disposição a isso me conduzia, pois tirando o facto de chegarmos ao destino já de noite, nada de desagradável nos aconteceu. O Algarve para nós é sobretudo praia, e nesse sentido logo no dia seguinte atravessámos a rua, descemos a escada e logo a areia se fez sentir nos nossos pés,macia e ainda fresca aquela hora matinal.
Os dias iam passando sempre iguais, duma monotonia já prevista por mim, porque a alegria não vem com o vento, temos nós de a criar, fazer pela sua conquista.
Costumavamos eu e o meu marido caminhar pela beira mar diáriamente; num dia iamos para norte, no outro para sul, apróximadamente durante uma hora.Tornou-se mesmo um quase ritual, do qual já não prescindiamos. Num desses passeios, no meio de tantos veraneantes desconhecidos, ouvimos alguém que alegremente se nos dirigia: - Olá! Ora vivam os meus conterrâneos! Já nem dizem adeus... Surpreendidos parámos, e vimos quem assim faláva. Era a D. Herminia uma senhora da nossa terra que também estava em férias com a familia, em Armação. Ao lado dela o irmão mais velho que igualmente nos abraçou. Trocámos meia duzia de palavras, gostámos do encontro inesperado, e recordámos a frase "o mundo é pequeno..." Dissemos adeus e prosseguimos o passeio, em sentido oposto do dos nossos amigos.
No regresso voltamos a cruzar-nos, e ela veio de novo até nós, mas para eu confirmar (pois o irmão não queria acreditar) que esta era a Dilita de que ele ainda se lembrava, e que já não via há muitos anos. De facto eu estava com mau aspecto, tinha emagrecido, estava triste, e de roupas negras, nada aliás me favorecia. Eu olhei para ele e sorri tristemente...
Infelismente ele já faleceu, e apesar do tempo que passou eu ainda recordo esta cena ao pormenor, agora até com mais ternura. Ele estava ali na minha frente, e olhava para mim com um ar um tanto pezaroso, e sem conseguir calar a sua sinceridade exclamou, "era tão bonita..."

Mentiria se não dissésse que gostei de ouvir aquela afirmação.Voltei a sorrir, e apressei-me a dizer-lhe: - diz bem, Sr. Evaristo, " Eu era"... " Eu era..."

 
Como estou em fase de recordações,
porque não colocar aqui uma fotografia dessa tal Dilita?



3 comentários:

Lilasesazuis disse...

Dilita, realmente como você era linda!! - Sim...muito linda, para a idade que tinhas na época dessa foto!!!

Agora, você continua mais linda do que nunca, para a idade que você tem agora!!!

Eu sempre falo: para cada idade, a sua beleza!

...quando éramos bebês, éramos belos, quando crianças, quando adolescentes, quando adultos , e agora , já com mais anos, também somos belos, de uma beleza madura, brilhante, ponderada, com traços de plenitude de vida no rosto, no corpo!!!
E isso é muito bom!!!

Tenhas um lindo final de semana, ao lado da família,
beijinhos

Lígia e família:))

Anónimo disse...

cada etapa tem a sua beleza e o seu valor - um dia num programa vi uma sra que disse que as mulheres nunca achavam que estavam bem ...sempre gordas demais, magras demais...etc,etc...mais adiante quando os kg eram mais (ou menos), quando as rugas vinham..lamentavam ter em sido tão "exigentes" e reconheciam o quão belas tinham sido e o quão más para si tb tinham sido. Decidiam então aceitar-se e aproveitar a sua beleza - fosse ela qual fosse - a partir daí. Cada idade tem a sua beleza, sim, mas a beleza tradiconalmente aceite como tal era um atributo que a natureza te oeferecu em jovem e te conserva, devidamente actualizado, com os 75 que já aí estão - mas estão escondidos,não se vêem! sobretudo é o espirito que nos mantém ao de cima- e se esse estiver jovem e com muitos interesses, a pele, os olhos, o cabelo vibram positivamente na mesma onda e tornam o quadro todo harmonioso e feliz. assims seja!

Evaldo disse...


Olá, Dilita.

Que bonita foto, revelando a alegria de outras épocas.
E nessa sua historia que tu nos contas, em recordações, também me faz recordar os tempos passados, porque gosto de revivê-los em lembranças.
O hoje, provavelmente será lembrado com alegria no amanhã, que nos cabe aguardar.
Esta página que postaste é bela em ternura, contada em estilo agradável de ler, reportando-se, inclusive à geografia de Portugal, que tanto nos encanta aqui pelo Brasil.
Obrigado pela sua visita ao meu blog, que o acaso a levou em boa hora de sorte.
Parabéns pelo aniversário em setembro.

Um abraço.