terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Um lamento, e um sorriso

Hoje é Natal, o relógio já bateu as doze badaladas da meia-noite, e nas Igrejas celebra-se ainda o nascimento de Cristo, o nascimento do menino Jesus.
Menino Jesus da minha infância como estás longe, e que saudades eu tenho de ti...
Nessa altura valorisava-se o Presépio em primeiro lugar, e também a árvore de Natal
com enfeites muito modestos. O Pai Natal ainda não tinha chegado a Portugal, estava muito ocupado nos países nórdicos,deslisando o seu trenó cheio de prendas, pela neve branquinha e fria.
Eu gostava de escrever algo agradável sobre a quadra natalicia, mas não encontro nada nesse sentido; e sabem porquê? Porque a antena 1 em simultaneo com musica a meu gosto, trouxe aos meus ouvidos factos que fazem mesmo entristecer.
Crianças a sofrer com falta de comida em casa, tristes na escola e caladas sobre isso por vergonha, e professoras de coração partido ao constatarem tal realidade. Entretanto outras funcionárias de secções diferentes, atrevem-se a negar almoço a crianças por pequenas dividas de almoços anteriores. Nunca julguei que no meu País se chegásse a este extremo.Isto já é demasiado triste, mas se nos lembrarmos que estamos no Natal, então é mesmo mais dificil passar ao lado.

Encontrei esta poesia no "meu museu."


A boneca


Caía uma chuva miudinha
E eu olhava aquela criancinha
D'olhos tristonhos, mas linda, estava só;
Parada numa montra de brinquedos
Pelo vidro deslizavam os seus dedos
Chocou-me o coração, metia dó.

Os seus olhitos verdes nem pestanejavam
Era indiferente a todos que passavam
E até a própria chuva não sentia;
Olhando uma boneca de cabelo louro
Parecia estar diante d'um tesouro
Observei-a, de vez em quando ria...

Cheguei mais perto e ela ouviu meus passos,
Querias essa boneca que tem laços?
E ela respondeu quase a chorar:
- Eu gosto dela, mas do meu mealheiro
Já fui tirar o resto do dinheiro
Pr'a vir buscar comer para o jantar!

Segurei -lhe na mão, estava fria
Da chuva miudinha que caía
Nessa tarde d'outono que findava;
A boneca lhe dei com todo o gosto
Pôs-se em bicos dos pés, beijou-me o rosto
Sua carita agora se alegrava.

Aconchegou-a logo ao coração
Seus olhos riam de satisfação
Dizendo: não me posso demorar;
A minha mãe deve estar em cuidado,
Tenho d'ir aviar o meu recado,
Porque a minha boneca  quer jantar!...

(Celeste Mingachos, Coimbra) 
                                      

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Dilita

Gostei muito do que escreveu aqui, aliás eu gosto sempre.
Que linda a poesia da D.Celeste Mingachos. Ela fazia versos tão bonitos que a Dilita lia na rádio da nossa terra.
Tudo acabou, eu tenho pena e saudades também.
Um beijinho da Elisa,
de Montemor.