Ouvi e li tantas opiniões acerca da anulação dos feriados, que acabei baralhada. Não sei se no próximo dia quinze é já um dia de trabalho normal, ou se o facto anunciado como certo só acontece no próximo ano. Do mesmo modo estou, em relação aos feriados que marcam datas importantes da nossa história. Quando eu andava na escola, na instrução primária (era assim a designação do primeiro ensino) já existiam todos estes feriados que agora vão então acabar.
Nessa altura, a maioria das pessoas vivia com dificuldades, e não sei como seria com os nossos governantes e sua equipa. A avaliar pelo que mais tarde se soube, e que para muitos foi motivo de chacota, o primeiro ministro Dr. Salazar praticava a economia na sua casa com muito rigor. Quem sabe se esses que o censuraram, não estarão agora com problemas, por não terem sabido poupar...
Mas o que eu queria dizer, é que nem nessa época, alguma vez se pensou em suprimir feriados de datas tão marcantes quer históricas, quer religiosas. Apontam-nos a críse como razão de pêso para tal decisão ; eu também gostava de saber qual será o montante economisado com estes quatro dias...
Quem puder, continuará a marcar o 15 de Agosto como dia santo de guarda, dia santinho, como se dizia antigamente.
E ainda a propósito, vou aqui colocar umas rimas de que gosto muito. Desejo que também gostem.
A Assunção
A uma velha capa que São João deixou
A Virgem Maria ainda a aproveitou...
Escolhendo a parte menos gasta e poída
Desfaz-lhe as costuras,tira-lhe a medida,
Talha uma roupinha para uma criança
Que era a mais rotinha das da vizinhança.
Prestes a alinhava, logo a cose e prova.
Que linda, que linda! Parecia nova...
Nesse tempo a Virgem quantos anos tinha?
Não ficou a conta. Era já vélhinha.
Dava o sol nas casas: brasas de fogueira...
... Horas de descanço, horas de quebreira...
-- E da idade, e de cansaço, e de calor --
Lento, a invade toda um dúlcido torpor...
Fecham-se-lhe os olhos, e descai- lhe a agulha...
... Passa uma andorinha. Uma rolinha arrulha.
As mãos escorregam, ficam-lhe pendentes...
As cigarras cantam nos trigais dormentes.
E a pendida fronte -- ainda mais pendeu...
E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...
Põe- lhe o manto um anjo, curva-se a compô-lo,
E outros anjos descem, pegam nela ao colo...
Com as leves mãos (penugens de andorinhas)
Vão-na embalando como às criancinhas...
E,embalando-a, voam, lá se vão com ela!...
Já lá vai mais alta que a mais alta estrela!...
Outros anjos chegam, querem-na cantar.
Caluda, caluda, que pode acordar...
Que as almas dos justos um hino concertem!
Silêncio, silêncio. Que não a despertem...
Jesus abre os braços, e já quer beijá-la,
Mas pára, detém-se, que pode acordá-la !...
E a mãe da Senhora pediu-lhe a sorrir :
-- Mais logo... mais logo... deixai-a dormir...
(Augusto Gil)
2 comentários:
Olá , vim retribuir a visita e agradecer as palavras carinhosas... é um prazer ter uma amiga de Portugal, já me tornei seguidora pois quero voltar mais vezes. Amei tudo que li aqui!!! Um beijão Sarinha.
muito bom seu espaço... prossiga... abraços lamarque
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