quarta-feira, 16 de abril de 2014

A minha ida à Bruxa em 1972

Hoje vou contar a história da minha ida à bruxa; - à bruxa, sim, não foi engano o que leram, foi isso exactamente. Desde muito novita que me interesso pelas ciências ocultas; mas elas de tão ocultas, nada se deixaram transparecer ainda. Recordo-me de em miúda ver na minha terra, quando acontecia a alguma pessoa desmaiar, na rua, logo aparecer "alguém entendido", e vai de falar ao espírito - eu muito curiosa logo me acercava, mas nada via ou ouvia que me parecesse extraordinário.
O tempo foi passando, e quando eu já era mãe de familia e a residir em Braga, ouvi a uma amiga minha, falar duma senhora, acerca dos seus atributos espíritas, pessoa formidável nessa arte. Pensei, pensei, sózinha, (pois estas coisas não se dizem) e decidi ir lá fazer uma consulta. Puz a ideia em prática, e lá fui para a paragem do autocarro, que me levaria do centro da cidade de Braga até ao sopé do Bom Jesus do Monte.
Lá chegada, tomei lugar no Funicular (elevador sobre carris) e aí vou eu monte acima. Devo dizer que apreciei imenso aquela pequena viagem; o elevador ia lotado, e subia lentamente entre arbustos verdejantes, e sensivelmente a meio cruzou com o "colega" que descia, pois funcionam em simultâneo, e a sua energia motora é a água: - quando parou, eu estava no alto, no Parque do Bom Jesus, um local lindíssimo já meu conhecido, mas não deixei de reparar uma vez mais naquela maravilha da Natureza, e que a mão do homem soube aproveitar e bem. As árvores frondosas, abrigavam do sol dezenas de passarinhos, que chilreavam sem parar, naquela tarde de verão; flores de várias côres sobressaíam da verdura dos canteiros, um socêgo enorme contrastava com o bulício da cidade cá em baixo, convidando até à meditação: atravessei o Parque e dirigi-me ao Bazar, propriedade da dita senhora. Tive de aguardar, pois dois táxis á porta, esperavam a saída de clientes, que tinham ido de Viseu a Braga, pois lá diz o ditado, que Santos de ao pé da porta, não fazem milagres... Finalmente saíram, e eu apressei-me a contactar a senhora: ela pareceu-me ter mêdo a principio, e até tentou escusar-se, mas depois lá acedeu e mandou-me entrar: foi a minha vez de ter mêdo - é que eu não receio os espíritos, mas tenho mêdo dos vivos, e na verdade eu estava ali sózinha; - mas desistir não era meu desejo, por isso fui em frente.
Depois de entrar e reparar na senhora mais de perto, e constatar que ali não estava mais ninguém, até me envergonhei por ter pensado mal. A casa era uma única sala grande, prolongamento da loja, e ela uma pessoa de estatura baixa, já decrépita, talvez à volta dos setenta anos, e a completar ainda tinha uma perna coberta por ligaduras, do pé até ao joelho, cuja causa seria uma entorse, ou pequena fractura. O aposento demasiado modesto estava em ordem e asseio, mas no ar pairava um forte odor a aguardente, e a dois passos de mim sobre um móvel, estava a respectiva garrafa;
- a pobre senhora de vez em quando regava as ligaduras com o bagaço, mas cedo constatei que ela não teria só regado as ligaduras, pois se encontrava um pouco embriagada. Contou-me a história da fractura várias vezes, mostrou-me as radiografias, disse-me os nomes dos médicos e enfermeiros que a trataram, enfim, um não mais acabar de pormenores repetidos vezes sem conta, característica típica do estado em que ela estava. Eu comecei a arrepender-me de ter ido ali...
Mas entretanto ela calou-se, e tratou então de invocar os espíritos, mas com aquele cheiro tão pronunciado a aguardente, não ouve espirito que se aventurásse...
Despedi-me, e retornei à cidade. Gostei do passeio. Quanto à minha curiosidade, também não foi desta que fiquei esclarecida.

4 comentários:

Ivone disse...

Amiga Dilita, gostei do relato, na vida é preciso conhecer de tudo, pois se não fosse lá para constatar, nunca ficaria sabendo como seria a tal "bruxa".
Valeu a experiência e o passeio que ainda bem fora bom, agradável com o esplendor da natureza, não é mesmo?
Abraços minha amiga, tenhas uma linda e feliz Páscoa!

Eloah disse...

Querida,estive ausente lidando com um vírus no meu Blog. Agora tudo resolvido, vírus deletado. Tudo volta ao normal.
Podes usar o que quiseres do Blog.Está ai para compartilhar.O bichinho é lindo.Fico feliz se copiares.

Quero-te desejar uma Feliz Páscoa!

Que continues tentando alcançar tuas estrelas. E que as palavras sejam sempre teu bem maior. Que tragam beleza, encanto e paz e que sejam o condutor de realização dos teus sonhos.

Forte abraço Eloah

dilita disse...

Olá amiga Ivone!

Valeu o passeio,é verdade; e agora recordei a Bruxinha coitada, que já deve ter partido para o Além...

Beijinho,tudo de bom.

dilita disse...

Eloah, querida,

Gostei muito de "a ver" por cá...
Eu já sabia que havia um vírus no seu blog,pronto a fazer maldades. Ainda bem que já "está morto."

Agradeço as Felicitações Pascais,e os desejos progressistas.

(irei buscar o bichinho)

Um obrigada, e um beijinho.