domingo, 1 de outubro de 2017

Viste o Algarve? Ora,ora, nem com binóculo.



O mês de Setembro chegou ao fim. Aquele em que ano após ano eu me afastava durante uns dias, dos meus afazeres habituais. Há uns tempos a esta parte assaltavam-me alguns receios e dava por mim a pensar: - isto de ir para o Algarve começa a ser um risco, se me dá por lá o badagáio o meu marido vai passar um mau bocado; tenho de desistir de Armação. Mas quando chegava a hora da verdade, lá estava eu de malas aviadas novamente. Já não é a água que me atrai, prefiro ver o mar e não o sentir, mas as viagens de ida e volta são tudo para mim. Andar por estradas pelo meio de povoações, piquenicar  pela hora do almoço, seguir depois e tomar um refresco num desses cafés em que a explanada é coberta por uma ramada de videira, chegar cêdo a determinado local, estacionar; passear a pé, jantar e dormir, e no dia seguinte voltar à estrada, calmamente, até ao destino, eu gosto mesmo. Depois ao chegar, não me livro dum certo péssimismo:- está instalado o marasmo, penso eu, mas claro nada digo porque aquilo passa depressa. E depois aquela ausência total das obrigações que me acompanham durante o ano inteiro, ai isso indiscutivelmente que aprecio, e muito. Com o tempo todo livre, posso passear, ler,  escrever, deitar-me de dia, fazer renda, enfim são dias de preguicite aguda autorizada e sem limites. E na verdade desistir disto de ânimo leve, mesmo com os tais receios, não é fácil. E neste ano já estávamos com o pensamento virado para sul e a aguardar o dia quinze quando surge um obstáculo.Um caso em que o meu marido ia testemunhar, e nos faria adiar a partida por cinco dias.
Pensámos, encolhemos os ombros, achando a solução:- ficamos lá até ao dia cinco, e se o tempo estiver bom nem faz diferença.
E no dia vinte lá foi ele para o Tribunal. Chegou a casa ao fim da tarde com a noticia de que tinha havido adiamento para o dia vinte cinco. Senti-me quase em fúria e disparei: - eu não tenho nada que censurar o réu, nem o conheço, mas por causa dele vou ficar em casa, quando precisava duns dias de descanso fora daqui.Ainda se fosse um testemunho importante, dum acidente, mas não; é só para vincar o bom comportamento do sujeito, homem que foi digno a todos os níveis, até fazer a maluqueira.
Ainda sugeri que podíamos dar uma volta por mais perto, mas nada se combinou e eu deixei de pensar no Algarve, até parecia que estava conformada de boa vontade. Mas quando o meu marido regressou da segunda audiência que finalmente aconteceu na data marcada, dia vinte cinco, eu entusiasmei-me e de forma espontânea saio-me com esta:
- Agora já podemos ir! são dez dias, ainda vale a pena, o tempo está tão bom...
Ele ficou surpreendido, pensou que eu não estava a falar a sério, mas afastadas as duvidas decidimos ir no dia seguinte.
Pois, mas o que (não) tem de ser também tem muita força, e não saímos de casa.
Ao levantar-se, ele queixou-se de cansaço e que só ia por minha causa, e aí, eu não aceito sacríficios e logo decidi:
- Ficamos, e não se fala mais nisso. E não se falou mesmo.
Mas no intimo eu não aceitei de boa vontade e com espírito alegre a abstenção destas férias, para mais tendo em conta o motivo que as impediu. Fiquei assim como que "augáda" como diziam antigamente nas aldeias as mães, referindo-se ás crianças que ficavam com o sentido em algo que tinham visto e não tinham comido e, até entristeciam...
Bem, mas o que não tem remédio, remediado está. A esta máxima me devo agarrar. E dizer como dizia a minha Tia-Avó " Im desconto dos mês pecados seja tudo, e mais áme." (ámen)

1 comentário:

Luma Rosa disse...

Olá, Dilita!
Me desculpe somente agora vir ao seu blogue agradecer-lhe a visita em meu blogue, pois somente depois de longos dois anos estou de volta à blogosfera.
Fez bem em não ir viajar. Eu sinto que quando coisas acontecem nos impedindo de fazer algo, não é legal forçar a barra. Deus trabalha por linhas incertas para chegar ao certo! :)
Beijus no coração!