quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Vi ouvi e meditei...

Eu tinha hibernado, pois já há meses que não saía de casa.Excepção para a ida às compras, mas isso não vale como passeio ou distração, primeiro porque o local fica a dois passos de casa, e em segundo gastar dinheiro não dá prazer.
Porém, para este fim de semana, depois de avanços e recuos relativamente a uma ida ao Porto, lá dei o sim. "Atirei " para dentro duma mala algumas farpélas mais quentes, que nos iriam ser uteis quando ao fim da tarde o sol se escondêsse, e a seguir a noite envolvêsse a cidade com o seu caracteristico frio, comemos uma sopa leve, e entrámos no carro rumo ao norte. Deixámos a Figueira pelas 14 horas, estava um sol magnifico até demasiado quente, e a certa altura a conversa caiu na falta de chuva, uma situação que a todos nós preocupa. Recordei o que ouvi aos mais velhos " o fevereiro quente tráz o diabo no ventre". O que nos espera?
Não sabemos, salta-nos à vista a nossa pequenês... só podemos aguardar, e temer.
Não tinhamos pressa e fomos devagar mas chegámos cedo.
"Chegámos ao nosso destino, chegámos ao Porto"! (como diz a canção.) Apesar de ser sábado e de tarde, a cidade fervilhava de gente, e até os automobilistas, alguns, se mostravam demasiado apressados, businavam, parecia que andavam por ali nervos descontrolados.
No dia seguinte Domingo amanheceu com céu nublado. Depois do pequeno almoço o Olímpio foi assistir a uma demonstração de moda relativa a cortes de cabelo. Foi essa a razão desta deslocação. Durante anos, eu sempre o acompanhava nestas sessões; por vezes aconteciam à noite, e eu ia sempre, e de boa vontade, mas não nego que não tendo eu nada a ver com esta profissão, acabei por saturar-me e passei a acompanhá-lo sim, mas não na sessão de trabalho. Desta vez foi igual, e como estava frio, fiquei no aconchego do hotel, mais própriamente no quarto. Um aparelho de TV de boas dimensões, ali ao meu alcance tentou-me, liguei na TV I. Uma musica sacra anunciava o inicio da Missa Dominical. Eu já aqui confessei a minha pouca fé... no entanto interesso-me pela homilia que o sacerdote profere, e que sempre se baseia no Evangelho. Neste Domingo era sobre a tentação a que Cristo fora sujeito, e que Ele como homem diferente que era, rejeitou de imediato. O Sacerdote de nome Avelino, numa linguagem clara dissertou e bem, sobre as consequências das muitas tentações actuais, eivadas de perigos a que nós humanos e imperfeitos estamos sujeitos, e nem sempre conseguimos dizer não.
Falou depois nos pobres, e da pouca caridade com que os ajudamos, e disse o porquê - damos uma moeda e afastamo-nos,damos uma esmola é certo, mas não damos atenção, não queremos sentir os seus males.Depois foi mais longe e contou um facto vivido por ele próprio, há alguns anos atrás.
E foi assim:
Estava o Padre Avelino em determinado local a iniciar o almôço, já com a comida na mesa e surgiu um homem que lhe pediu uma esmola. O Padre olhou para ele e algumas ideias lhe ocorreram, mas o homem cheirava tão mal, que a unica ideia que adotou foi livrar-se dele depressa. Ainda foi no tempo em que o nosso dinheiro era o escudo, deu-lhe duzentos escudos, (que na altura era bastante) e sentiu-se bem no momento, porque o homem podia ir almoçar a qualquer sitio.
Nessa noite porém, refletiu e sentiu-se em pecado, e porquê? Dizia para si próprio - o homem foi contente, mas eu sinto que fiz uma ofensa. Eu queria que fosse embora, para isso dei-lhe o dinheiro.Ofendi o pobre. Afastei-o como um ser desprezível, porque o seu mau cheiro me encomodava. Isto não é ser cristão!

Gostei de ouvir o Padre Avelino Alves,da Paróquia de Monte Lavar. (Sintra)
E não resisti a contar aos que aqui me visitam, e também dizer que ao ficar no
quarto neste Domingo de manhã não perdi o meu tempo.

5 comentários:

Anónimo disse...

O padre tem muita razão. O verdadeiro cristão não tem nojo dos pobres e até gosta de lhes lavar a cabeça cheia de lixo que deixa abacia escura. Tive um colega que fazia isso, mas eu não sou capaz, quando os vejo corro com eles porta fora; rua que aqui não é sala para porcarias dessas. Ser cristão, ou quem me dera ser, agora enganadores á muitos e ás carradas, aqui sim uma verdadeira porcaria,a pretender enganar o próximo, mas a mim não enganas tu..

Tétisq disse...

É realmente uma boa reflexão, muitas vezes a "esmola" beneficia mais quem dá do que quem recebe...

Agora, estar numa das cidades mais bonitas do mundo e ficar no hotel a ver TV...está a chegar a Primavera, aproveite para passear mais...*

Lilasesazuis disse...

Dilita, concordo com você...às vezes, é bom dar uma pausa em nossos devaneios, em nossas atividades do dia a dia e...meditar...

Acho que as palavras do padre foram ótimas para naquele momento, você meditar...
e isso é bom!!!

A pobreza extrema é um grande flagelo social e humano é triste, triste!!

beijinhos,

Lígia

Patrícia disse...

Oi Dilita coisa maravilhosa é orar , meditar...
Só de ler vc escrevendo frio, nublado chuva....aí que gostoso...aqui no rj o frio está de "matar". Um grande abraço

Hermínia Nadais disse...

Não podemos ter nojo de ninguém, e cada vez vemos com maior clareza que as pessoas precisam de presença, de carinho, de ternura, de... do nosso tempo, de nós! Mas... como é difícil darmo-nos... é assim como perder a nossa vida para os outros. Jesus disse que "quem perder a vida por minha causa a ganhará"... mas é difícil ver Jesus no pobre, no mal cheiroso, no rico chato, no que precisa que estejamos perto e lhe demos atenção.
Que o Senhor nos ajude.
Obrigada pela partilha!