(Sinto desejo de escrever “qualquer coisa” mas a inspiração está limitada; não vai aparecer um texto alegre.)
O candeeiro da sala suspenso do tecto tinha apenas uma luz: as lâmpadas estavam lá mas só figuravam,já não iluminavam.O ambiente era de total desmazelo e abandono.Um sofá e maples de napa,várias almofadas pelo chão, uma mesa e quatro cadeiras com estofos desbotados.Numa das paredes,um relógio de pesos marcava a hora distante em que deixaram de lhe dar corda; na outra em frente uma ampliação fotográfica recordava o dia do casamento do Manuel, casamento interrompido pela morte dela num acidente de automóvel.Ficou só,entregue ao desânimo sem coragem para se libertar do sentimento de culpa que o minava:e assim, dia após dia, foi resvalando para o submundo,primeiro com o álcool,depois”com amigos”que o iniciaram no uso de drogas.Sentada à mesa a Gabi escrevia algo parecido com um diário - tentava sempre escrever antes de se injectar,mas não conseguia,as ideias baralhavam-se na sua cabeça já doente;fôra boa menina,estudara,mas isso já ia longe... o Joca enterrado num dos maples,depois de várias gargalhadas hilariantes,soltava agora uns murmúrios ininteligíveis.O Manuel dono da casa,aniquilado,com o olhar baço e vago,preparava-se para o 5º whisky sem perceber que a garrafa já estava vazia.Os minutos corriam lentos naquele rés do chão Nº7,da rua 1O. Indiferentes aqueles jovens, não viviam vegetavam.No silêncio da noite uma ambulância e um carro da polícia aproximam-se,param junto ao Nº7; um dos elementos sai do carro e prime a campaínha: -A porta está aberta PÁ... não faças cerimónia, és dos nossos,somos todos irmãos, -diz a Gabi sem levantar os olhos da seringa que estava a preparar.Do escuro corredor,surge lenta a silhueta mal defenida dum homem fardado que pára comovido.A Gabi insiste sem olhar:- Então ficas aí? Não sejas parvo PÁ,não te faças anjinho...Daí a pouco, uma ambulancia com três jovens no seu interior,deixava o Nº 7 da rua 1O. No andar superior,por detrás da cortina a D. Violante,ainda de telemóvel na mão,deixava escapar uma lágrima teimosa pela face enrugada,e erguia as mãos ao Céu pedindo a Deus a regeneração daqueles infelizes.
O candeeiro da sala suspenso do tecto tinha apenas uma luz: as lâmpadas estavam lá mas só figuravam,já não iluminavam.O ambiente era de total desmazelo e abandono.Um sofá e maples de napa,várias almofadas pelo chão, uma mesa e quatro cadeiras com estofos desbotados.Numa das paredes,um relógio de pesos marcava a hora distante em que deixaram de lhe dar corda; na outra em frente uma ampliação fotográfica recordava o dia do casamento do Manuel, casamento interrompido pela morte dela num acidente de automóvel.Ficou só,entregue ao desânimo sem coragem para se libertar do sentimento de culpa que o minava:e assim, dia após dia, foi resvalando para o submundo,primeiro com o álcool,depois”com amigos”que o iniciaram no uso de drogas.Sentada à mesa a Gabi escrevia algo parecido com um diário - tentava sempre escrever antes de se injectar,mas não conseguia,as ideias baralhavam-se na sua cabeça já doente;fôra boa menina,estudara,mas isso já ia longe... o Joca enterrado num dos maples,depois de várias gargalhadas hilariantes,soltava agora uns murmúrios ininteligíveis.O Manuel dono da casa,aniquilado,com o olhar baço e vago,preparava-se para o 5º whisky sem perceber que a garrafa já estava vazia.Os minutos corriam lentos naquele rés do chão Nº7,da rua 1O. Indiferentes aqueles jovens, não viviam vegetavam.No silêncio da noite uma ambulância e um carro da polícia aproximam-se,param junto ao Nº7; um dos elementos sai do carro e prime a campaínha: -A porta está aberta PÁ... não faças cerimónia, és dos nossos,somos todos irmãos, -diz a Gabi sem levantar os olhos da seringa que estava a preparar.Do escuro corredor,surge lenta a silhueta mal defenida dum homem fardado que pára comovido.A Gabi insiste sem olhar:- Então ficas aí? Não sejas parvo PÁ,não te faças anjinho...Daí a pouco, uma ambulancia com três jovens no seu interior,deixava o Nº 7 da rua 1O. No andar superior,por detrás da cortina a D. Violante,ainda de telemóvel na mão,deixava escapar uma lágrima teimosa pela face enrugada,e erguia as mãos ao Céu pedindo a Deus a regeneração daqueles infelizes.
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