sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A renda de bilros

(Folheto que trouxe de Peniche com motivo de renda de bilros)

Quando eu era jovem pouquíssimas famílias possuiam um aparelho de televisão. Algumas e nessas me incluo tinham Rádio (de mesa).Era agradável no silêncio da casa ouvir música ao mesmo tempo que os olhos e as mãos se mantinham em actividade.E qual era a actividade das jovens nos tempos livres? Os bordados e as rendas. Assim eu comecei pelo simples crochet,depois pelas graciosas frioleiras,e finalmente pela renda de bilros.E a trocar os bilros de mão em mão passei tardes inteiras de Domingos de inverno tecendo os naperons que haveriam de compôr os móveis no dia do casamento e seguintes. Ainda os tenho,nós fazíamos enxoval para duas gerações... Hoje poucas jovens se dedicam a este trabalho,requere muita dedicação e persistência. São bonitas as rendas de bilros,mas bastante morosa a sua confecção.Em Peniche dá-se continuidade a esta arte existe até uma escola a funcionar e anualmente acontece uma exposição festa em que a renda é o motivo. Em Vila do Conde “idem” com a particularidade acrescida da existência dum Museu dedicado à renda de bilros,factos a aplaudir,pois tudo que seja arte entendo dever ser protegido e preservado. Esta renda é confeccionada sobre uma almofada dura,de modelo cilíndrico,e com alfinetinhos de cabeça (muitos), claro também os bilros (peça delicada de madeira) e dois espetos de metal, desenhos em cartolina fina, linha especial,mãos levesinhas e a agilidade adquire-se a pouco e pouco.


(Ao recordar a rádio e as rendas lembrei tambem “A Canção das Rendilheiras” interpretada por Luis Piçarra:

Rendilheira que teceis
As finas rendas à mão
Eu dou-vos se vós quereis
Pr´almofada o coração...

Ó vem à janela,como a noite é bela,vem ver o luar,
Linda rendilheira,deixa a travesseira,vem ouvir cantar,
Ó vem à janela, como a noite é bela, vem ver o luar,
Linda rendilheira,deixa a travesseira,vem ouvir cantar...)

(Outro folheto com excerto de livro sobre a renda de bilros de Peniche e amostra de renda. Já existia no séc. XVII, aparece renda de bilros nas pinturas de Josefa de Óbidos. Também no Brasil se tecem as "rendas da praia" com artefactos semelhantes.)

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