sexta-feira, 8 de março de 2013

O passado tão presente

Já tinha saudades de tocar as teclas deste incondicional companheiro que é chamado computador. Mas hoje recebi A Voz da Figueira, um semanário que é publicado nesta cidade, que agora também já é a minha cidade.
E na segunda página deste pequeno jornal, eu encontrei uma coluna que logo me prendeu a atenção. E tanto, que mesmo sem pedir licença à sua Autora, eu vou "roubar" e colocar aqui, algumas das suas palavras, e também a sua poesia.

Depois de referir que escreveu este poema em Maio de 1948 quando tinha dezoito anos, ela escreveu assim:

- Hoje, diante de um país ingrato e sem método, entregue a lideranças dúbias e mal formadas, nos meus oitenta e três anos de idade consumados em Novembro passado e, ao rever o que escrevera há mais de seis décadas, apercebi-me da actualidade do escrito. O desalento e a consciência das injustiças de então, são no todo semelhantes ao que sinto, e pressinto, em Março de 2013. Assim, passe a imodéstia de o fazer, trago esse jovem poema a público. Quem sabe possa ser relevante, sobretudo para algumas pessoas menos atentas que pouco refletem na situação politica e social do presente português.

Esperança?

Ruge um mar alteroso no meu peito
É terrível, horrendo, este bramir!
Tudo o que é paz, em mim fica desfeito,
Tudo o que é luta, em mim volta a surgir!

Tudo o que é dor, em mim não tem proveito,
Tudo o que é sangue, em mim, é doce advir!
Tu, justiça do Povo, tão sujeito,
Julgarás, matarás o que mentir...

Só assim, frente a frente, sem receios,
Sem armas, sem prisão, sem tiranias,
Cada um pode dizer dos seus anseios

Cada um pode julgar as cobardias!
E assim, sem temor, sem negras listas
Sereis julgados um dia, fascistas!

Estas são palavras datadas, sentimentos duma jovem em 1948, agrilhoada na ocasião a um país pobre, autoritário e sem futuro risonho, mas, embora o termo "fascistas" seja hoje demasiado forte ou excessivo, reitero em Março de 2013 o sentido global do poema!

 Maria Teresa
        Coimbra
      
Sra. D. Maria Teresa, mil perdões pela minha ousadia, mas confesso que senti pena ante a perspectiva "deste grito" ficar confinado apenas a um jornal...
Assim, aqui, voará como o vento !!!

5 comentários:

Carlos Pimentel disse...

A autora do poema, comunicou nele a situação que se vivia nos quarenta e profetizou a situação que a população vive neste momento arrastada pela actual governação.

dilita disse...

Grata pela visita.
Volte sempre.
Cumprimentos.

dilita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lilasesazuis disse...

Dilita, amiga querida, com essa sua descrição, percebo que os tempos mudam, os anos passam, mas os anseios, necessidades, esperanças do povo, continua o mesmo.

Infelizmente na política, quem não é, ao assumir o cargo, torna-se corrupto, malandrão, individualista, enganador!!!

É isso que a gente vê acontecer.

E já estou percebendo que aqui no Brasil ou ai em Portugal, a falta de ética e respeito pelo povo acontece sempre!!!

Ótimos versos dessa senhora. Ela tem um olhar aguçado da situação.

Tenha um ótimo dia,

beijinhos carinhosos,

Lígia e turminha:)

dilita disse...

Querida Ligia

Conheço a prosa e a poesia desta Senhora há mais de vinte anos. Mas nunca consegui contactá-la. Julgava que ela vivia em Coimbra, afinal reside aqui na Figueira.

Agora falei com ela por telefone,é encantadora, a sua voz não tem nada de idosa, e o seu modo também não.
Este trabalho feito por ela há tantos anos atrás, acenta perfeitamente e infelismente na situação actual.
Abracinho para a Mamã, e para a Ligia.