sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Eu não gastei a mais...

Diz-se que Ano Novo vida nova... Pouco antes das badaladas da meia noite que inutilizam o ano velho, é costume deitar fora alguns utensilios já sem préstimo. Em geral são pratos de loiça que ao quebrar fazem barulho, a ajuntar ao ruído da habitual algazarra que se produz entre os que aguardam a entrada do Novo Ano, animados e esperançados. Recordo que numa vez em que fomos convidados para a passagem de ano em casa duma familia amiga, também corri escada abaixo com o prato na mão (que lá recebi) e fiz como todos fizeram, cácos e barulho. Entusiasmei-me e gostei, e nunca vou esquecer; até porque se tornou impossivel (infelismente) uma repetição daquela festa familiar.

Mas o Ano Novo já entrou em funções, e apesar dos adreços que lhe colocamos, nomeadamente de bom e mais coisas do género, a verdade é que ao ano pouco lhe cabe fazer; no entanto nós atiramos-lhe sempre com as culpas...Olhando para trás e usando de sinceridade, devo dizer que o 2012 não me deixou recordações tristes. Deixou-me sim como herança preocupações (de que ele não tem culpa) que se tornaram no pão nosso de cada dia, não só para mim mas para muitos portugueses.
Apesar das noticias e debates mostrados na T.V. serem uma séca, eu continuo a ver e a ouvir também na rádio. E por vezes até fálo alto sózinha. Hoje voltei a ouvir por mais do que uma vez aquela frase que já vem do ano passado, e que já deve estar gasta de tão repetida ser. Sabem qual é? Que Andámos a Gastar Acima das Nossas Possibilidades...... Eu gostava de saber quem foi o inventor desta afirmação, que atiram constantemente para cima de todos os portugueses. Mais, tomaram o facto como inevitável, e naturalmente aceitável. Mas é muito enternecedor que a pessoa em questão (que deve ser da alta) se coloque assim ao lado dos pobretanas dizendo andámos... Não quer assumir, e por isso usa o plural e alia-se ao Zé Povinho; que sensibilidade tão marcante... Mas percebo, não teve peito para dizer: - eu gastei a mais. Eu recebi a mais. O Governo meteu-se em cavalarias altas e gastou a mais. E mais coisas que toda a gente sabe...

Mas o que eu também sei, e sei de cór e salteado, é que nem eu nem o meu marido nunca gastámos acima das nossas possibilidades. E também nunca prejudicámos o Estado. Nem a Segurança Social. Talvez por isso chegámos a velhos sem enriquecer, mas cada um é para o que nasce, diziam os antigos, e nós descendemos deles nos hábitos e deveres.

Não me venham para cá com essa frase que eu já sinto asquerosa, que eu não a admito em relação a nós.

9 comentários:

Unknown disse...

Um 2013 com tudo de bom.

Abraço.

Patrícia disse...

Oi, Dilita
Já gastei acima das minhas possibilidades , mas depois de uns acontecimentos aprendi e nunca mais pratiquei esse ato.Tudo de melhor pra vc em 2013 obrigada por sua linda mensagem em meu blog. Quando retornar corro até aqui.
Fica com Deus, bjs

Rosangela disse...

Gosto muito da maneira como escreves.
Adorei a ideia de quebrar pratos na passagem de ano, da sua simbologia.
Um 2013 cheio de saúde, que o resto a gente corre atrás...
Uma maravilhosa semana.
Beijo.

Viviana disse...

Olá Dilita, minha boa amiga!

Tem razão.

Houve quem gastasse muito, muito...mas não foi "o povo". Muito desse povo gastou até de menos...do que precisava de gastar

Porque será que quase quarenta anos depois do 25 de Abril é cada vez maior o fosso entre pobres e ricos, em Portugal?

Alguém "governou" para que assim não fosse?

Minha amiga

Eu tenho confiança que as coisas vão ser diferentes...

Vão ter que ser!

Um grande abraço
Viviana

dilita disse...

Faço minhas as suas palavras para lhe desejar igual, ou em duplicado.

Abraço, também.

dilita disse...

Paty, olá...

Todos nós podemos errar; mas também temos a possibilidade de aprender com o erro e tornarmo-nos melhores. Estamos sempre a aprender, é um sinal de vida.
Beijinhos, e breve regresso.

dilita disse...

Olá Rosangela!

As suas palavras são mimos para mim,obrigada.
De igual modo um bom 2013 para si amiguinha.
Beijinho.

dilita disse...

Querida Viviana,

Eu já não chego a ver o meu País independente... Sim, porque nós perdemos a soberania. Chamem-lhe como quiserem, mas esta é a verdade.Pedem-nos satisfações de tudo,somos uns subjugados.
A classe que gastou de mais, continua a fazê-lo........
Beijinhos

dilita disse...

Sr. Marques
O primeiro agradecimento é para o Sr. só que lamentávelmente omiti o seu nome. Desculpas pelo lapso.
Dilita.