terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Confissão...

Há uns anos,

Mudei-me para o novo quinto andar
E passei a viver cá nas alturas,
Custou-me mesmo muito a habituar;
Olhar pela janela fazia-me tonturas...
O sêr humano a tudo se habitua
E a minha pessoa não será excepção-
Já não fico perturbada ao ver a rua,
Nem ao pensar a que distância estou do chão.
Mas recordo o desânimo e o mêdo,
Que me assaltavam na noite e madrugada,
Tudo se conjugava pra meu desassossego;
Até no elevador fiquei trancada!
Aos poucos vi então tantas belezas
Que só do alto os olhos podem vêr;
Mas que saudade das casas portuguesas
Que nas aldeias ainda hão-de haver!
Sem grandes escadas, sem elevadores,
Com amigos que lá são os vizinhos;
Canteiros ás portas, muitas flores,
Pássaros trinando; e nos beirais, os ninhos.
(Dília Brandão Fernandes)

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