domingo, 11 de setembro de 2011

Sorrisos

Eu não consigo entender por mais que pense, a razão porque grande parte do nosso povo vê os políticos como seres altamente superiores. Não sei se são reminiscências do passado, no tempo do decrépito Estado Novo. Nessa altura os chefes de Estado e do Governo eram intocáveis, aureolados como se de Santos se tratásse, muito perto do exagero. Actualmente as coisas não mudaram muito, daí eu falar em reminiscências, que parece ainda povoarem a imaginação de muitos portugueses. E porquê? No passado mês de Agosto, altura em que muitas pessoas procuram as nossas praias, ao encontro do sol e do merecido descanço, também o nosso Presidente da Républica fez igual. Numa das praias do Algarve assentou arraiais. Então todas as manhãs chegava ao areal com a familia, inclusivé os netinhos. Nada de mais natural, o Sr. antes de ser Presidente é esposo e avô,adora os netos, gosta do mar, do sol, da praia.
Ora eu li num jornal diário que as pessoas ali a banhos,todos os dias ansiavam pelachegada do Sr.,à espera dum sorriso,que ele pródigamente distribuia. Posteriormente enalteciam a simpatia do Presidente, e aqui é que eu acho que as pessoas estão presas ao passado. Então é algum facto relevante ser simpático? Então não é hábito na praia saudar os vizinhos do chapéu do lado? Não conhecemos, mas ficâmos a conhecer por uns dias. Quanto a mim, todos nós portugueses, temos o dever de respeitar os Homens que estão à frente dos destinos do nosso País. Cultivo o respeito, mas regeito a subserviência. Entendo-a como fraqueza, ou ausência de valor próprio.

Entretanto, encontrei estes versos. ( gosto de poesia)

O Senhor Morgado

O senhor morgado
Vai no seu murzelo,
Todo empertigado,
É um gosto vê-lo,
Próspero, anafado,
Véstia alentejana,
Calça de riscado:
Homem duma cana!
Vai, todo se ufana
De ir tão bem montado
E ela na janela...
Seja Deus louvado!

O senhor morgado
Vai nas próprias pernas,
Todo bandeado;
Tem palavras ternas
Para cada lado.
Quando passa,sente
Que é temido e amado;
Fala a toda a gente,
Topa um influente:
«Sou um seu criado...»
Eleições à porta,
Seja Deus louvado!

O senhor morgado
Vai na sege rica
Todo repimpado:
Ai que bem lhe fica
O chapéu armado,
E a comenda ao peito
E o espadim ao lado!
Que homem tão perfeito!
Deputado eleito,
Muito bem votado,
Vai para o Te Deum,
Seja Deus louvado!

(Conde de Monsaraz)

2 comentários:

Eloah disse...

Querida é isto mesmo.Respeito é uma coisa, mas além disto aqui no Brasil chamamos de puxa-sacos.O poema tem na sua maneira de abordagem poética a cultura provavelmente antiga e regional.Gosto muito de vir aqui, me encanto com o teu Blog e tuas postagens.Bom domingo querida.Que ele seja de muita paz no coração Bjs Eloah

dilita disse...

Obrigada Eloah, as suas palavras me fazem bem.

Sim, esta poesia tem 100 anos.
Mas hoje como ontem, continuam a existir os Srs. Morgados e os bajuladores...

Beijinho,Dília