domingo, 8 de maio de 2011

As Catedrais do descontentamento

Eu também gosto muito de fotografia. Não ando pelas ruas feita turista de máquina na mão, longe vai o tempo em que aos Domingos eu, não como turista, mas como aprendiz de fotografia amadora, calcorreava as ruelas do centro histórico e do castelo do meu Montemor,com o meu pai, que me indicava o melhor ângulo para fixar alguns pormenores em fotografias a preto e branco. Ainda menina pequena tive a minha primeira máquina,um caixotito quadrado que eu adorava, e do qual mais tarde tive muita pena quando da troca por outra de melhor qualidade. Uns anitos depois a nova aquisição que já não me afectou, pelo contrário fiquei contente,esta fazia fotos maiores e com melhor nitidez,e eu também já tinha outro modo de pensar, dando valor ao que era melhor.
Tudo isto ficou há muito para trás,restam as fotografias, a recordação desse tempo e as máquinas, agora velharias, que para mim são relíquias que guardo com estima.
Hoje ao vir aqui ver o correio encontrei um anexo com fotos extraordinárias. Este anexo foi o responsável pelas minhas "viagens ao passado". Mas retomando o assunto, trata-se de fotografias de Catedrais grandiosas ,lindíssimas,magníficas obras de arquitectura, verdadeiros tesouros de arte e beleza. Porém nenhuma delas se situa em Portugal,embora no nosso país também existam muitas e valiosas obras de arquitectura do género, mas de menor dimensão.
Como estou numa de recordar, lembrei-me duma amiga e da histórinha que o avô lhe havia contado, e que ela anos mais tarde me contou,quando eu regressada de Santiago de Compostela lhe confessei o meu pasmo perante a extensão,grandiosidade e beleza da respectiva Catedral de São Tiago.
Era uma vez...
Um espanhol que veio pela primeira vez a Portugal.
Durante o jantar,à conversa com o dono da casa onde ficou, o espanhol falou dos monumentos do seu país com tanta insistência que ao outro até lhe pareceu exagero. Sentiu-se agastado mas disfarçou, e começou também a falar dos monumentos portugueses, tecendo igualmente elogios e fazendo questão que ele fosse ver, que ele mesmo o levaria na visita, visitariam apenas três (era o bastante). O espanhol aceitou e no dia seguinte lá foram até à Torre de Belém. O espanhol observou todos os detalhes devagar e com interesse, e o nosso português cheio de entusiasmo interrogou:- Então o que me diz? . O espanhol respondeu que era muito interessante,muito bonita mas pequenina. Nós temos maior, disse ele. O nosso português não desanimou e disse:-Nós também temos,amanhã vai ver. Cumprindo o propósito levou-o ao Mosteiro da Batalha - e nova opinião similar:- Muito bonito sim,lindíssimo mesmo,mas nós lá em Espanha temos maior. Ainda assim o nosso português não desistiu,e desta vez levou-o ao Mosteiro dos Jerónimos. O espanhol observou,elogiou e até fotografou. O nosso português já não tinha dúvidas (assim pensava) e perguntou:-Então? Que me diz? Este é belo, e enorme... E o outro sorridente murmurou, muito bonito sim,uma grande e bela obra! Magnifica! Mas, nós lá em Espanha temos maior,muito maior,muito maior... Então o nosso português disfarçou,mas alguma revolta lhe povoou o espírito.E como a vingança é prazer, não só dos Deuses, disse à esposa (em segredo) que fosse ao mercado e trouxesse duas dúzias de caranguejos vivos, miúdos. Há noite enquanto o espanhol ceava ele foi ao quarto dele e colocou os caranguejos dentro da cama. Na manhã seguinte o espanhol queixou-se e perguntou que bichos eram aqueles,ao que o outro calmamente respondeu que eram piolhos, se ele não sabia o que são piolhos?! O espanhol respondeu: - Piolhos? Sei,mas lá em Espanha são pequeninos! E o portugues respondeu: - Pois isso é lá em Espanha! Nós cá em Portugal só temos piolhos assim grandes!!!
E no íntimo pensava (com alguma tristeza) afinal aqui, grandes, grandes só mesmo "estes"piolhos...

Sem comentários: